Introdução
The Alliance Alive é um jogo de RPG por turnos, desenvolvido em associação pela Cattle Call, Grezzo e Furyu. O jogo foi publicado originalmente pela Furyu no Oriente e pela Atlus no Ocidente, em 2018 para Nintendo 3DS. Em 2019, o jogo ganhou uma versão remasterizada chamada de The Alliance Alive HD Remastered, que foi lançada para PS4, Nintendo Switch e PC. O jogo traz um elenco de personagens memoráveis que se unem para derrotar os daemons, que governam o mundo com um punho de aço. Apesar de ser um RPG simples e divertido, The Alliance Alive entrega um sistema de gameplay desbalanceado e punitivo, especialmente no final do jogo.
História
A história é inicialmente contada em partes e segue grupos isolados de personagens. Ao acompanhar cada grupo, é possível conhecer um pouco mais da personalidade de cada personagem e conhecer um pouco mais das mecânicas de combate de cada um. Inicialmente o jogo coloca o jogador nos sapatos de Galil e Azura, amigos de infância que fazem parte de uma pequena guilda nas terras chuvosas, onde, obviamente, a chuva nunca para graças a influência demoníaca.

Ao receberem uma missão para ir até uma torre de uma guilda aliada, Azura decide que quer se desviar do caminho para explorar o antigo museu da região, onde supostamente há uma pintura do céu azul, algo que ninguém nunca viu. Ao chegar no museu e depois de muitos encontros com inimigos diferentes, a dupla chega ao topo da biblioteca, onde encontram a famosa pintura. Porém, um daemon superior estava cumprindo uma missão no local e, ao encontrar Galil e Azura, os derrota e inflige uma punição severa a menina: jamais poder enxergar de novo.
Após os eventos do museu, o jogo troca para a perspectiva de outros grupos de personagens, sendo eles Tiggy, Vivian, Ignace, Renzo, Barbarossa, Gene e Rachel. Ao longo de cada narrativa, e juntando todas as peças, os personagens descobrem que todas as nações do mundo foram divididas pela Corrente Sombria (Dark Current), o céu perdeu sua cor e cada nação era individualmente subjugada pela força dos daemons. Ao descobrirem a causa da situação atual do mundo, a trupe, agora reunida, parte em busca de respostas e de uma forma de restaurar o mundo a sua forma original.

A história é muito bem construída e cada personagem cumpre um papel importante. O aspecto de apresentar várias narrativas que se unem também foi uma boa escolha dos desenvolvedores. Inclusive foi essa troca de personagens que me prendeu ao jogo, me estimulando a descobrir mais e mais de cada personagem e o que os motivava.
Jogabilidade
A jogabilidade foi o ponto que mais me incomodou no jogo. No começo parece muito simples e o jogo não exige que você explore mecânicas novas de jogo para derrotar inimigos. Até mesmo os chefes são relativamente fáceis. Se o jogo não te incentiva e tudo se resolve no soco, pra quê estudar? Esse foi meu maior erro. Ao avançar mais para o final da história, o caldo vai engrossando, e isso exige que muito preparo prévio tenha ocorrido. Mas como assim? Vamos lá.
As mecânicas são simples: você monta uma equipe com 6 personagens, equipa eles com armas e ataca os inimigos por turnos. Um ponto positivo é que as personagens não ficam presas a um tipo específico de arma, ou seja, você pode transformar seu healer em um espadachim, e assim por diante. Por um lado, isso é excelente, por outro, péssimo. Péssimo porque isso não auxilia o jogador para onde direcionar seus pontos de habilidade e em que armas investir seus ataques especiais, podendo chegar ao final com 12 arqueiros na equipe e nenhum deles dar conta dos últimos chefes. Ou então, 12 healers/magos. Imagine!?

O sistema de evolução baseia-se nos pontos de habilidade, nos níveis e no desbloqueio de arts em combate, que funciona até que muito bem. Outro ponto que entra no quesito evolução são as guildas. Existem 5 tipos de guildas que são desbloqueadas ao longo da história e que podem ter torres construídas ao longo do mapa. Essas torres oferecem vários tipos de suporte em combate, como buffs, debuffs e ataques especiais. Além disso, o jogador pode recrutar pessoas ao longo do mapa para integrarem o corpo das guildas, com um porém: não existe pessoal suficiente para maximizar o nível das guildas e não é possível redistribuir o pessoal ao longo do jogo. Achei essa mecânica algo bem ultrapassado para RPGs modernos. Além de que esse tipo de mecânica acaba colocando o jogador em maus lençóis conforme a dificuldade aumenta.
O ponto final que me desagradou foi a questão da dificuldade, que não cresce de forma gradual, mas exponencial. Especialmente nas fases finais do jogo, em que golpes com mais de 1000 de dano não é o suficiente para derrotar um inimigo simples. Os chefes, então, são a própria encarnação do tinhoso. Como o jogo vai travando o jogador conforme a distribuição de pontos e recursos, ele pode acabar forçando o recomeço da jornada para que a situação seja revertida.
De forma geral, a jogabilidade é divertida, porém, desbalanceada, punitiva e injusta. Além de ser ultrapassada, uma vez que em RPGs modernos podemos realocar pontos, refazer árvores de habilidade e muito mais.
Arte e Trilha Sonora
A arte do jogo é muito bela. Com ambientes que parecem que foram pintados a mão em uma aquarela. As cores são vivas e transmitem com precisão a atmosfera do ambiente. A trilha sonora também não fica atrás. Cada continente tem seu próprio tema, às vezes, varia até mesmo por cidade. Porém, as músicas de batalha são repetitivas e enjoativas.





Inovação
Ao meu ver, a principal inovação do jogo foi em relação à narrativa fragmentada no começo e em relação ao despertar de novas técnicas de combate em batalha, podendo as personagens desbloquearem arts poderosas ao mesmo tempo que enfrentam um chefe, por exemplo. No mais, acredito que muitos aspectos do jogo foram um retrocesso na área de RPGs.
Conclusão
The Alliance Alive HD Remastered é um RPG único, com personagens memoráveis, com um estilo de arte belíssimo e uma história digna. Porém, a gameplay ultrapassada, desbalanceada e punitiva apresenta um retrocesso para o gênero de RPGs. Fica minha recomendação que para quem tiver interesse neste título, que procure um guia ao longo da jornada para investir os pontos de habilidades e mão de obra de forma correta e que possibilite uma conclusão do jogo com menos estresse.