| Introdução
Spirits of Gaia é um jogo de quebra-cabeça narrativo atmosférico, criado pela empresa brasileira EspirArt Games. O lançamento ainda não tem data, mas você pode encontrar informações no site Game Jolt, sigam a página para acompanhar o desenvolvimento.
Conheça um pouco sobre o projeto no vídeo abaixo:
Essa entrevista foi realizada com o objetivo de criar oportunidade de outras pessoas conhecerem mais sobre esse jogo brasileiro, e também para ajudar quem tem como sonho ser desenvolvedor de jogos no Brasil.
Agradeço ao Thiago Moura por responder nossas perguntas, e com isso permitir que este post fosse realizado.
| Entrevista
Garota no Controle: O que veio primeiro, a mecânica ou temática?
Thiago Moura: Começamos com a mecânica. No início do nosso projeto, pesquisamos sobre vários gêneros e mecânicas diferentes para que tivéssemos um conhecimento melhor de nicho e de mercado. A partir daí, realizamos vários testes até chegarmos em um resultado que fosse divertido, simples e com muito potencial.
Depois que a mecânica foi definida, pensamos sobre diversos temas diferentes e decidimos por adotar a temática de espíritos por ser a que mais cativou o nosso time. Com essa decisão, acabamos por nos empolgarmos com o projeto e, com isso, adicionamos cada vez mais ideias até que chegássemos no Spirits of Gaia de hoje em dia. 😀
Garota no Controle: Que jogos inspiraram Spirits of Gaia?
Thiago Moura: A exploração e interação de personagens teve inspiração em jogos no estilo de Oneshot. Já a mecânica de personagens alternáveis e o estilo artístico, foram fortemente inspirados em Zelda Four Sword e Minish Cap.
Garota no Controle: Qual o diferencial do jogo Spirits of Gaia?
Thiago Moura: O nosso maior diferencial com toda certeza é a nossa narrativa e personagens carismáticos. Nós estamos trabalhando duro para criar um mundo vivo e intrigante junto de uma narrativa envolvente que possa trazer o máximo de desenvolvimento e momentos únicos para os personagens. Com isso, criaremos uma experiência única e memorável para os nossos jogadores.
Garota no Controle: Qual o tamanho da equipe de vocês?
Thiago Moura: Somos constituídos por 5 membros. Nosso time trabalha com múltiplos papéis no desenvolvimento do Spirits of Gaia, então, somos uma equipe bem flexível.
Garota no Controle: Quais as principais dificuldades encontradas para desenvolvimento e para conseguir que o jogo fosse publicado?
Thiago Moura: Com toda certeza foi a adaptação do trabalho presencial para o Home Office. Com a chegada do Coronavírus, tivemos que nos adaptar a um estilo de trabalho que não éramos acostumados. Isso gerou vários contratempos como falha na comunicação, problemas em equipamentos pessoais e membros que tiveram o seu tempo de trabalho reduzidos por terem que ajudar suas famílias. Felizmente pudemos evoluir muito com essa experiência e agora conseguimos lidar melhor com essas dificuldades, então digo que passar por elas, valeu muito a pena.
Garota no Controle: Pretendem lançar outros jogos?
Thiago Moura: Claro! Pretendemos lançar outros jogos após término deste projeto, até pensamos em fazer continuações do Spirits of Gaia, mas isso com certeza só será possível dependendo da recepção dos nossos jogadores.
Garota no Controle: Qual foi o maior aprendizado que você gostaria de passar para outras pessoas, sobre produzir o próprio jogo?
Thiago Moura: Com toda certeza o maior aprendizado foi o foco em marketing e na comunidade desde o começo. Pode parecer que não é tão relevante, mas introduz todo um diferencial para que o jogo não seja só mais um jogado nas lojas digitais, sem destaque nenhum. Compartilhar novidades, interagir com jogadores e com a comunidade, traz benefícios enormes para o seu projeto como a divulgação boca a boca, feedback de diversos jogadores e hype para o seu jogo.
Garota no Controle: Sobre mulheres na área de desenvolvimento de jogos, o que você tem a comentar sobre isso?
Thiago Moura: Ainda há poucas mulheres ativas nos projetos de jogos em comparação a números de homens, mas, felizmente, é uma realidade que pouco a pouco está começando a mudar e a se equilibrar.
Atualmente, há muitos incentivos para o ingresso no mercado de jogos, como vagas exclusivas em algumas empresas e eventos como a Women Game Jam. Porém, mesmo com essas oportunidades, muitos profissionais sofrem discriminação apenas pelo seu gênero e não pela sua competência profissional. Isso é algo que acaba desmotivando muitos jovens, o que influencia a não quererem continuar no mercado de jogos. Contudo, as mulheres vêm demonstrando um potencial gigantesco, assumindo uma postura profissional e alinhada ao objetivo da profissão, ganhando mais respeito e espaço no mercado de jogos.
Garota no Controle: Que mensagem você gostaria de passar para aqueles que querem desenvolver jogos no Brasil?
Thiago Moura: Não trate o seu jogo como um filho! Tenha consciência que o seu jogo é um produto feito para outras pessoas. Não tenha vergonha de mostrá-lo e receber feedbacks, aceitar críticas e, até, ter que modificá-lo ou cancelá-lo caso se mostre um projeto inviável comercialmente.
Para evitar dor de cabeça a longo prazo, recomendo que se faça uma pesquisa de mercado e montagem de diversos protótipos antes da produção do game. Com isso, torna-se possível ter um conhecimento prévio sobre a existência de um público alvo para o seu projeto, saber se a mecânica base realmente é interessante, com a experiência prática, ou se o projeto deve ser modificado ou descartado. Tal estratégia garante que horas de produção não sejam jogadas fora com um projeto que não tenha futuro.
Garota no Controle: Para vocês, é possível viver de jogos no Brasil?
Thiago Moura: É possível sim, mas é preciso ter mentalidade profissional e conhecimento de mercado para que isso seja possível. Viver de jogos é um trabalho, assim como todos os outros, e deve ter foco na geração de lucro. Ninguém consegue sobreviver por muito tempo com a carteira vazia, por isso, é preciso que os jogos sejam produzidos visando um público alvo pagante (não apenas aquilo que agrade os desejos pessoais do desenvolvedor).
O nosso time, ainda, não vive exclusivamente da produção de jogos. Porém, estamos trabalhando duro para que esta seja a nossa realidade no futuro próximo. Não vamos desistir e sabemos que muitos Devs do nosso país também não irão, essa é nossa meta! Força Devs!