Introdução
Scott Pilgrim Vs The World: The Game é um jogo no estilo beat’em up baseado nos quadrinhos do autor Brian Lee O’Malley. Originalmente lançado em 2010 para Ps3 e Xbox 360 em formato digital, acabou removido de ambas as lojas em 2013 quando sua licença terminou. Por isso, ele ficou indisponível para jogar (por meios legais) durante muitos anos.
Porém, a Ubisoft comprou seus direitos, ressuscitando o game e relançando-o no dia 14 de janeiro de 2021 para Switch, PC, Playstation e Xbox, dessa vez com uma bela edição física pela Limited Run. Após tanto tempo de espera, será que este jogo alcançaria as expectativas criadas pelos fãs da série?
O fantástico mundo de Scott
O belíssimo vídeo de abertura apresenta a premissa básica de Scott Pilgrim. Scott é um jovem que se apaixona pela misteriosa Ramona Flowers. Apesar de estarem apaixonados, há um grande obstáculo em seu caminho. Na verdade, eles têm 7 obstáculos a superar, antes de terem paz em seu relacionamento.
Me refiro aos 7 ex-namorados do mau de Ramona, dispostos a fazer de tudo para impedir o seu amor. Portanto, Scott irá enfrentá-los para provar que quer um relacionamento sério com Ramona, e no caminho descobrir mais sobre si mesmo e seu potencial.

Apesar de a história dos quadrinhos ser rica em detalhes, com personagens carismáticos, e situações emocionantes e engraçadas, pouco disso acabou sendo trazido para game. Além de apresentar a premissa básica durante a introdução, o jogo não explica mais nada durante as fases. Mesmo para quem leu os quadrinhos, ou assistiu ao ótimo filme, as situações apresentadas podem ser confusas.
Portanto, se você não é familiarizado com o material, se sentirá bastante perdido com o que está acontecendo. Mas este é um jogo de pancadaria, se o gameplay for bom, a história não interessa muito, correto? Então, primeiro falaremos da parte boa do jogo, e depois das não tão boas.
Scott Pilgrim contra todo mundo
Scott Pilgrim Vs The World: The Game é um Beat’em up com gráficos em 2D pixelado, onde você atravessará fases indo da esquerda para a direita, derrotando diversos inimigos pelo caminho, culminando em uma batalha de boss no final. Assim como é padrão do gênero, você tem à disposição um arsenal de diferentes ataques. Além dos golpes rápidos e pesados, há diversas habilidades para liberar conforme os personagens evoluem.
Sim, evolução, pois ele acrescenta leves elementos de RPG na fórmula do Beat’em Up, adicionando níveis e pontos de status aos personagens. Portanto, é essencial se fortalecer para avançar, seja subindo seu nível matando inimigos, seja comprando roupas e comidas que aumentem seus status com o dinheiro ganho.

Este é um jogo que tem muitas coisas a se gostar. Primeiramente, sua arte é linda, com uma animação cheia de carisma e atitude, com cores muito vibrantes, cenários cheios de detalhes e Easter Eggs a se descobrir, além de uma grande fluidez nos movimentos. As batalhas de boss presenteiam os fãs com diversas referências aos quadrinhos, além de terem as animações mais bem trabalhadas do jogo.
Apesar de ser no estilo 16 bits, as músicas têm uma batida bem divertida e gostosa de se ouvir. Combina com os gráficos e estilo de arte do jogo.
Em seguida, seu combate é bastante divertido, e apresenta diversas mecânicas diferentes para lutar. Por exemplo, o jogo permite que você utilize os diversos itens do cenário como arma, além deixar usar algum inimigo caído para bater nos outros. Os diversos combos e poderes especiais aumentam seu arsenal de como lidar com esses oponentes, apesar de que os golpes normais serão sua principal arma.

Nem tudo são Flowers
Mesmo que este jogo tenha fortes pontos positivos, como sua arte, ele também apresenta diversos problemas que atrapalham muito a experiência.
O seu principal problema está atrelado à dificuldade e seu sistema de evolução. A primeira fase passa a impressão de que o jogo será relativamente fácil. Apesar de desafiadora, você não terá problemas em terminá-la com as 3 vidas que o jogo te apresenta. Porém, a segunda fase já exige muito mais de você, com a terceira sendo quase impossível de terminar na primeira tentativa.
Evoluir os personagens e seus status é obrigatório para avançar. Para isso, será preciso fazer muito Grinding. Sim, este jogo te obrigará a repetir missões atrás de dinheiro e níveis.
Apesar de o jogo não ser tão longo, contando com apenas 7 fases de cerca de 20 minutos de duração, você levará horas para conseguir os status necessários antes de ter qualquer chance contra o último chefe. Porém, este não é o único problema.
Vários Poréns
Os desenvolvedores tomaram algumas decisões de design bastante duvidosas. A principal, é o fato dos personagens não recuperarem as vidas entre as missões. Muitas vezes você se encontrará com zero vidas após uma fase particularmente difícil, sem meios de recuperá-las. Sua única opção é iniciar a próxima fase, e chegar o mais longe possível antes do inevitável momento da morte, inescapável em um jogo tão difícil como esse.
Em seguida, temos a decisão de não revelar os efeitos de um item antes de comprar. Nas lojas, você sabe o nome do item e seu preço, mas não seu efeito. Em um jogo cujo dinheiro é demorado para juntar, e que apresenta lojas com itens bastante caros, esta é uma decisão que traz apenas frustração ao jogador.
Por último, os inimigos te acertarão, mesmo que você esteja indefeso, devido à falta de frames de invulnerabilidade.
Por exemplo, durante a batalha do último chefe você está em uma plataforma. O chefe tem um especial onde ele desfere diversos golpes seguidos que te arremessam para fora da plataforma. Porém, é uma animação longa, que dura tempo suficiente para o personagem ressurgir na plataforma e receber mais um golpe, sendo arremessado novamente.
Além dessas, outras coisas menores também irritam, como controles pouco responsivos, um botão de defesa que demora a responder. Também há diversas fases com desafios que não envolvem combate, mas que são impossíveis de superar sem os status corretos.

Conclusão
Scott Pilgrim Vs The World: The Game é um jogo divertido, mas frustrante. Apesar de sua apresentação ser impecável, com animações e músicas que capturam o espírito dos quadrinhos, sua jogabilidade é extremamente impiedosa e muito repetitiva.
Sem dúvida, o grinding do jogo azedou uma experiência que poderia ser incrível. Mesmo que o jogo seja difícil, é essencial apresentar um desafio que o jogador consiga superar melhorando suas habilidades, especialmente em um jogo neste estilo. Ninguém gosta de refazer a mesma fase para conseguir um aumento mínimo nos números do personagem.
Portanto, este é um grande jogo que se esconde atrás de vários problemas bobos. Caso tenha paciência, você descobrirá uma jóia escondida com este game. Porém, é triste ter que utilizar a palavra “paciência” ao descrever este jogo tão cheio de energia e potencial, mas esta é a realidade.
*Chave cedida para análise