| Introdução
| História Viva
Como já é esperado da série, o jogo se passa em algum período histórico notável, neste caso são as invasões dos povos nórdicos à Inglaterra no final o século IX. Tomamos controle de Eivor, um guerreiro nórdico que parte numa expedição com seu clã para tentar conquistar um pedaço dessas terras. Uma diferença neste jogo, é que Eivor pode ser homem ou mulher, no começo temos a opção de escolher ficar como um dos gêneros durante toda a campanha, ou podemos deixar o Animus(a máquina que cria as simulações) escolher qual dos dois se encaixa melhor no momento da história. Então, ao invés de termos dois personagens distintos, temos apenas um que vai se alterando conforme a história avança, e narrativamente a diferença entre os dois são pequenas.
A história é dividida em dois momentos. O primeiro, se passa na Dinamarca, e mostra Eivor e seu clã participando de batalhas entre os reinos nórdicos, onde somos apresentados a alguns personagens que aparecerão durante toda a história, como Sigurd, irmão adotivo de Eivor, e os dois membros da ordem dos Assassinos, Haytham e Basim, que servem como ponte para ligar os assassinos aos Vikings. Após alguns dramas envolvendo reis, linhas de sucessão e disputas territoriais, Eivor e Sigurd decidem reunir alguns homens leais e tentar a sorte na Inglaterra. Este país já é conhecido dos Vikings, sendo que as expedições de Ragnar Lothbrok já a alcançaram anos antes, e agora seus filhos estão lá trabalhando para criar assentamentos e solidificar a presença do povo Danês na nova terra.
Partindo da Noruega e chegando na Inglaterra é quando o jogo realmente começa. Partindo de um vilarejo pequeno e sem graça, será seu trabalho buscar alianças com outros comandantes nórdicos, como os filhos de Ragnar, combater os lordes Ingleses que tentarão te expulsar, e saquear vilarejos e monastérios em busca de riquezas e materiais para expandir sua base e criar um lar para o seu povo nessas terras férteis e promissoras.
Viajar por esses dois continentes é algo mágico. Os mundos de Assassin’s Creed são sempre muito bem trabalhados e cheios de detalhes, e Valhalla continua com esse bom trabalho. É fantástico andar pelos vilarejos e castelos, tanto inglesas quanto danesas, observar seus habitantes, suas casas, e admirar as vistas dos diferentes continentes. No lado da Noruega, podemos subir ao topo de grandes montanhas nevadas e admirar a aurora boreal, e na Inglaterra, podemos escalar as torres mais altas de igrejas e castelos, e observar os grandes campos e florestas que estendem até perder de vista. Um detalhe que gosto muito, e que ajuda na imersão, é o fato de que os moradores desses vilarejos falam as suas línguas natais. No caso dos Vikings, era de se esperar que eles falassem uma língua de difícil compreensão para nós, mas os Ingleses também falam um idioma desconhecido. Apesar de falarem inglês, este é um inglês de mil anos atrás, então é completamente diferente do que temos no mundo moderno, um toque bastante interessante.
Embalando a exploração e batalhas, temos uma trilha sonora bastante empolgante, sendo composta por Jesper Kyd, o mesmo que compôs as trilhas para o primeiro Assassin’s Creed, e para toda a saga de Ezio. É uma bela mistura de cantos de batalha Vikings e músicas mais calmas que nos transportam para esse período histórico.
| Pilhando a Inglaterra
Há muita coisa a se fazer em AC:Valhalla, desde caçar tesouros escondidos, realizar missões secundárias e trabalhar em complôs para derrubar reis. Primeiramente, o jogo é um RPG de mundo aberto, onde seu personagem ganha pontos de experiência e sobe de nível, aumentando seus pontos de poder. O mundo é dividido em diversas áreas, cada uma com um nível de poder recomendado. A primeira área que visitamos, onde é criado o assentamento, tem um nível recomendado de 20, mas viajando um pouco para o sul e nos deparamos com uma área de nível 340, a mais alta do jogo. Não há nenhuma barreira física que nos impeça de ir lá visitá-la desde o começo, apenas o fato de que você passará 1 hora batendo no soldado mais fraco até conseguir matá-lo.
A própria campanha irá te guiar para as áreas em ordem crescente de poder. Cada área tem uma historinha própria, que envolve você conhecer os comandantes nórdicos daquela região, e ajudá-los a resolver algum problema, como depôr um rei problemático, e colocar no lugar outro que esteja mais disposto a convencer o próprio povo a cooperar com o seu. É uma campanha extensa, que vai te levar em torno de 60 horas para cumprir, mais se você quiser buscar pelos tesouros escondidos e fazer as atividades extras.
A exploração de AC:Valhalla tenta fazer algo um pouco diferente desta vez. Ao invés de termos dezenas de ícones diferentes para cada atividade disponível no mapa, foi tudo simplificado para pontos coloridos que representam o tipo de coisa que você pode encontrar. O que é interessante nesse sistema, é que você não tem certeza do que irá encontrar até chegar perto do ponto. Como há uma certa variação do que você encontrará, ainda há um certo mistério que incentiva a exploração.
Temos pontos dourados, azuis e brancos. Os dourados representam tesouros, que podem envolver peças de equipamentos raros, metais preciosos para fazer upgrades em equipamentos, algum guerreiro campeão inglês, ou livros de habilidade. Os pontos azuis representam mistérios, aqui você encontrará principalmente eventos de mundo, que envolvem uma missão curta cuja variedade de situações inesperadas impressiona. Em uma dessas missões, eu tive que trazer ovos de víbora para uma mulher, para no final ela soltar um enorme peido que cria uma nuvem verde na região.
