Introdução
DARQ é um jogo que mistura puzzles com terror, foi desenvolvido pela Unfold Games e publicado pela Feardemic. O lançamento do Complete Edition ocorreu no dia 4 de dezembro para as plataformas Nintendo Switch, PlayStation 4 e 5, Xbox One e X|S e Microsoft Windows.
O Começo
Começamos em um quarto. Todas as fases se iniciam neste quarto. Após Lloyd se deitar, um mundo alternativo surge. É como se tudo o que ele sonha vira realidade, mas vamos dizer que seus sonhos são mais para algo como pesadelos. As criaturas e os ambientes não são nada convidativos, em muitas situações o estranhamento é intenso e impressiona a nós jogadores, o que nos resta é aprender a sobreviver nessa nova realidade.
Quando deitamos na cama, um espirito sai de nosso garoto, e é este que vai iniciar a fase em cada um dos pesadelos existentes. Basta colocarmos o pé para fora do quarto que vamos ver um ambiente completamente diferente de antes de dormir.

As mecânicas e os Puzzles
Lloyd, nosso personagem, em situações que precisa ser rápido, pode usar controle para correr. Essas situações são comuns, mas não espere que você vai estar sempre fugindo de uma criatura. A rapidez no jogo é necessária para resolver puzzles. O tempo é determinante quando temos de resolver puzzles em diferentes cenários, já que errar ou demorar pode significar fazer tudo de novo. Correr será necessário, e te dará uma sensação de mudança de realidade.
As alavancas não são os únicos itens do cenário que podem ser usados, temos de ser observadores e entender o que pode ser realmente parte da resolução de um problema. A maioria das vezes você não vai entender onde um item se encaixa, mas isso faz parte do jogo e te obriga a explorar o ambiente todo. Às vezes um simples relógio pode acabar virando uma ponte, algo que você vai achar muito estranho, mas o jogo quer que você se sinta desconfortável com tudo ali, e consegue fazer isso muito bem. O tamanho dos itens que você encontra, não necessariamente vai ter o mesmo tamanho quando for usado. Eu realmente tinha um relógio de pulso, mas ele virou uma ponte grande com sua pulseira e me permitiu andar sobre ele.
Se isso pareceu estranho, imagina o fato de você forçar a parede e a parede virar o seu chão. Pois esta é a mecânica mais usada no jogo, o seu poder de explorar o ambiente de uma forma não tão comum assim, e isso é ótimo. Nós, seres humanos, não estamos acostumados em pensar a partir de diferentes perspectivas, e podemos sentir que não tem saída para algum problema, mas a solução pode estar na parede ao lado, em enxergar as coisas de uma forma diferente do que nosso cérebro está acostumado.
Como você vai se acostumando a estar sempre sozinho no jogo, quando aparece alguma criatura diferente você pode até acreditar que ela está ali apenas fazendo parte do cenário deste mundo estranho. Você vai estar errado, pois esse jogo não é só um Puzzle, mas também terror. O terror aqui acontece de forma diferente, ele não surge do nada, ele está ali, e você sabe disso, mas ele te assusta porque você tem de aprender quando ele vai te atacar, quando ele consegue te ver, e não serão poucas vezes que você vai dar um pulo, pois achou que ir abaixado seria o suficiente em uma situação, mas acabou por não ser.
Além dos puzzles relacionado a objetos, muitos estão relacionados a rotação de cenários, pois como comentamos, por meio de paredes ou alavancas o cenário se altera. Podemos ter de achar caminho para energia, para uma bomba ou para um parafuso, ou para um labirinto!

Eu precisava citar essa parte do jogo. Em certo ponto, temos que resolver este labirinto, girando ele da esquerda para a direita, levando o botão preto que está no topo até o centro. Só de olhar, ele pode parecer simples, mas o jogo te prega uma peça, pois assim que você ativa o labirinto, a câmera do jogo começa a girar, mostrando tudo ao seu redor. Você perde a visão do labirinto, mas vê que uma pessoa vai se aproximando pelo corredor. A cada vez que a câmera passa, a pessoa se chega mais perto de você, a música te passa mais tensão ainda, e sim você tem de achar a solução do labirinto com essa pressão toda, e sem vê-lo o tempo todo.

As criaturas
A variação de criaturas estranhas no jogo não é muito grande, a que aparece com mais frequência é uma mulher na cadeira de rodas. As criaturas geralmente já estão no cenário quando você chega, muitas vezes realizando alguma ação. Observe que o objetivo aqui é tornar o ambiente estranho, quase todas as situações que te dão susto é porque você não sabia bem como agir para não chamar atenção, mas você já sabe que as criaturas estão ali.
Você ainda pode encontrar partes de corpos espalhados pela fase. Essas não são consideradas criaturas malignas, já que não tem como objetivo nos atacar, e sim serem usadas para puzzles. Essas partes do corpo servem para realizar ações mesmo, como usar um braço para segurar uma alavanca, ou colocar pernas para pedalar. Gera um certo desconforto, é como se tivessem inspiração na mãozinha do filme ‘A Família Adams’.
Arte e Trilha Sonora
A estética do jogo é perfeita para a proposta, é estranha com visual mais escuro e esfumaçado, o que passa a ideia de um jogo sombrio, de um pesadelo. Até mesmo as alavancas e paredes que permitem mudar a visão do cenários transmitem a sensação do menino nunca conseguir acordar, que não importa o caminho, parece que ele sempre continua neste mundo. Podemos até sentir um certo desespero de procurar todos os tipos de caminhos.
Embora o mundo que nosso personagem explora pareça aterrorizante, a sensação que temos é que ele se encaixa bem com as criaturas estranhas dali. Sua estética é tão estranha quanto elas, o que me fez questionar mesmo se as pessoas do pesadelo possam ser da realidade dele.
Sobre música, o jogo pouco tem de som, mas as poucas vezes que a trilha toca, consegue te amedrontar e te por pressão.
Conclusão
Se assim como eu, você é fã de jogos como Limbo, Inside, Little Nightmare, então DARQ com certeza é um jogo obrigatório. Este apresenta ótimos puzzles, uma ambientação bem feita, criaturas diferenciadas, um estranhismo muito bem feito e merece muito o destaque no mercado indie. O único fator contra do jogo é a inovação que está mais na mecânica de ‘andar nas paredes’ mesmo.