| Introdução
| História
Acompanharemos a aventura de Raji, uma jovem atriz de circo, que deve resgatar seu irmão, Golu, capturado por demônios que atacam a cidade que os estavam. Os demônios voltaram depois de serem derrotados e banidos pelos deuses mil anos antes, e agora pretendem destruir a humanidade de vez, liderados pelo Lorde Demônio Mahabalasura. Mas Raji não estará sozinha nessa missão, pois contará com a ajuda da Deusa Durga, e do Deus Vishnu, que a auxiliarão dando a ela suas armas divinas.
A história é contada de duas formas, a primeira sendo através de cutscenes com um teatro de sombras. Esse teatro consegue ser uma forma bastante criativa de passar informações ao jogador e ao mesmo tempo nos apresentar esse aspecto da cultura indiana, nos aproximando mais desse mundo.
A segunda forma é através da conversa entre os dois deuses, que não podem interferir diretamente com os acontecimentos do mundo humano, mas acompanham de perto a missão de Raji, e trazem comentários sobre a situação do mundo, e mais informações sobre as criaturas místicas que encontramos. Além da história principal, encontramos diversos murais com pinturas espalhados pelas fases, que representam uma lenda Hindu, que é contada pelos deuses.
A história contada, infelizmente, não é muito elaborada. Raji viaja entre diferentes templos atrás de seu irmão, e ela passa por alguns perigos, mas não há uma evolução de personagem, ou de alguma trama mais complexa se desenvolvendo. A parte mais interessante mesmo da história está nos murais, pois eles contam lendas da mitologia Hindu, com seus diversos deuses e heróis, e este é um panteão extremamente extenso e com histórias para contar.
| Caçadora de demônios
A jogabilidade se divide em desafios de combate e de plataforma. A travessia das fases é feita em um estilo que lembra os jogos de Prince of Persia, em que Raji consegue correr pelas paredes, escalar colunas, e realizar várias manobras de “parkour”.
Há vários desafios que envolvem saltar entre plataformas, utilizando das técnicas acima. Em alguns pontos, a câmera atrapalha demais e fica difícil calcular a direção dos pulos que estamos dando, levando a mortes bem frustrantes, mas o jogo é generoso com Checkpoints, e você não precisa refazer grandes porções da fase novamente.
O combate é um leve Hack ‘n Slash, em que você pode usar golpes fracos e fortes, mas não pode combiná-los para criar combos, sendo que há apenas um combo de 3 ataques para cada tipo de golpe, mas temos algumas opções que podemos aplicar para dar uma variada no combate.
Raji pode utilizar de 3 armas diferentes, um Tridente, uma Espada e um arco. Há uma quarta arma, mas ela é liberada apenas na última fase, e é usada apenas para enfrentar o boss final. Cada arma pode ter um de três elementos, Eletricidade, Fogo e Gelo, sendo que há monstros com fraquezas para cada elemento. Escondidos pelas fases, há pontos de Skill que você pode usar para melhorar cada elemento, não as armas em si.
Esses upgrades então podem ser aplicados a qualquer arma, e você pode mudar de arma à vontade durante as lutas. Os combates são bem interessantes, e Raji pode usar de suas habilidades de Parkour durante as lutas, podendo correr pela parede para dar golpes aéreos, ou escapar de algum ataque. A dificuldade é meio desbalanceada entre os monstros, sendo que alguns são bem fáceis de derrotar, e outros dão bastante trabalho, especialmente quando há vários do mesmo tipo.
Esquivar dos golpes é essencial, e variar os elementos das armas até encontrar aquela que o monstro é fraco, ajuda bastante. Quando os monstros estão com pouca vida, Raji pode utilizar um golpe de misericórdia, que drena o restante da vida deles e recupera a de Raji, super importante de se lembrar dele.
A única coisa que impede as lutas de serem mais empolgantes é o Sound Design do jogo. É algo até estranho de se falar, mas neste jogo deixa evidente o quanto o som é importante para ajudar no gameplay. O impacto dos golpes, não faz um som satisfatório, e fica aquela sensação de algo fraco, como se os ataques não estivessem conectando direito, ou que erramos. Mas é o normal dele, e nossos golpes estão sim tendo efeito, só não tem o retorno esperado.
Enquanto eu esperava um “SLASH!!!” ao acertar o golpe de espada, ele na verdade fez “tching”. E isso se repete com os monstros, e com a própria Raji, pois nenhum dos dois faz “sons de batalha” empolgantes, e os monstros não reagem sonoramente da mesma forma que reagem na animação.
| Vários Templos
Esta é a parte que Raji mais se destaca, os seus cenários. Ao longo da aventura, visitamos diversos templos Hindus, um mais belo que o outro. A atenção aos detalhes dos cenários é maravilhosa, e é onde foi concentrado o maior esforço dos desenvolvedores. A escala das construções é enorme, e como sempre começamos no alto, temos uma visão panorâmica do cenário que iremos explorar naquela fase, e há muito o que ver.
Os corredores estão repletos de estátuas, plantas e pinturas. Mesmo os que estão em ruínas, podemos ver como a natureza está tomando conta desses salões, mas que sua beleza continua intacta por baixo. A iluminação do Sol e da Lua e em suas paredes dá um ar misterioso e divino a esses lugares. Um destaque vai para a cidade de Hiranya Nagari, construída para honrar o Deus Vishnu, com suas flores de Lótus cor de rosa que iluminam o caminho, e onde podemos encontrar o Pavão Branco para dar uma volta.
A música que acompanha esses cenários, por um lado é boa, e por outro, nem tanto. Enquanto estamos explorando e resolvendo puzzles, a música ajuda muito na ambientação, sendo feita usando instrumentos indianos. O problema é quando entramos em batalha, e ela não condiz com a urgência do momento, sendo calma demais para uma música de confronto. Mais uma vez, o som do jogo não ajuda a fazer o combate ser impactante.
| Inovação temática
Raji é um game que vale bastante à pena ser jogado, pelo menos pela sua proposta de utilizar deuses, histórias, cenários e uma cultura pouco explorada na mídia ocidental. Até alguns anos atrás, a mitologia Nórdica não era tão conhecida, mas hoje em dia todos conhecem Odin, Thor e Loki, talvez por uma boa ajuda da Marvel.
Raji pode servir de inspiração para que outros criadores se utilizem dessa fonte de inspiração que são os Épicos Hindus, como Mahabharata e Ramayana, e quem sabe, futuramente, Vishnu, Brahma, Durga sejam personagens mais reconhecidos pelo público em geral.
| Conclusão
Raji é um jogo muito interessante sobre a cultura Hindu, sua jogabilidade é agradável e prende o jogador. A arte encanta e a primeira vista vai ser o principal motivo das pessoas se sentirem atraídas. A única coisa que deixa mais a desejar é a parte sonora que tira um pouco a imersão.