Em outro, tive que ajudar um casal a reacender as chamas da paixão, recriando a batalha em que eles se conheceram, quebrando tudo o que tinha dentro da casa e depois incendiando-a. São histórias curtas, mas que entretêm. Por últimos, os pontos brancos representam artefatos, os colecionáveis do jogo. Podem ser esquemas novos de tatuagens para personalizar a aparência de Eivor, objetos da época que Roma dominava a ilha.
Também há alguns mini-games espalhados pelo mundo. Temos o desafio de bebida, em que você desafia um oponente a beber 3 canecos de hidromel mais rápido que você, e envolve você apertar X no timing correto, além de tentar manter o equilíbrio durante a bebedeira. Há um desafio de insultos rimados, em que você troca “insultos poéticos” com outra pessoa, que no final irá aumentar o carisma do seu personagem, abrindo novas opções de diálogo em alguns momentos, este mini-game é baseado em competições vikings reais da época. E o melhor de todos é o Orlog, um jogo de dados fictício, onde você joga dados para conseguir pontos de ataque e defesa, e deve zerar a vida do oponente.
Destas atividades secundárias, a mais divertida e importante de todas são as incursões, em que você irá liderar um grupo de ataque a algum vilarejo inglês. Esses vilarejos são bem protegidos, com muitos guerreiros ingleses, por isso trazer companhia é importante. Essas incursões são divertidas pela escala da batalha, onde temos dezenas de combatentes se enfrentando, e é uma confusão generalizada de gritos, sons de espada e pessoas gritando. Como recompensa de uma incursão bem-sucedida, você receberá suprimentos para aumentar o seu próprio vilarejo com construções que ajudarão na sua missão, como uma forja para fazer upgrades, um quartel onde você pode personalizar seus soldados de incursão, uma padaria que dá bônus a sua vida máxima, entre outras várias construções. Maximizar a sua vila é um dos objetivos de longo prazo do jogo.
| Construindo seu Viking
A progressão de personagem do jogo segue um esquema padrão de RPG, mas adiciona uma pequena modificação em como trata dos equipamentos que recebemos. Você receberá pontos de experiência por explorar o mundo, matar inimigos e realizar missões, e a cada nível ganhará pontos para usar na sua árvore de habilidades, que aqui está mais para um mapa estelar de habilidades. Cada casa nesta árvore irá dar algum bônus de atributo, e em alguns pontos liberará habilidades passivas. Há três caminhos a se seguir nessa árvore, um caminho é focado no corpo-a-corpo, o outro em armas de distância, e a terceira em stealth.
Se você quer brincar de ser um Viking assassino, é melhor seguir pela árvore de Stealth, pois se não colocar pontos nela, chegará um momento que você não consegue matar ninguém com sua Hidden Blade, eliminando o Stealth como uma opção viável. As habilidades ativas do jogo não são liberadas com level, mas sim através de livros de habilidades que você encontra nos pontos dourados do mapa. Essas envolvem algum golpe mais forte, como um salto que esmaga escudos, ou uma flecha mais potente que pode atravessar algumas barreiras de proteção.
Os equipamentos do jogo também só serão encontrados nos pontos dourados, ou recebidos como recompensa de missão. Seguindo um caminho diferente de outros RPGs, em que você acaba com o inventário cheio de equipamentos inúteis que inimigos soltam aos montes, em AC:Valhalla você dá mais valor a cada peça de equipamento novo que você adquire, pois ele pode realmente servir para o seu personagem. É uma decisão interessante, que muda um pouco a dinâmica de como evoluir seu personagem.
Com o personagem perfeito, é hora de levá-lo para lutar, e aqui tenho alguns problemas com o jogo. O combate tenta adaptar um estilo Soulslike adicionando uma barra de stamina, porém ela é bem mais fácil de lidar. Golpes normais que atingem um inimigo recarregam a stamina ao invés de gastá-la, então você pode usar apenas ataques básicos que você nunca precisará esperar recarregá-la. A maioria dos inimigos também te dá bastante oportunidade de desviar de seus ataques, pois eles soltam um brilho pouco antes de atacar. Esse aviso parece ter sido estimulado pelas incursões, já que há muitos inimigos a sua volta e pode ser difícil enxergar de onde pode vir o próximo ataque.
As lutas são meio desengonçadas, já que os personagens parecem se atrair como imãs para ficarem na posição correta para as animações funcionarem, então falta um pouco de impacto. A maioria dos inimigos também não te trará muitos problemas, a não ser que você siga para uma área de level muito acima do seu. Há alguns campeões que patrulham os mapas que darão muito mais trabalho, e esses sim botarão suas habilidades à prova, já que sua força é bem acima do que a região recomenda.
| É digno de Valhalla
AC:Valhalla é um jogo extremamente longo, com muitas coisas a se fazer. Seu mundo é extremamente vasto e te levará um bom tempo para explorar tudo. As incursões e batalhas por castelos são o ponto alto da jogabilidade, pois é aí que você realmente se sente um guerreiro Viking, quando está no meio dos seus companheiros batalhando contra os Saxões. Infelizmente, achei que o combate não é grande coisa quando você está sozinho, e os personagens da história não são muito carismáticos.
O próprio Eivor passa a maior parte da introdução sendo uma caricatura de um guerreiro sanguinário, falando de honra e vingança. Na Inglaterra, sua personalidade não muda tanto, sendo carregado de um lado para outro realizando missões. A parte de assassinos desta história também não é tão aprofundada, focando muito mais numa história Vikings que tem uma leve intersecção com a ordem dos Assassinos. No geral, AC:Valhalla é um jogo divertido, com bastante coisas para descobrir e se fazer, e muitas horas de conteúdo.