Introdução
As séries de jogos de luta costumam trazer edições definitivas de seus episódios juntando todas as temporadas do jogo até ali e, em alguns casos, incluindo também conteúdo extra. O caso de The King of Fighters não seria diferente. Sua versão ultimate traz todos os personagens, DLCs, roupas extras e todas as atualizações recebidas no jogo nesses anos. Por ser um jogo de 2016 com suas respectivas atualizações, esta análise abordará pontos para pessoas não íntimas a série ou que ficaram muito tempo sem jogar. Uma vantagem dessa versão é o pacote de temas exclusivos para PS4. São bonitos e enfeitam bem a tela de menu do console.
O Retorno dos Reis
A série The King of Fighters reinou nos fliperamas durante a década de 90. Foram muitos os fatores que contribuíram para esse sucesso. Primeiramente, está época foi o boom dos arcades, os quais você encontrava em qualquer boteco. Em seguida, a empresa SNK – NEO GEO prestou muita atenção na América Latina, ao licenciar jogos e traduzi-los para o português, mesmo que ficasse um pouco estranho. Por último, a série reunia personagens de várias franquias da gigante japonesa, como Fatal Fury, Art of Fighting, Ikari Warriors, Psycho Soldier e tantos outros.
Portanto, os fliperamas eram uma grande fonte de entretenimento nos anos 90, e o sucesso da SNK – NEO GEO seguiu o dos arcades. No entanto, a empresa faliu no início dos 2000. Porém, a Playmore a comprou logo em seguida, e em 2015 teve mais de 80% das suas ações compradas pela chinesa Leyou Technologies. Portanto, KOF XIV simboliza o retorno da série, a qual não recebia um jogo desde 2010.
A história
Desde 1994, cada novo título da série KOF (como é comumente chamado atualmente) traz para seus jogadores, diversas novidades à franquia, com um gameplay intenso, e algo bem peculiar para um jogo de luta: história. Antes da SNK, jogos de luta justificavam seus embates com uma história “tapa-buraco”. Entretanto, o “Rei dos Lutadores” não só trouxe uma história, mas também sagas distintas, começando pela Saga Orochi, depois NESTS, Ash e agora a saga Verse Shun’ei.
Neste episódio, um rico empresário decide tirar o torneio KOF do submundo e criar um evento mundial de grande porte. Contudo, a história apresenta outras tramas por trás da motivação de cada time, e um novo inimigo irá surgir. Além de apresentar novos personagens, este título também arranja uma desculpa para trazer personagens queridos da SNK de volta para o cânon da série.

O jogo
KOF XIVUE possui 58 personagens selecionáveis, onde 8 são personagens extras sem relação com a história. O sistema de lutas continua com o tradicional 3X3, em que um time tem que derrotar todos os três integrantes do adversário. Além disso, uma coisa bem legal é a localização em Portguês Brasileiro.
Porém, o sistema ficou mais simples que seu antecessor. Agora, o jogador deve se preocupar apenas com as barras de especiais para realização de combos. Aqui, o jogador inicia com um limite de 3 barras especiais, mas caso perca, o jogo acrescenta outra barra cheia para o estoque até atingir o total de 5.
Já os golpes EX, os quais são golpes especiais mais fortes, o jogador os utiliza ao gastar uma barra de especial para ativar o New Max Mode. Ao ativar este modo durante a execução de um golpe, o personagem perde metade do tempo e que o modo está ativo.
Mas devo dizer que o jogo peca em sua dificuldade. KOF divide sua dificuldade em níveis, sendo a de nível 3 extremamente fácil, a número 4 é razoável e a número 5 é extremamente difícil. Essa falta de proporção, com número limitado de níveis, é frustrante porque você sairá de um nível fácil e vai para um que dificilmente passará sem perder uma luta. Isso te faz duvidar das próprias habilidades.
Os modos de jogo de King of Fighters
Apesar de ser bem divertido, o modo MISSÃO deixa a desejar nos desafios propostos. Há três tipos: um em que você enfrenta uma série de inimigos e tentar fazer o menor tempo; um que você enfrenta todos os inimigos do jogo de cada vez, mas com apenas uma barra; e o modo trial, que apresenta apenas quatro desafios de combo por personagem.
O seu TUTORIAL não é tão completo, mas dá uma boa informação do básico do jogo. Já o modo TREINAMENTO pode ser uma boa fonte de aprendizado e criatividade de táticas para o jogo. Por último, A GALERIA é legal por possuir várias artes do jogo, sendo divertido habilitá-las, inclusive as secretas.

