| Introdução
Animal Crossing: New Horizons é o novo jogo da franquia Animal Crossing. Lançado em 20 de março 2020, em menos de 3 meses já vendeu mais de 13 milhões de unidades, sendo um dos títulos mais bem-sucedido na plataforma Nintendo Switch. O jogo é desenvolvido pela própria Nintendo, seu gênero é considerado Casual/Simulação.
Ao começar o jogo, somos representados como um novo morador de uma ilha deserta, habitada inicialmente por apenas dois animais. Estes animais falam, vestem roupas, fazem exercícios, comem, mandam cartas, fazem aniversário, entre outras coisas. Ou seja, o comportamento deste jogo é antropomorfizado. Eles são chamados de Villagers, e cada um pertence a uma espécie de animal e possui uma personalidade diferente.
O principal objetivo do jogador é evoluir sua ilha. Para isso ele deve trabalhar para conseguir novos moradores, enfeitá-la com diferentes plantas e objetos, e finalmente conseguir com que K.K. Slider, o cachorro cantor, venha fazer um show em sua ilha.
| Jogabilidade
Uma das principais características que você perceberá ao iniciar o jogo é que o tempo se passa igual ao nosso, ou seja, se são 16:30 agora para mim, será para os Villagers também. Isso gera algumas consequências interessantes. Se você jogar às 22:00, podemos ter moradores já dormindo, ou se você for à casa de um deles às 6:30 podem não ter acordado ainda.
Outra relação com o mundo real são as estações. A estação do seu continente é refletida no jogo. Então se for primavera, mais flores surgirão, e se for outono as folhas ficarão marrons. Fica claro aqui que essas escolhas de refletir o mundo real no mundo do jogo, dá uma maior sensação de imersão.
New Horizons tem 393 variações de Villagers, cada um com uma das 35 espécies e 8 personalidades existentes. Inicialmente o jogo nos permite ter dois Villagers. Esse número pode aumentar até um total de 10. Uma das formas de conseguir novos habitantes é quando um visitante vem acampar na sua ilha, então podemos conversar com ele e convidá-lo a se mudar.
O jogo também permite que visitemos outras ilhas através de bilhetes para voar, chamados de Nook Miles Ticket, e lá podemos conhecer novos personagens e convencê-los a ir para nossa ilha. No decorrer do jogo é permitido colocar terrenos a venda, mas nesse caso não saberemos quem será o novo habitante.
Cada habitante tem sua casa, e cada casa tem itens diferentes. Podemos colaborar dando presentes para melhorar o ambiente em que eles vivem. No dia a dia, poderemos ver os moradores com as mais diversas reações e conversando com nosso personagem ou outros Villagers.
A compra de itens no jogo permite que melhoremos o ambiente interno ou externos das casas. Esses itens podem ser comprados na loja Nook Cranny, cair do céu em balões que estouramos, por meio de presentes de outros moradores e até mesmo através de crafting.
Na loja Nook Cranny, os itens disponíveis à venda variam todos os dias. Quando compramos um, ele fica catalogado, e com isso podemos comprar mais depois por meio do Nook Shopping sem precisar esperar que estejam disponíveis na loja novamente. Além de itens, temos a venda de turnips que funciona como uma bolsa de ações dentro do jogo.
Aos domingos, você escolhe comprar uma quantidade de turnips e durante a semana o valor desta pode subir ou cair. Se escolhermos vender quando o valor for maior que pagamos, teremos lucro, caso contrário, prejuízo. As turnips têm o prazo de uma semana para serem vendidas, senão elas estragam e acabam não valendo nada.
Para conseguir o dinheiro do jogo, chamado Bells, podemos vender diversos itens que conseguimos na ilha. Peixes, frutas, conchinhas, insetos, fósseis, plantas, entre outros. Com esse dinheiro, podemos aumentar o tamanho da nossa casa, e cada nova parte tem um valor a ser pago para o Tom Nook.
Ao final da última expansão, teremos 6 cômodos, 4 no térreo, 1 no sótão e 1 no porão. Além de Bells, existe outro dinheiro no jogo chamado Miles, que conseguimos ao realizar desafios diários. Com essas Miles conseguimos comprar itens que não são encontrados na loja comum, além de receitas de crafting, e conseguir o tíquete para visitar outras ilhas.
Outro aspecto interessante do jogo é o Museu. Neles temos uma ala para mostrar peixes, outra para insetos, e uma última para fósseis. Esses itens você consegue realizando diversas atividades no jogo. Os peixes pescando, os insetos espalhados pela ilha, e os fósseis enterrados. É bem interessante que cada um desses itens podem ser doados para Blaze, a coruja responsável pelo museu, e ficam à mostra em cada ala. É uma forma de incentivar colecionáveis bem satisfatória.
Animal Crossing apresenta um número bem variado de eventos. Desde evento de Páscoa, desafio de pescas, dia do museu, chegada da primavera. Estes são sempre acompanhados de missões que nos premiam com recompensas temáticas. Por exemplo, na Páscoa, quando pescávamos ou colhíamos frutas, era possível encontrar diferentes tipos de ovos. Esses ovos podem ser usado para fazer craft de diferentes itens com temática de páscoa.
