Introdução
Windfolk é um shooter de aventura em terceira pessoa lançado no dia 12 de janeiro de 2021 para Playstation 4, foi desenvolvido pela Fractal Fall e faz parte da iniciativa Playstation Talents. A Sony peca em não divulgar bem os jogos dessa iniciativa, pois a obra desta análise é bem agradável.
Nada de pés no chão
Windfolk te coloca na pele de Esen, uma mulher que fugiu de um laboratório de experimentos e agora está retomando sua vida em outro lugar. A protagonista possui temperamento forte e o game faz questão de te lembrar disso a quase todo instante.
Esen possui um companheiro em sua aventura, Batrax. Este auxilia a personagem principal nas suas missões e ensina as regras dessa nova casa em que heroína está inserida. Os dois possuem uma relação que desenvolve conforme a narrativa anda, mas nada muito significante.
O foco de Windfolk está na jogabilidade. A protagonista possui um jetpack e o usa para locomover-se através dos cenários. Apesar disso, o jogo não te impede de andar no chão, mas também não te motiva a isso.
A obra quer que você se mantenha nos céus, tem até mesmo uma frase de impacto no jogo para isso. Com os combates e objetivos distribuídos pelas diversas partes do cenário, você irá aproveitar e explorar todos os pontos do mapa através da mecânica de voo.

Dançando no ar
Voar e perambular por aí nunca foi tão gostoso. A Fractall Fall faz um belo trabalho em criar uma mecânica simples e responsiva que é acessível para qualquer tipo de jogador. Assim sendo, a experiência com o jogo não fica cansativa ou entediante e sim, satisfatória.
Primeiramente, apenas dois botões te oferecem o recurso básico do jogo. Segundo, o cenário construído te instiga à exploração aérea, compostos por ilhas voadoras, anéis de pedra no alto delas e elementos que as ligam fisicamente. Todos esses componentes juntos produzem uma sensação de curiosidade no jogador.
A narrativa é toda construída para que o jogador use e abuse desse sistema criado. Windfolk te mostra o ponto A e o ponto B, mas como você fará para se deslocar entre eles, está sob seu controle.

O caminho de Esen
No quesito narrativo, Windfolk não tem brilho. A história foi criada para dar sustentação ao jogo que tem como foco oferecer uma boa jogabilidade.
O começo já não é muito animador. Logo no início, Esen fala com Batrax e é perceptível que os dois se conhecem há pouco tempo. Com tom de “pai” que dita as regras, Batrax guia Esen pelos objetivos das missões.
O problema é que não fica muito claro o que exatamente são esses objetivos. Por isso, a impressão que fica é de que precisaram criar algum contexto para fazer que Esen e Batrax estivessem juntos, pois a relação dos dois não é natural.
Além disso, a história não oferece plot twist ou algo diferente do roteiro básico. Um vilão, um herói desacreditado e o amigo do protagonista. A narrativa não favorece mas também não decepciona, é mediocre.

Jogabilidade
Sem dúvida, já ficou evidente o quanto a mecânica de voo é agradável, porém, ainda não ficou claro como ela conversa com o restante do jogo.
O combate em Windfolk é básico. Sendo um shooter em terceira pessoa, o game simplifica bastante o ato de mirar. Ele aloca uma grande parte na tela como mira, facilitando atingir os inimigos.
Essa mecânica de mira citada pode ser estranha no início, mas conforme avançamos na história ela fica mais clara. Além disso, é mais explorada pelo próprio game que adiciona novas armas que interagem com ela de forma diferente.
Portanto, ao criar um jogo com foco no fluxo do personagem, a Fractal Fall encontrou uma bela forma de unir o combate à movimentação. Assim sendo, o jogador não se preocupa com a precisão dos disparos e pode se movimentar mais livremente.

Combate
Ainda sobre a jogabilidade de Windfolk, o combate é fluido e divertido. Preenche o tempo que foi dedicado a ele na medida exata, seja no combate mais simples ou até nas lutas contra chefes. A movimentação é de extrema importância aqui. Além dela como esquiva padrão, o game oferece a opção de um dash rápido para desviar.
Apesar disso, o combate tem uma curva de aprendizado interessante. Você não precisa gastar tempo aperfeiçoando, mas, caso queira, dá para ficar bem ágil e veloz. Os desafios padrões não apresentam grande dificuldade e os chefes são de médio para difícil.
Modo Arcade
Podemos dizer que o modo história de Windfolk é curto, dá para terminar em uma jogatina um pouco mais longa. Dessa forma, para os entusiastas do jogo que querem curtir um pouco mais da obra, existe o modo arcade.
Neste modo o jogador possui uma série de desafios para vencer. Com o fim de estimular o jogador, são diversas fases que alternam entre combate e corrida contra o tempo, cada uma com seus próprios objetivos.
Portanto, a Fractal Fall pensou em como adicionar conteúdo no jogo de uma maneira diferenciada e que acrescentasse na experiência do jogador. O trabalho no modo arcade foi bem feito, ele é divertido e desafiador.
Exploração
Um ponto bem legal de Windfolk é a possibilidade de exploração do mapa. Existem pontos escondidos que acrescentam conteúdo na história do jogo, ajudando o jogador a entender mais do mundo.
Os mapas são bonitos e possuem locais interessantes que chamam atenção. Parar no topo de uma pedra e observar a paisagem também é bem gratificante. Apesar de pequenos, cada ponto do mapa tem seu charme.

Parte Artística
A direção de arte da obra é boa. Cores com uma saturação mais elevada, trazendo vida para cada parte do game, os traços são tradicionais de uma boa produção 3d e a composição de cenários funciona bem. Porém, algumas animações são travadas, como, por exemplo, o andar de Esen.
Entretanto, na parte sonora, o jogo peca em alguns aspectos. Alguns bugs são perceptíveis: som de uma nave se repete incessantemente em uma missão, no modo arcade, ao reiniciar a partida antes do final o som fica abafado e as cutscenes são bem mais altas do que o jogo, o que causa desconforto.
Todavia, as músicas são bem feitas e combinam com o jogo. A fim de imergir o jogador em cada cena, Windfolk tem trilhas cadenciadas e também agitadas, que conversam perfeitamente com o momento em que acontecem. Canções típicas de um jogo de aventura, mas com uma pitada mais “aérea” que te coloca nas nuvens, a obra liga sua trilha sonora ao seu propósito.

Conclusão
Windfolk é uma boa experiência. Com uma jogabilidade diferente e bem feita, ele traz elementos agradáveis e que podem ser estudados e evoluídos pela indústria para criar experiências diferentes. Ele tem seus problemas com a história rasa e mixagem de som, mas isso não estraga a experiência. Algumas quedas de FPS também estão presentes, mesmo que não constantes. No fim, Windfolk é um bom começo para a Fractal Fall no cenário de desenvolvedora de jogos.
* Chave concedida para análise.