Jogabilidade
Os controles seguem o estilo tradicional de KOF: quatro botões, dois para soco e dois para chute, porém, alguns comandos especiais foram simplificados. Alguns golpes não têm mais uma sequência de comandos complexa, o que dificultava até para os mais experientes. Tudo ficou mais fácil pela resposta dos comandos. Dessa forma, o sistema de combos precisa de menos esforço para aprender e executar, ideal para novatos na franquia.
O jogo apresenta um sistema de autocombo, em que basta apertar soco fraco várias vezes perto do oponente, e o personagem irá desferir uma sequência de golpes e se tiver barra, um ataque super especial. Infelizmente, não é possível desativar essa opção.

Visual
Como os próprios desenvolvedores informaram, eles deram prioridade à quantidade de personagens em detrimento da qualidade gráfica. Afinal, por se tratar de um jogo de times, variedade é essencial. Como citado no histórico do jogo, a SNK não teve acesso a um capital inicial para fazer um KOF com visual de excelência. Portanto, foi uma escolha árdua para o time de desenvolvimento. Soma-se isso ao fato de ser um jogo de início de geração e a utilização de um motor gráfico próprio não trazia bons resultados.
O character design também deixou a desejar. Os cenários, outra marca da franquia, decepcionaram por não apresentar a mesma quantidade de elementos e referências que seus antecessores possuíam. O visual do jogo dá a impressão de pertencer a gerações anteriores, não aproveitando o que o console oferece em questão de qualidade gráfica.

Som e trilha sonora
Ao contrário dos gráficos, os efeitos sonoros do jogo e as músicas fazem jus à franquia. Suas músicas ajudam no clima de batalha frenética. Também é possível ouvir músicas clássicas de jogos anteriores, caso alguns personagens específicos se enfrentem, por exemplo: Geese vs Terry. Outra curiosidade, é que o som de impacto de golpes de Kyo com a roupa clássica são os mesmo de KOF 94, justamente para ampliar o efeito de nostalgia.

Online de King of Fighters
O netcode, que é forma como os jogadores se conectam para jogar, deve ser bom para evitar lags e delays, os quais comprometem em muito a experiência das partidas. Dessa maneira, ainda que King of Fighters XIV Ultimate Edition tenha uma conexão razoável, deixa a desejar ao enfrentar adversários mais distantes, sendo um grande problema para um país continental como o Brasil.
Ainda outro fator que prejudica a experiência online é a falta de jogadores para interagir. Durante a análise, foram feitas algumas pesquisas por salas e foram encontradas apenas em outros países (foi necessário ativar para procurar em todas as regiões do mundo). Com o propósito de evitar a escassez de disputas online, muitos jogadores se reúnem em grupos em redes sociais para combinar partidas. Infelizmente, para os amantes de troféus, fica mais difícil cumprir os desafios que requer partidas na rede tais como as lutas rankeadas.
Conclusão
The King of Fighters XIV Ultimate Edition é um compilado de todo o conteúdo desse episódio da série. Não traz novidades além dos papéis de parede exclusivos. Devido ao momento que a SNK estava passando, muito do seu conteúdo foi prejudicado, porém, não deixa de ser um jogo divertido até para momentos single-player.
O jogador vai comprometer boas horas de jogatina tentando vencer os desafios, habilitar todas os itens da galeria e terminar com todos os times para entender melhor a história. Essa edição definitiva é recomendada para quem nunca jogou ou ficou muito tempo afastado de KOF.
The King of Fighters XIV Ultimate Edition possui lançamento agendado para 20/01/2021.
*Análise feita em PS4 FAT com código cedido.