NieR: Automata é um rpg de ação no estilo hack-and-slash desenvolvido pela Platinum Games e publicado pela Square Enix. Ele foi lançado mundialmente para PS4 e PC em março de 2017 e para Xbox One em 2018. O jogo é uma sequência de Nier (Gestalt/Replicant).
Glória para a humanidade
A história de Nier: Automata se passa em um futuro distante onde os humanos foram obrigados a fugir para a Lua depois de uma invasão alienígena, agora androides da organização YoRHa lutam pela humanidade contra as máquinas criadas pelos invasores da Terra.
Nesta guerra, o jogador controla 2B, uma androide de batalha da YoRHa que é mandada para a Terra para auxiliar a resistência no combate às máquinas. Junto com 9S, você realizará missões que mudarão o rumo da guerra.
A princípio, NieR: Automata pode parecer simples: derrotar as máquinas e salvar a humanidade. Contudo, quanto mais você avança, tudo fica cada vez mais complexo.
Uma perfeita fábula humanista, o jogo trata muito mais sobre questões filosóficas e existenciais do que se preocupa em bater em robôs (depois de um tempo, você também vai começar a pensar antes de descer a espada).
Ele inclusive faz uso de nomes de grandes filósofos em alguns NPCs.
Questões sobre o que é ser humano, o que é a verdadeira beleza e qual o sentido de uma guerra são algumas das questões que NieR aborda de maneira fenomenal. Ao tirar o elemento humano de cena e apresentar personagens que desesperadamente buscam sua própria humanidade, o jogo faz um excelente trabalho ao abordar esta temática e fazer o jogador refletir sobre tudo isso.
O jogo possui 26 finais, nomeados com as letras do alfabeto, sendo cinco deles verdadeiros e um final secreto.
Para deixar a história ainda mais interessante, ele oferece três diferentes perspectivas: uma rota da 2B, uma do 9S e uma da A2.

Além do hack-and-slash
No melhor estilo hack-and-slash, NieR: Automata tem um combate muito divertido.
Com a 2B, você tem na sua mão duas opções de espada: uma menor e mais leve e uma maior e mais pesada. Isso também afeta os combos, o jogador pode escolher entre usar ataques leves e mais rápidos ou os ataques pesados e mais lentos. Além, é claro, da opção de combinar os dois.
Outra mecânica muito legal é o uso do pod. Enquanto você ataca usando os personagens, também pode usar o pod para dar dano contínuo nos inimigos.
Quando o jogador assume o papel de 9S, temos um novo jeito de jogar! Por ele não ser um modelo de combate, não faz uso de uma espada maior. O que significa que temos um substituto: o hacking.
9S consegue acessar o sistema dos inimigos e, através de um mini-game, os hackeia e causa dano considerável. E não é só no combate que isso é usado. Muitos baús e portas só podem ser acessados através dessa mecânica. E quanto mais complexo for o hacking, mais complexo é o mini-game.
Então, você sai de uma simples mecânica de atirar em um alvo e desviar de projéteis, para inúmeros inimigos que atiram contra você enquanto você precisa destruir paredes para poder avançar.
E até mesmo A2, que possui um combate parecido com o da 2B, tem seu diferencial com o modo berserk: seu dano aumenta, mas sua vida é drenada.

Mudança de perspectivas
Além disso tudo, NieR também oferece outros tipos diferentes de combate. Batalhas aéreas que lembram muito a mecânica de hacking (desviar de projéteis e atirar em inimigos) e também momentos em que a câmera muda sua perspectiva.
Vai ter momentos em que você precisa se adaptar para jogar num estilo mais plataforma 2D ou até mesmo com a câmera olhando de cima. Não existe momento para ficar entediado!
E se caso você cansar de toda a ação, pode parar em algum lugar com água e passar todo o tempo que quiser pescando! Além de ser uma prática mais relaxante, te rende dinheiro para comprar equipamentos.

Música dos anciões
De tudo o que NieR: Automata pode te proporcionar, a trilha sonora do jogo com certeza é a melhor delas.
Sabe quando você para o jogo por um momento para admirar a música que está tocando? Este jogo está repleto de momentos assim.
De músicas calmas e melancólicas para músicas animadas e urgentes, tudo o que você ouve se encaixa perfeitamente com os ambientes e com a história. Se algum momento te fizer chorar, 90% da culpa é da trilha sonora.
Sem falar é claro, dos belos vocais de Emi Evans e J’Nique Nicole, que entregam todo o peso que essas músicas representam. Todas cantadas em um idioma que mistura diversos outros, trazendo ainda mais a noção de que aquela realidade está bem longe da nossa.
Weight of the World é, para mim, uma das melhores músicas tema já feitas para um jogo. Ela possui toda a melancolia dos personagens, mas também carrega a esperança de um futuro melhor.
Porque nós vamos gritar bem alto, mesmo que nossas palavras soem sem sentido…
Uma nova crise existencial
Se você achava que o que fosse encontrar em Nier: Automata fosse androides objetificadas, teve uma boa surpresa quando a temática deu aquela virada e tudo o que você tem agora são questões existenciais.
“O que é ser humano” é um tema velho e que já foi abordado por diversas outras mídias. E nenhum deles te deixa tão emocionalmente abalado quanto NieR (valeu a tentativa David Cage).
E é no melhor sentido possível quando eu digo emocionalmente abalado, porque suas ações podem não apresentar tanto peso na história em si, contudo, elas terão um peso em você como jogador.
Você passa a sentir o mesmo tipo de questionamento que o jogo provoca nos personagens. A ligação que o jogador tem com eles só cresce.
As perspectivas usadas na história também contribuem para isso. Ao mostrar o lado de 2B, 9S e A2, você percebe que cada um tem qualidades, defeitos e medos distintos.
Mas, eles são androides certo? Eles não deveriam ter preocupações. Humanos tem preocupações, a não ser que…
Entende?
E não é só com os protagonistas que isso acontece. Nier: Automata tem diversas sidequests e todas elas têm personagens e histórias únicas.
Quem é que vai ligar para aquele membro sem nome da resistência? Aparentemente você, depois de descobrir que aquele personagem apagou a própria memória porque não conseguia lidar com a dor de ter executado o próprio amigo.

Arte
NieR: Automata oferece cenários de tirar o fôlego onde quer que você olhe. O momento de contemplação da trilha sonora acaba casando com a contemplação do cenário.
Ver todas aquelas paisagens de um mundo sem humanos é um choque, porém, também nos faz perceber que nem tudo dura para sempre.
Além de belos cenários, o jogo também faz uso de outros tipos de narrativas visuais. Cutscenes feitas em um estilo de teatro de bonecos e até mesmo partes contadas apenas em texto.
Se tem uma coisa que pode incomodar é a escolha de filtro. Deixando tudo um tom mais claro, o que depois de um tempo você passa a estranhar.
Carregando o peso do mundo
NieR: Automata pode começar como o típico JRPG e sua proposta de matar Deus, ter ótimas sequências de batalha e uma protagonista de vestido curto. Mas não se engane! Ele é muito mais do que isso.
Ele é o tipo de jogo que fica na sua mente por meses após termina-lo. Do tipo que é capaz de emocionar a todos.
Em suma, você vai passar a refletir sobre sua própria humanidade, o que ela representa e até onde vai o livre-arbítrio. E como resultado, vai perceber que a principal característica que nos faz humanos é a nossa capacidade de errar e aprender.
A possibilidade de cometer um mesmo erro mais de uma vez é alta, mas você só vai descobrir isso se continuar vivendo e errando.