| Introdução
| Jogabilidade
A história do jogo te coloca na pele de uma criatura que está escapando de um laboratório secreto. Este laboratório é cheio de corredores a explorar, dutos de ventilação para se esgueirar, e humanos para matar. Alguns desses humanos são cientistas indefesos, enquanto outros são soldados armados que querem acabar com você.
Apesar de os inimigos serem criaturas frágeis, e você conseguir matá-los com seus tentáculos facilmente, eles ainda representam perigo, pois conforme você avança, os seguranças com pistolas são substituídos por soldados do exército com metralhadoras e escudos de choque.
Carrion é um jogo extremamente agradável de se jogar. Pode ser uma afirmação meio estranha, considerando que você controla uma criatura amorfa, feita de carne, dentes e tentáculos, mas a forma como essa criatura se move pelos túneis e tubulações é de uma fluidez pouco vista antes.
Você pode se mover por toda superfície, subindo paredes e se pendurando no teto, com uma alta velocidade. Não é preciso se preocupar em buscar apoios, pois a criatura joga seus tentáculos para se grudar em qualquer coisa relativamente próxima, tornando divertido o simples ato de se mover.
Por ser um monstro bem “elástico”, você pode se espremer por diversos caminhos apertados, criando situações dignas de filmes de terror.
| Terror na ponta dos tentáculos
Imagine a cena: dois soldados em um corredor. Ambos armados e tensos, sabendo que há uma criatura rondando pelo laboratório, que já matou dezenas de seus conhecidos. Eles ouvem um som de algo passando pelos dutos de ventilação acima deles. Eles param, ouvindo.
Há um rugido vindo mais à frente no corredor. Eles decidem agir, e começam a atirar para cima na direção do rugido, sem saber se estão atingindo alguma coisa. Depois de descarregarem suas armas, o silêncio. Sem perceber, um tentáculo agarra um dos soldados pelo pescoço, e o puxa para cima.
Gritos, tanto do soldado morrendo sendo triturado pela criatura, quanto do seu companheiro, que tenta atirar para cima novamente enquanto corre, em vão. Antes de chegar na porta, a criatura desce da tubulação.
Vermelha, sem uma forma definida, com mais bocas e dentes do que seria necessário, e tentáculos a prendendo na parede e segurando uma perna, se arrastando em direção ao pobre soldado. Ela então pula e ataca.

Este é um exemplo de cena que você mesmo pode criar no Carrion. A jogabilidade, e a dificuldade dos inimigos, te incentiva a agir de forma sorrateira. A vida do monstro é relativamente pequena, e enfrentar um soldado de frente certamente fará com que você tome algum dano, especialmente quando eles começam a aparecer com um escudo elétrico, que te impede de agarrá-los pela frente.
Jogar de modo Stealth então é o mais indicado, além de ser o mais divertido, pois cria as situações descritas acima. Para matar pessoas, você pode devorá-las, agarrá-las e bater contra a parede, ou jogar objetos. Para recuperar vida, basta comer suas vítimas.
Ao decorrer do jogo, você vai ganhando mais habilidades, como uma investida e a habilidade de se dissolver na água para superar barreiras. Essas habilidades ajudam na parte metroidvania do game, pois existem muitas áreas que estão trancadas e inacessíveis no começo, que vão se abrindo conforme você cresce e evolui.
Explorar esses túneis pode ser confuso, pois não há nenhum mapa ou bússola apontando para onde você deve ir. No entanto, o próprio cenário te guia para o caminho certo, pois estão espalhadas placas apontando para a saída, que serviriam para orientar os trabalhadores do laboratório, mas são úteis para o monstro encontrar seu caminho para o mundo externo.
A falta de um mapa ou alguma forma de guia, pode acabar frustrando em certos momentos que você fica perdido sem saber exatamente para aonde ir. Mas, como estamos controlando um monstro, não faz muito sentido ter um mapa ou bússola, e o tamanho pequeno dos mapas deixa mais rápido o backtracking e reexplorar áreas anteriores.
| Ambientação Pixelada
A arte do jogo é toda em Pixelart, e eu diria que até com poucos detalhes, com cenários e personagens difusos e difíceis de se entender. Mas não considero isso um ponto negativo. Boa parte do que faz um bom terror é você não conhecer o monstro.
Filmes como Tubarão ou Alien, escondem a ameaça, mostrando apenas de relance, durante boa parte do final, e você só consegue dar uma boa olhada no que esteve ameaçando os protagonistas nos momentos finais da história.
No caso de Carrion, apesar de vermos o monstro o tempo todo, o Pixelart ainda passa essa ideia de que você não consegue entender por completo a forma da criatura, dando aquela sensação de desconforto até o final. O seu design é digno de um Horror Cósmico Lovecraftiano.
O design de som ajuda bastante na ambientação. A criatura faz um som gosmento desconfortável ao se mover, deixando um rastro de sangue por onde passa. Sua respiração causa um leve ruído, como o de um predador à caça. As portas que abrem rangem. Um ponto curioso é que, apesar de o jogo não ter nenhum diálogo falado, há mais de 10 pessoas creditadas como dubladores.
Tudo isso para criar os mais variados gritos e sons de dor e desespero para os humanos. A música é perfeita para acompanhar essa ambientação, criando um pesado clima de tensão. Lógico que, como você é o monstro, a música não irá causar o efeito de medo, mas se colocada em uma obra mais tradicional, em que você é o humano caçado, certamente causaria um frio na barriga.
| Diferencial
| Conclusão