Introdução
Produzido pela Sunhead Games, Carto é um puzzle-adventure lançado em Outubro de 2020 para as plataformas Xbox One, PlayStation 4, PC Windows/Mac OS, Nintendo Switch.
O jogo demonstra características de exploração, interação com vários personagens e utilização de itens disponíveis no cenário para acessar certos lugares. O ambiente de jogo lembra paisagens naturais. Florestas, campos, desertos, locais montanhosos com cavernas, vulcões e terrenos nevados formam o cenário paisagístico de Carto.
Este é mais um dos jogos com uma pegada pacífica lembrando A Short Hike e Animal Crossing, com um estilo “cute” (bonitinho e fofo), sem combates, com uma história simples e jogabilidade relaxante.
Gameplay confortável mas inteligente
A característica principal de Carto é que o jogo tem o quebra-cabeça como alicerce de toda a exploração. O jogador só avança se montar as peças, uni-las de forma que os ambientes se conectem e o caminho se forme.
É simples perceber que o nome “Carto” remete a “cartografia”. Então o intuito é se divertir com a montagem de mapas, coletando pedaços deles espalhados pelo jogo, encontrados pelo chão ou entregues pelos personagens da história ao interagir com eles em troca de ajudá-los com diversas tarefas.
As acessar o mapa do jogo, uma tela surge mostrando blocos referentes aos pedaços de cenário que já se encontram disponíveis toda vez que uma região nova é acessada. Novos blocos surgem com novos pedaços encontrados. Ao adquirir um número razoável de peças, o cenário pode ser montado de inúmeras formas, desde que características de cada bloco coincidam, como por exemplo: gramado que conecta com outro, mata fechada com outra.

Outro detalhe é que, um gramado com um riacho não conecta com outro que não haja um também, que esteja em posição alinhada. O mesmo com estradas presentes em gramados, florestas, desertos, onde outro trecho de estrada alinhado é necessário para a conexão e formação do ambiente explorável.
Importante citar que todos os blocos podem ser movimentados pelo painel do mapa, girados em sentido horário ou anti-horário, aumentando as possibilidades de união dos pedaços. Novos trechos podem ser desbloqueados se certas condições forem atingidas, como posicionamento dos pedaços em uma ordem indicada em pistas dadas por mensagens dentro do jogo ou diálogos com personagens.
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— Sunhead Games (@sunheadgames) December 13, 2019
Outra função é o menu de itens, sendo ele simples, com um botão próprio, usado para guardar objetos tanto importantes para se avançar na história como uns que são apenas simbólicos do enredo. Mas o que poderia ser uma ótima função para adicionar nuances mais significativas em relação com o cenário e a jogabilidade em si, o sistema de itens não se mostra muito bem trabalhado e acaba por ser deixado de lado por grandes espaços de tempo.
O título é ausente de qualquer tipo de combate, conflito ou até mesmo tensão notável. Devoto de uma política non-violence bem presente ultimamente em diversos jogos, principalmente indies, e uma mensagem mais naturalista, paisagista, com harmonia entre personagens, Carto é definitivamente um agradável e pacífico passeio com caminhos montáveis.
História de uma menina curiosa

Carto é uma menina claramente inteligente, alegre e curiosa. Ela vive com sua avó e as duas viajam juntas em um dirigível pelo céu.
A avó, uma cartógrafa, estuda um mapa misterioso onde ao mexer seus pedaços, blocos de terra reais se movem para onde deseja. Sua neta fica maravilhada com o efeito, e esperta como é, no momento em que a avó adormece, se vê livre para experimentar o mapa.
Inesperadamente, em desconhecer os perigos de se manipular o mapa sem saber do que se trata, Carto causa uma tempestade e é jogada para fora do dirigível junto com os pedaços do mapa, que se espalham pelas terras próximas de onde sobrevoava.
A partir daí Carto tem que viajar por diversos territórios, povoados ou não, para tentar recuperar os pedaços do mapa que se perderam. Sua avó ao se comunicar com ela por aviões de papel, a incentiva a também conhecer as regiões e seus habitantes enquanto viaja na missão de recuperar o mapa.

Carto encontrará povos tribais, habitantes ribeirinhos, animais bastante espertos e belas paisagens em sua caminhada para voltar para seu lar e reencontrar sua avó.

Arte pincelada
O trabalho de arte em Carto é feita estilo aquarela, com uma pegada mais infantil, sem realismos. Simples e belos cenários aparentam pinturas em um quadro, tanto durante o jogo em si, como nas cutscenes que foram feitas no estilo stop motion. Os efeitos visuais e a animação in-game contêm pouquíssimos efeitos até mesmo para um jogo desenvolvido pelo Unity. Mesmo assim, o que Carto apresenta visualmente, tem seu charme e condiz muito com o que o jogo se propõe.
Trilha e efeitos sonoros
As músicas se baseiam em composições de povos nativos africanos, indígenas e bárbaros. Cada cenário tem uma instrumentação característica, que varia entre flautas, tambores e balafons. Essa sonorização incrementa o clima harmonioso do jogo.
Os efeitos sonoros de opções do menu ou funções in-game emulam sons da natureza. Não existe atuação de vozes onde as falas também são sons alegres que assemelham diálogos embaralhados.
Mensagens de paz
O estúdio Sunhead Games lançou no seu perfil do Twitter mensagens de conforto para quem for jogar sua mais nova produção. Mencionando um ano de 2020 difícil com as pessoas enfrentando novos desafios. Atribuem ao Carto uma tentativa de trazer algum respiro nesses momentos de tensão que vivemos.

Conclusão
Jogos como Carto são feitos puro e simplesmente pelo prazer de divertir quem joga em uma aventura animada, sem pretensões grandiosas, épicas ou mitológicas. Com simples desafios mas com um grau de dificuldade que estimula o raciocínio, mas tudo isso feito de uma forma harmoniosa e confortável. A sensação de se jogar este título é a de um passeio pelos campos, como se atravessássemos uma trilha entre a natureza, em busca de algum paraíso natural desconhecido ou o mero prazer de se sentir um aventureiro explorador.