Introdução
Twin Mirror se trata de um jogo com foco na narrativa e na tomada de decisões. Ambientado em uma pequena cidade na Virginia, seguimos o protagonista Samuel Higgs, um repórter local que volta a Basswood para participar do funeral de um velho amigo.
Twin Mirror foi desenvolvido pela Dontnod e publicado pela Square Enix em 1 de dezembro de 2020 para Playstation, Xbox e PC. Apesar da história ser bem escrita e bem amarrada, o título deixa a desejar em polimento e no impacto das escolhas do jogador ao longo da história.
História
A história segue Samuel “Sam” Higgs, um antigo repórter local da cidade de Basswood que retorna para participar do velório de um amigo (Nick) que não via há 2 anos. Ao chegar na cidade, Sam entra em contato com antigos conhecidos.
Logo de cara, Joan, a filha de Nick, conta a Sam que a morte de seu pai não parece certa e que ela suspeita que tenha sido assassinato ao invés de um acidente de carro. Instigado por Joan e ao presenciar outro assassinato que o coloca como principal suspeito, Sam sai em busca de respostas e atrás do verdadeiro culpado pelos assassinatos.
A premissa de Twin Mirror é bem simples, colocando o jogador na posição de investigador ou detetive. Quanto mais se avança na história e mais acontecimentos vêm à luz, mais o jogador se sente motivado a continuar jogando para descobrir a verdade.
Outro grande motor da história é “Ele”, um outro homem que apenas Sam pode ver e que constantemente influencia suas ações. Nada sabemos dEle até os capítulos finais da história. De forma geral, a narrativa é bem construída e bem amarrada e é de longe o ponto alto do jogo.
Jogabilidade
A jogabilidade de Twin Mirror é focada em escolhas e tomada de decisões. É possível obter informações e reações diferentes de acordo como Sam interage com o meio ao seu redor.
Diferente de Life is Strange (título anterior da desenvolvedora), Twin Mirror não é dividido em episódios, apresentando-se como uma narrativa contínua, similar a jogos como Detroit ou Heavy Rain. Além disso, as escolhas tomadas ao longo da narrativa influenciam diretamente o desfecho da história, que apresenta múltiplos finais.
Outro ponto interessante e inovador se tratando da Dontnod é o uso do Palácio Mental para a resolução de pistas e crimes. Dentro do Palácio é possível unir pistas coletadas no ambiente e formular uma hipótese para os diversos acontecimentos do jogo. Além da resolução de crimes e pistas, também é possível montar planos dentro desse espaço, simulando os possíveis resultados de suas ações.
Falando em pistas, o jogador pode interagir com diversos elementos do ambiente, adicionando pistas ao repertório de Sam.
Além da coleta de informações, o jogo possibilita a resolução de quebra-cabeças e diversos momentos-chave da história, seja no mundo real ou dentro do Palácio Mental. Os puzzles são bem interessantes, variando de dificuldade.
Contudo, nem tudo que foi projetado pelos desenvolvedores “casa bem” com o jogo. Uma das coisas que mais me incomodou foi a falta de clareza em escolhas importantes, como é possível ver na imagem abaixo:

Como é possível verificar, o jogo não deixa claro o que você está escolhendo. Se você por um acaso se perdeu na explicação dos personagens ou na história que antecedeu o momento das escolhas, as chances são altas de acabar escolhendo algo indesejado.
Além disso, a cor das legendas escolhida não permite uma visualização boa, uma vez que a maioria dos fundos presentes no jogo são brancos. Outro ponto negativo é a execução de certos puzzles que envolvem “Ele”.
Em vários momentos não fica claro o que o jogo quer que você faça ou então não dá o destaque necessário a elementos do cenário, atrapalhando a vida do jogador.
Além disso, as escolhas ao longo do jogo são vazias. Elas estão ali apenas para que o jogador interaja com o ambiente e nada mais. As únicas exceções são as escolhas finais do jogo, em que as opções de diálogo escolhida com um certo personagem é questão de vida ou morte, um único deslize pode acabar em tragédia.
Gráficos, Arte e Trilha Sonora
Esses são os piores elementos do jogo. Ao mesmo tempo que a história é muito bem feita, os elementos gráficos e sonoros deixam a desejar.
Os ambientes são mortos, com cores apagadas e em geral sem vida. Os gráficos escolhidos pela Dontnod, ao tentar ser mais realista, torna o jogo feio e deixa evidente a falta de polimento, algo diferente do que ocorre em Life is Strange. A trilha sonora é praticamente silenciosa, sem grandes efeitos ou faixas marcantes.
Isso sem falar do design de personagens, que é do nível “crianças de The Witcher 3”. A maioria dos personagens tem um ar estranho, quase que caricato. Não sei se foi proposital, mas não me agradou nem um pouco.

Inovação
Acredito que as principais inovações estejam presentes nos elementos referentes ao Palácio Mental e seus recursos de reconstrução de cenas de crime ou elaborações de planos, e também na evolução da escrita de roteiro da desenvolvedora, que conseguiu abordar um tema clichê de forma interessante e sólida.
Conclusão
Twin Mirror apresenta uma excelente narrativa que envolve o jogador e o incentiva a chegar até o fim da jornada de Sam.
O título introduz novos elementos narrativos e de jogabilidade ao repertório da Dontnod, mas não deixa de repetir alguns dos erros do passado como as ilusórias opções de escolha.
Apesar de apresentar uma boa história, deixa a desejar em qualidade gráfica, design de personagens e direção de arte.
* Chave Cedida para análise