“But if it’s your fate, then every step forward will be a step closer to home”
Kingdom Hearts III é a aguardada conclusão da saga Kingdom Hearts que começou lá em 2002. Embora seja o terceiro título numerado, ele é o 13º jogo lançado da série.
Anunciado em 2013 e lançado em 2019 para Playstation 4 e Xbox One, Kingdom Hearts III segue os acontecimentos após o final de Dream Drop Distance. Sora falhou em seu exame para Mestre da Keyblade e agora deve buscar em outros lugares um jeito de acordar o poder necessário para derrotar Xehanort: o power of waking. A Keyblade War chegou e os sete representantes da Luz terão de enfrentar os treze representantes das Trevas, mas será que eles conseguirão triunfar?

| História
Kingdom Hearts III deveria encerrar de vez a chamada ‘Saga Xehanort’ com o grandioso combate entre Luz e Trevas na Keyblade War. Mas como todo Kingdom Hearts, as perguntas sempre vêm em maior quantidade do que as respostas.
HeartVocê começa com Sora indo atrás do poder necessário para derrotar Xehanort. E é essa premissa que faz com que ele visite mais mundos da Disney. Mas, as visitas dão um sentimento diferente de qualquer outro jogo.
Por muitas vezes, você sente que está só assistindo uma recontagem daqueles filmes, com Sora sendo apenas um espectador enquanto tudo acontece. O mundo de Frozen talvez seja o mais óbvio de se perceber isso, já que não existe nenhuma grande ameaça e a história é igualzinha à do filme (com direito até mesmo a uma sequência de Let It Go!).
É na segunda metade do jogo que a história começa a realmente avançar. Ao finalizar todos os mundos da Disney, o jogador ganha acesso ao Keyblade Graveyard. É neste momento que todos os jogos anteriores finalmente se juntam e tudo começa a fazer sentido.
Os heróis da Keyblade serão testados, antigos amigos e inimigos irão reaparecer e tudo leva a apenas uma coisa: Kingdom Hearts.
A reunião de diversos personagens nos emociona, mas ainda apresenta defeitos. Faltam interações entre eles. Por vezes, tudo parece um pouco automático e corrido.
A conclusão de Kingdom Hearts III é satisfatória, mas ainda deixa muitas perguntas. Algumas foram respondidas na DLC ReMind, outras são para os futuros jogos da série. E se tratando de Kingdom Hearts, isso não poderia ser diferente.

| Jogabilidade
No quesito jogabilidade, este título é com certeza um dos melhores da série. Trazendo as melhores mecânicas em um único jogo, os dias de ficar perdido nos mapas estão no passado!
A primeira característica que podemos observar é o Flowmotion, tirado direto do Dream Drop Distance! Ao controlar os personagens, é possível interagir com praticamente qualquer superfície. Escalar paredes, deslizar pelo mapa e girar em postes não apenas trazem mais diversão como também possibilitam novos combos na hora das batalhas!
Shotlocks, mecânicas do Birth By Sleep, também foram incorporados. Quando seu gauge está completo, o jogador consegue lançar diferentes ataques de longo-alcance. É a mecânica perfeita pra quem gosta de manter uma distância segura dos inimigos (assim como eu!).
Se em Kingdom Hearts II, as drive forms eram um dos melhores momentos do combate, no III elas aparecem de um jeito diferente: Formchange! Agora, cada keyblade possui sua própria forma específica, com seus próprios ataques e duas transformações de armas.
Combinando as formchanges com a possibilidade de trocar de keyblades durante o combate, o jogador tem em sua mão uma quantidade quase infinita de combos, fazendo com que as batalhas sejam divertidas e muito mais fluídas do que qualquer outro jogo.

Infelizmente, a AntiForm aparece com outro nome: Rage Form! Mas não se preocupe, ela está menos caótica do que sua versão de Kingdom Hearts II (o pesadelo de qualquer jogador era ativar uma das drive forms e acabar com a AntiForm), servindo como um último recurso quando seu HP está baixo. Focada em elementos ofensivos, ela pode causar bastante dano no inimigo, mas enquanto ela está ativa você não pode usar summons, itens e nem magia.
E por falar em summons, neste jogo eles possuem outro nome: Links! Sora pode temporariamente chamar um de seus amigos para realizar combos e acabar com os inimigos!
Outra mecânica que foi adicionada são as Attractions. Baseadas em brinquedos dos parques da Disney, elas surgem depois que determinados combos são feitos. Além de causar bastante dano, elas são divertidas de assistir! Nada melhor do que balançar em um barco pirata e bater no seu inimigo ao mesmo tempo!

