| Introdução
Surgeon Simulator 2, lançado no dia 27 de agosto para PC, é a continuação do aclamado jogo de “Simulação” de 2013, que te coloca no papel de um cirurgião com uma péssima coordenação motora.
Aqui, você deve realizar diversas cirurgias, e tentar manter seu paciente vivo, se é que alguém sobreviveria a essas cirurgias, mas não vamos nos atentar a realismo aqui, afinal, esta simulação está mais próxima de Goat Simulator do que Flight Simulator. Esta análise foi realizada com uma cópia do jogo para PC, via Epic Games, cedida pela Thunder Lotus Games.
| Gameplay
Jogar Surgeon Simulator é extremamente frustrante, mas, ao mesmo tempo, divertido. Frustrante, pois nada nesse jogo é fácil de se fazer. O simples ato de tentar pegar um objeto exige uma grande dose de concentração, esforço, e coordenação motora.
Mas é divertido, pois essa dificuldade gera situações muito engraçadas de você arremessando coisas, derrubando tudo, e sendo um grande atrapalhado nas salas de cirurgia. Utilizando uma analogia, você se sente como um bebê de um ano, que não tem ideia de como seus braços funcionam direito, nem tem noção de profundidade, e ainda tem que cuidar de um ser humano.
Muita pressão.O foco de todo o gameplay está em utilizar o braço e a mão do personagem. Aqui você pode esticar e recolher o braço, e mudar a posição da mão. Diferente do primeiro jogo, aqui você não precisa controlar individualmente cada dedo, então já facilita um pouco, mas agora você precisa andar pelas salas de cirurgia, e procurar onde estão as ferramentas (e parte do corpo) necessárias para cumprir os objetivos.
Esses objetivos envolvem realizar cirurgias no paciente, como trocar órgãos e cortar braços e pernas fora e encaixar outra no lugar. Para isso você tem alguns equipamentos à disposição, como martelos e bisturi. Essas ações causam sangramento, e você deve controlar o nível de sangue do paciente usando de injeções, uma que adiciona sangue, e outra que estanca esses sangramentos.
O jogo é bem relaxado nas condições de sucesso. Em uma das missões, eu precisava fazer transplante de coração. Peguei o martelo para quebrar as costelas, arranquei os dois pulmões (que ficaram jogados pelo chão, pois sou desorganizado) para ficar mais fácil chegar ao coração, e coloquei um novo de qualquer jeito no lugar. Isso contou como sucesso, já que o próprio jogo explica que você só precisa colocar o órgão novo no lugar, manter os outros é opcional.
Cada fase vem com algumas condições extras, como fazer o paciente perder um máximo de sangue, ou terminar a fase em determinado tempo. Cumprir esses desafios libera opções de customização do personagem. Aqui temos 4 personagens para escolher, e podemos mudar seu uniforme, colocar um chapéu ou vestir uma luva. A luva é o que você passará mais tempo vendo, então é o cosmético mais importante.
| Multiplayer
Outra novidade dessa versão é o seu modo Multiplayer, onde até 4 pessoas podem se unir para realizar as missões. O design das salas de cirurgia deixa claro que esse é o foco principal do jogo. Como eu disse acima, as salas são grandes, e os itens ficam espalhados em diferentes cômodos.
Algumas salas precisam ser destrancadas resolvendo um pequeno puzzle, e é constante a correria de ida e volta entre elas. Jogando com mais pessoas, se seu grupo conseguir se coordenar, é possível fazer as operações muito mais rápido, com um player cuidando de realizar a cirurgia, e outros cuidando de pegar as partes necessárias.
Assim como em outros jogos nesse estilo, por exemplo, Overcooked, o Multiplayer é uma experiência mais divertida do que o single player. Este é um jogo de comédia, e as trapalhadas com os controles são inevitáveis, o que leva a muitas situações engraçadas. Com várias pessoas correndo de um lado para o outro, carregando órgãos e braços, cria situações absurdas, uma atrás da outra.
Falando de modo online, também temos uma ferramenta de criação de fases, onde você pode soltar toda sua criatividade mórbida, criando as salas menos eficientes possíveis para uma cirurgia, priorizando o caos ao invés da saúde de seus pacientes.
Na verdade, o objetivo de realizar uma operação é opcional, e você pode fazer o que quiser com esse editor. Há até uma competição ocorrendo agora que premiará com $1000,00 as melhores criações. Essas salas podem ser compartilhadas para outras pessoas jogarem e votarem, ao melhor estilo Mario Maker.
| Inovação
O primeiro jogo começou uma leve revolução nos games, sendo o pioneiro do gênero “Simulator”, abrindo espaço para outros simuladores cômicos, como Goat Simulator e I Am Bread, com propostas de simular coisas cada vez mais malucas. Não acredito que esta nova entrada causará o mesmo impacto.
É uma evolução do conceito original, sendo maior e melhor em quase todos os aspectos, incluindo um Multiplayer que é muito bem-vindo, já que jogos de comédia assim são bem melhores com os amigos, mas não apresenta nada de novo. É bom no que se propõe, mas não chega a ter um grande destaque.
| Alguns poréns
A jogabilidade de Surgeon Simulator é muito divertida, e sua ferramenta de criação é realmente robusta, mas acredito que o jogo peca em alguns pontos. As músicas desse jogo são extremamente repetitivas, e não muito criativas.
Servem para dar o tom de comédia, mas cansam fácil e logo você esquece que elas existem, exceto quando o loop dela reinicia, e você percebe que ela vai começar a tocar de novo. A impressão que tive é que era apenas uma música para todas as fases, de tão parecidas que elas eram.
O modo história tenta te mostrar um mistério acontecendo, com uma narradora te guiando pelas salas e fazendo piadas, mas o texto não estava tão engraçado. A comédia física das cirurgias é muito melhor do que as piadas faladas.
Do lado técnico, os loadings desse jogo são bem maiores do que o esperado. Demorei mais de 5 minutos para conseguir iniciar o tutorial, entre clicar para abrir na Epic Store e aguardar pelas telas. Entre as fases, esse é um problema que se atenua, demorando poucos segundos para carregar, mas essa primeira demora é bastante incômoda.