| Introdução
| Mais realista, só na aparência
Quando criança, adorava jogar Tony Hawk’s no playstation 1. Com certeza, seu grande atrativo era os combos mirabolantes de manobras em sequência que conseguíamos encadear, e suas fases abertas cheias de possibilidades.
O jogo nos colocava em um grande playground para explorar e encontrar seus segredos e seu pontos para fazer manobras especiais, juntando muitos pontos.
Conseguimos realizar saltos a alturas impossíveis, grinds extensos, e manobras complexas uma atrás da outra, manobras que profissionais passam anos treinando para fazer apenas uma vez, como o famoso 900. Resumindo, o prazer desse jogo advinha da fantasia de ser um super skatista.
Uma de minhas grandes preocupações quando anunciaram esse remake, foi a possibilidade de tentarem atualizar demais o jogo, torná-lo mais realista do que o necessário. Realismo é algo bastante alardeado em muitos jogos, como Gran Turismo, Call of Duty, e o ultra-realista e minuciosamente detalhado Microsoft Flight Simulator, cujo marketing mostra o quanto eles simulam a vida real e interações físicas complexas que te imergem no mundo para você se sentir dentro dele.
Recentemente, um game de skate com essa proposta de ultra-realismo foi lançado, o Skater XL, que é um simulador de skate que te dá um grande controle para fazer manobras. As primeiras imagens mostravam os novos visuais e exaltavam o nível de detalhes dos skatistas e das suas pistas, mostrando gráficos realistas.
Mas imitar a vida real nunca foi nada que os jogos do Tony Hawk’s quiseram passar perto, e a equipe de desenvolvimento da Vicarious Vision, felizmente, teve essa visão, e não extrapolou o realismo para além dos gráficos. Este remake manteve a jogabilidade arcade dos jogos de playstation 1, te dando o poder de ser o melhor skatista do mundo, capaz de manobras sobre-humanas.
| Brincando de Super Skatista
Como no original, existem diferentes fases, e cada um vem com um conjunto de missões a realizar. Temos que fazer uma certa quantidade de pontos, coletar as letras da palavra SKATE, coletar 5 itens temáticos, interagir com 5 objetos do cenário, achar a fita secreta e realizar uma manobra específica.
Todos os cenários dos dois primeiros jogos retornam, e estão fantásticos com os gráficos do Playstation 4, ficando ainda melhor de explorar cada canto buscando pelas áreas secretas.
O feeling do jogo está incrível, com o movimento dos personagens naquele ponto perfeito entre o que é realista, e o que é divertido. É interessante ver essa dinâmica, quando se presta atenção nos detalhes. É possível ver como os pés de braços do personagem se ajustam de forma realista para realizar uma manobra, como as pernas se movem para fazer o skate girar de uma certa forma.
Ao mesmo tempo, há uma transição repentina quando encadeamos manobras em cima de um corrimão, e a forma impossível como o skate continua voltando para o nosso pé, mesmo fazendo diversos flips no ar ao saltar de uma rampa. É simplesmente divertido.
Para “skatear” pelas fases, podemos escolher entre os 13 skatistas originais, ou um dos 7 novos, todos baseados em profissionais reais, que emprestaram sua aparência para aparecer no jogo. Cada personagem tem uma combinação de status, como velocidade, altura do salto, equilíbrio, etc., que podem ser melhorados coletando pontos de atributo que estão espalhados pelas fases.
Também é possível personalizar as manobras especiais do personagem, podendo escolher 5 entre algumas dezenas de opções para se realizar nas rampas, nos grinds, no ar e no solo. Se nenhum dos Skatistas profissionais lhe agradar, também foi adicionado um criador de personagem, para você criar seu próprio atleta. Há diversas opções de rostos, penteados, tatuagens e roupas.
Conforme joga e cumpre as missões, você recebe dinheiro para gastar na loja e comprar novos shapes, roupas e acessórios para o seu personagem. Falando em missões, isso está relacionado a uma das maiores mudanças em relação ao original.
| Muuuitas missões
Muuuuitas mesmo, que pode ser um ponto positivo, ou negativo, dependendo da sua visão. Este remake adicionou um sistema de Níveis para sua conta, que você evolui conforme realiza missões e ganha experiência e dinheiro. Além das missões básicas de cada fase, presentes nos jogos de PS1, há diversos desafios específicos para cada personagem, que geralmente envolvem realizar alguma manobra específica, ou um combo com certa pontuação.
A maioria você cumprirá naturalmente só por jogar, como eu que zerei com o Tony Hawk, faltando apenas 4 missões de um total de 25. Algumas missões são dedicadas para aqueles que são gamers “hardcore” mesmo, como realizar um total de 10 horas de grind (zerei acumulando 20 minutos!), um verdadeiro Grind.
Isso aumenta e muito o tempo de jogo, que pode variar entre 8 e 800 horas, dependendo do quanto você quer completar. Cumprir as missões padrão, e zerar do jeito que se zera a versão de PS1, é rapida e pode ser feita em um final de semana, mas fazer todos os desafios, e zerar platinando, vai demorar bem mais.
Quem é ‘complecionista’ e gosta de platinar jogos, com certeza isso agradará e muito, pois vai ter muita coisa para se fazer. Para quem não é tão fã, esse sistema chega a atrapalhar em alguns pontos, principalmente no que diz respeito a utilizar novos personagens.
Os pontos de atributo que você consegue só pode ser usado em um personagem, e se quiser testar outro, terá que coletar estes pontos tudo novamente, o que dá uma desmotivada se você já andou algumas fases com um personagem.
Você não precisa cumprir as missões sozinho, podendo usar o novo modo online para competir com todo o mundo. Há diversas modalidades de partidas online, indo desde a competição por posições em um leaderboard mundial, até competições mano-a-mano, em que você mais um jogador competem na mesma fase por pontos. E essas fases não precisam ser as básicas do game, pois, ele também conta com uma robusta ferramenta de criação, onde você pode soltar a imaginação e compartilhar suas criações com o mundo.
| Belo Update
A direção de arte do jogo conseguiu encher os cenários de vida. Para todo canto que você olha há algum detalhe a se observar. Grafites e arte de rua é o que não falta, especialmente na fase “Venice Beach”, cujas paredes estão lotadas de desenhos de cores vibrantes. Há muito o que se ver, explorar e admirar nessas fases.
A iluminação do Sol batendo nas rampas e corrimões, a chuva caindo do lado de fora do ginásio, os belos desenhos nos skates e estampas das camisas completam o pacote de detalhes.
A trilha sonora retorna com várias adições, em especial uma do Charlie Brown Jr., que dá uma bela animada quando toca, que além de ser uma boa música combinando com a temática, ainda dá aquela massageada no ego de saber que os “gringos” também estão ouvindo música brasileira.