Bem, agora vamos aos problemas que encontrei na jogabilidade. Animal Crossing tem vários problemas de interface. Se quisermos fazer craft do mesmo item mais de uma vez, temos de repetir o processo várias vezes. Isso é chato, pois poderia ter uma opção de quantas vezes queremos criar o item desejado.
Na compra de itens, também é necessário fazer a ação de comprar repetitivas vezes, caso queira mais de um item. Para vender itens, se tenho 10 maçãs e quero vender apenas 2, não encontrei como fazer isso, ou existe e é uma forma bem escondida, ou é um erro bem cruel de design. Uma boa interface dá opções claras ao jogador, e considero graves esses erros. Qualquer boa interface oferece essas opções.
Outro problema. Existem retornos às ações do jogador que são estranhas. Por exemplo: ao estourar um balão em cima de uma plantação de flores, ao cair o presente some. Provavelmente isso ocorra por uma decisão de desenvolvimento. Como não tem onde o presente cair, devido às flores, ele apenas some. Em outro caso, se você planta uma árvore frutífera no meio das flores, quando a balançamos as frutas não caem. Novamente, o motivo deve ser que não tem onde cair. As decisões dessas reações às ações realizadas pode deixar o jogador confuso e frustrado.
Em relação às escolhas do jogo, existe uma grande variedade de Villagers e muitas pessoas querem alguns Villagers específicos, para montar a ilha perfeita. Mas, como os moradores que aparecem são aleatórios, pode acontecer que você nunca consiga o qual gostaria de ter. Porém, existe uma solução. Os jogadores podem comprar cartões com o personagem que desejam e depois o colocam no jogo. Essa é uma solução bem mercenária, na minha opinião. É basicamente vender personagens como DLC.
| Arte
A arte do jogo é muito bonita, consegue cativar e passar a tranquilidade. No início a ilha vazia faz você se sentir solitária. Então, apenas com o plantar de uma flor e ver o seu crescimento, o sentimento de melhoria e esperança surgem. Esse sentimento se repete com vários pequenos detalhes, como pescar um pedaço de lixo e fazer um craft para tornar algo melhor, como um vaso de flores.
O impacto visual e de sentimento vão fazendo com o que o jogo te cative com coisas pequenas. Talvez o maior motivo de Animal Crossing ser tão viciante, seja justamente essa: a sensação do jogo de que tudo tem como melhorar.
A sua ilha está melhorando a cada simples ato seu, como pegar um peixe, um inseto ou um fóssil. No Museu todos os insetos, peixes e fosseis coletados e entregues para o Blaze estarão em exposição, e novamente a arte foi tão bem desenvolvida e consegue passar uma tranquilidade tão grande que poderíamos passar o dia todo apenas ali, admirando cada um dos itens. Além disso, o fato de ficar tão bonito contribui e muito para continuar a conseguir cada um dos itens, e a sensação de dever cumprido surge.
Até mesmo os Villagers são feitos com um cuidado que sua personalidade é facilmente expressa pela sua aparência. Suas casas também refletem muito sobre cada um deles. Muitas vezes apenas uma expressão (reaction) simples pode fazer com que um sorriso surja em nosso rosto, ou até mesmo nos faz dar risadas. Isso acontece porque a arte se conectou muito bem com o que queria passar para o usuário.
O jogo oferece ferramentas para personalizar as estampas dos objetos como você desejar, permitem o uso da criatividade e criação de itens maravilhosos. Isso enriquece ainda mais o jogo e aqui sentimos a sensação de liberdade, pois podemos criar itens com gostos pessoais e, mais do que isso, compartilhar com pessoas. Novamente passa a sensação de estar fazendo algo bom, não só a você, mas para outras pessoas também.
| Trilha Sonora
A trilha sonora, assim como a arte, consegue passar muito bem para o jogador as sensações que o jogo remete: tranquilidade, relaxamento, serenidade. Porém, é uma trilha sonora sem nenhuma melodia que considero memorável. Ou seja, podemos dizer que é funcional, mas esquecível.
| Inovação
Animal Crossing é um jogo muito relaxante e divertido, fazendo bem o que ele se propõem a fazer. Analisando para o lado da indústria de jogos, acredito que o título pouco proporciona para evolução dos videogames.
A ferramenta de criação de estampas para itens é o maior diferencial que notei entre os jogos que já joguei. Já comparando com o que o jogo anterior da franquia, Animal Crossing: New Leaf, havia feito no 3ds, acredito que o adicional foi muito pequeno.
Basicamente as mudanças foram inclusões do craft e a ilha que vamos explorar ser randômica. Mas acredito que a característica mais marcante do jogo é ter o mesmo horário e estação do jogador, ou seja, vivemos no mesmo tempo/momento, mas isso era algo que os títulos anteriores já faziam.
| Conclusão
Animal Crossing nos deu uma vida virtual, na qual tudo depende de nós, e as coisas ali funcionam com o tempo de nossa realidade. Essa realidade virtual vai nos dar novos amigos, objetivos e uma vida bem diferente da nossa.
O seu mundo cheio de vida e do calor dos seres vivos, ajudou a muitos a superar a pandemia, na qual passamos a maior parte do tempo longe de tudo que amamos e em um mundo no qual não temos controle algum.