E se essas mecânicas ficarem insistentes, você também tem a opção de desliga-las!
Deu para perceber que no quesito combate, você nunca vai ficar entediado! Já que, além de ter tantas novas mecânicas, o jogador tem a oportunidade de controlar Riku, o melhor amigo de Sora.
E, na batalha final, quando podemos lutar ao lado de diversos aliados, minha parte favorita foi com certeza observar como a inteligência artificial dos personagens funciona bem. Em um certo momento, você pode simplesmente parar de lutar e só assistir o Roxas acabar sozinho com um dos inimigos.
| Muita coisa nova!
Além de todas as novas mecânicas de combate, Kingdom Hearts III também traz um novo formato para a Gummi Ship! Ao contrário de seus antecessores, o jogador agora se encontra em um formato de mundo aberto, dando mais espaço para exploração em vez de ser focado apenas no combate. Para quem não gostava dessa parte, pode ficar tranquilo: é possível chegar em todos os mundos sem lutar com nenhum heartless.
Os mundos agora são bem maiores e com menos áreas de carregamento, tornando a exploração um dos pontos fortes do jogo. É possível perder horas e horas para descobrir todos os detalhes de cada região.
E um dos destaques de exploração com certeza é o mundo do Piratas do Caribe. A cidade de Port Royal foi toda refeita e agora o jogador tem acesso ao mar aberto: uma área gigante que pode ser explorada tanto em cima como embaixo d’água. Além de oferecer uma ótima gameplay de batalha naval, já que Sora consegue controlar o famoso Pérola Negra.
E já que os mapas estão imensos, os save points agora também oferecem a opção de fast travel! O jogador agora pode teleportar para os save points de cada mundo.
Mudanças também foram feitas nas cenas. Nos jogos anteriores, muitas cenas eram feitas apenas com diálogos escritos, em Kingdom Hearts III todas as cenas possuem dublagem.
Outra novidade é a substituição do Diário do Jiminy pelo Gummiphone. Além de trazer todas características do Diário, ele também dá ao jogador o acesso ao modo foto! Sora pode tirar selfies com os amigos, que até fazem poses quando a câmera está virada para eles! Ao longo do jogo também é possível desbloquear novas poses.

Kingdom Hearts não está completo sem mini-games. Para a alegria de muitos e tristeza de outros, o mundo do Ursinho Pooh retorna com seus mini-games!
Com o Gummiphone você pode caçar os Lucky Emblems: a famosa silhueta do Mickey está escondida por vários locais em diversos mapas, se o jogador achar um ele deve tirar uma foto para registrar no seu Gummiphone.
O personagem Remy de Rattatouile também aparece com seu próprio mini-game de cozinha. Assim como no filme, ele controla Sora para que ele faça diversos pratos com ingredientes que podemos encontrar espalhados pelos mapas.
A aba Classic Kingdom do Gummiphone é uma sessão com mini-games retrô. E por último, temos os Flantastic Seven. Uma série de mini-games muito parecidos com os Mushroom XIII de Kingdom Hearts II. Ao realizar as tarefas e conseguir uma quantidade de pontos, eles te dão itens especiais.
E por último, a opção Keyblade Forge foi adicionada ao menu. Usando os materiais certos, o jogador pode aumentar o nível de suas armas.
| Uma nova geração
Sendo o segundo jogo da série a ser feito na Unreal Engine 4, Kingdom Hearts III impressiona ao entregar gráficos semirrealistas sem perder o seu elemento cartunesco.
Novamente, o mundo do Piratas do Caribe traz mais inovação nesse quesito. Em Kingdom Hearts II era claro a diferença entre as paletas de Sora e seus amigos com os personagens do filme. Isso foi consertado em The Caribbean.
Sora agora passa a sensação de fazer parte do mundo à sua volta.
Com as novas animações de batalha e com as magias reformuladas, Kingdom Hearts III é um espetáculo visual.

| Trilha Sonora
Yoko Shimomura retorna mais uma vez para comandar a trilha sonora do jogo.
A clássica faixa Dearly Beloved, obrigatória em todos os menus da série, aparece bem diferente das suas versões anteriores. De um jeito que só Shimomura sabe fazer, ela já passa a sensação do fim de um ciclo.
As versões das músicas da Disney se fazem presentes e ela acerta mais uma vez na hora de fazer os temas de batalha de cada mundo.
Faixas familiares também fazem o seu retorno, proporcionando a quantidade ideal de nostalgia.
Mas, o brilho máximo está nas faixas do novo mundo original: Scala Ad Caelum. Seu tema de batalha talvez seja uma das melhores composições de Shimomura, que entrega através da música a quantidade exata de urgência misturada com um tom arrepiante.
| Conclusão
Kingdom Hearts III entrega o que promete: a conclusão de uma saga. Mas como um tradicional jogo da série, ainda deixa muitas perguntas. Embora tenha tropeçado em alguns momentos da história, ele compensa com sua jogabilidade divertida e suas inúmeras possibilidades de exploração.