Introdução
Woodsalt é um jogo de aventura e terror, que foi desenvolvido pela Team Woodsalt, um estúdio em Londres na Inglaterra. Seu lançamento está previsto para o dia 26 de janeiro de 2021 para a Steam e para Nintendo Switch. O jogo se passa no planeta chamado Nu-Terra, 1000 anos após a Terra ser evacuada por conta de vários desastres naturais e ataques de criaturas gigantes.
Você controla o personagem principal, chamado Emcy. Ele acaba de ser acordado do sono profundo a que todos os humanos foram submetidos para viajar pelo espaço. Você irá explorar a cidade de Nu-Terra, conhecer seus habitantes, e buscar um lugar para você neste novo mundo. Porém, estranhas visões assombram nosso protagonista, que podem indicar que algo terrível está para acontecer.
Aviso: Ele não é um jogo indicado para crianças e aborda temas pesados como suicídio.
Nu-Terra e seus habitantes
A história do jogo se inicia com Emcy acordando do sono profundo. Sua irmã Gi, e a pesquisadora Angelica, estão lá para orientá-lo. Gi explica toda a situação para você. Após as catástrofes na Terra, a humanidade escapou em gigantes naves, com capacidade para milhões de humanos em cada. Por ser uma viagem longa, todos foram colocados para dormir, e deveriam acordar apenas quando a Terra fosse segura para retornar.
Porém, algo de errado aconteceu em sua nave, que realiza um pouso forçado em um planeta desconhecido. Apenas alguns poucos humanos, engenheiros e cientistas, despertaram para cuidar da nave. Mas, os reparos são mais difíceis que o esperado, e cada vez mais humanos despertam. Eventualmente, esses humanos desenvolvem uma cidade em torno da nave, e começam a viver por lá.
Agora, centenas de anos depois do acidente, a cidade é uma comunidade relativamente próspera, e boa parte dos seus habitantes nasceram neste planeta. Sua irmã, Gi, despertou 10 anos antes para auxiliar nos reparos da nave, mesmo objetivo por trás de seu despertar.
Você poderá explorar a cidade de Nu-Terra, conhecer seus habitantes, suas histórias, e suas opiniões sobre um possível retorno à Terra. Apesar de este ser o objetivo final, nem todos concordam com essa ideia, e preferem que a humanidade fique em Nu-terra, ao invés de se arriscar numa viagem para um planeta uma vez devastado.
Contudo, visões bizarras sobre tragédia e morte assombram as noites de Emcy. Visões que o deixam perturbado, pois parecem prever o que acontecerá no futuro. Dessa forma, será seu trabalho conhecer o mundo e seus habitantes, além de investigar o que está acontecendo e o que essas visões significam, além de tentar impedir o que quer que possa acontecer no futuro.

Um jogo inspirado em Persona
Um dos pontos que mais chamam a atenção em Woodsalt é ele ter como inspiração a série Persona. O diretor criativo, George Berry, citou em um de seus Tweets que Woodsalt seria um jogo como Persona 4 Golden, mas sem a necessidade de grinding. Então, isso o levou a retirar todo o sistema de batalha para focar nos aspectos sociais do jogo.
Portanto, o jogo traz diversos personagens que afetam a trama, seja de forma direta ou indireta. Cada um tem um problema e uma história diferente. Logo, sua missão como jogador é auxiliar esses personagens a tomarem decisões, não existindo uma escolha certa ou errada. Cada escolha resultará em finais diferentes para cada personagem.
Além disso, é impossível você conseguir ver todo conteúdo do jogo em apenas uma gameplay, com duração média de 8 a 10 horas. Então você deverá escolher com quais personagens irá se conectar para saber mais sobre suas histórias e também auxiliar no que ele precisar.

Além disso, o jogo ainda tem 3 finais para a história principal, e outros 22 finais somando todas as side quests dos personagens secundários. Como cada desfecho afeta o final, você tem a sensação de que está ajudando a moldar o destino desses personagens.
Jogabilidade
Visto que o jogo quer trazer apenas os Social Links da séries Persona, sua mecânica é muito simples. Você viaja pela cidade em busca das pessoas para interagir, e entra em um capítulo da história delas. Como o tempo é dividido em dias, você só pode conversar com um número limitado de pessoas antes de ter que ir dormir. Portanto, é importante decidir a história de quais personagens você quer acompanhar, antes que os dias acabem.
A abundância de personagens mostra o quanto essa história é importante para os desenvolvedores, e seu objetivo de criar um universo rico. Sabendo disso, não é de se estranhar que o script tenha mais de 500 páginas, como um tweet de 2017 dos desenvolvedores mostrou. Isso deixa claro o quanto eles se empenharam neste mundo.
Assim, o maior problema em Woodsalt, que pode fazer o jogador não aprecia-lo, é a sua jogabilidade. Apesar de você controlar o personagem pela cidade, o jogo acaba se tornando uma grande visual novel em 3D. Ou seja, se você não entrar no jogo já sabendo disso, pode acabar cansando ao esperar que a parte de “tutorial” termine, o que nunca ocorrerá.
Outros jogos narrativos, como Heavy Rain, alteram sua jogabilidade em pontos específicos do jogo. Situações mais tensas, por exemplo, apresentam alguma jogabilidade nova, como QTEs, para dar maior tensão ao jogador, e incluir um elemento de falha. Todas as interações em Woodsalt se resumem a escolhas em um menu.
Portanto, não há outras atividades a se fazer pela cidade, como um puzzle ou mini-game, o que pode deixar o mundo um pouco menos interessante de se explorar. Resumindo, toda a experiência em Woodsalt é voltada para história, não jogabilidade.

História e Roteiro
Certamente, a vastidão da história e do roteiro do jogo é o seu maior ponto positivo. A introdução é bem simples e explica todos os pontos para realmente te colocar naquele universo. Porém, o plot principal só te fornece informações gradualmente.
Os plots dos personagens secundários são muito bem planejados e carismáticos com relação àquele universo. Apesar dos detalhes parecerem simples, quando unidos se tornam uma grande teia de conhecimento. Um exemplo disso são os NPCs que falam sobre a fauna e flora do planeta. Mesmo que explicações sobre as diferenças entre Terra e a Nu Terra, sobre seus diferentes animais e plantas, pareçam inúteis, podem se tornar importantes para alterar o final do jogo.
Porém, para conhecer todo o universo do jogo, você terá que zerar ele mais de uma vez. Apesar de existirem muitos plots a serem explorados, a quantidade de dias disponíveis é insuficiente para se aproveitar tudo de uma vez.
Arte e Trilha Sonora
Apesar de simples, a arte do jogo é muito interessante, pois traz personagens com estilo chibis, semelhantes à Final Fantasy III e Final Fantasy IV do Nintendo DS. Ainda assim, adiciona um elemento creepy e assustador, com algumas pitadas de gore e personagens bem sombrios.

Além disso, podemos perceber que os cenários se baseiam naqueles antigos jogos como Final Fantasy VIII. Similarmente, a visão da câmera e a movimentação do personagem, também se baseiam em jogos de DS, trazendo mais pontos de nostalgia para os fãs de JRPGs.
Apesar de não ter um mapa muito grande, o jogo apresenta uma boa diversidade de cenários a visitar, com uma boa dose de detalhes em cada. Você pode visitar laboratórios, apartamentos, mercados e bares. Contudo, as texturas apresentam uma qualidade bastante variada. Embora locais fechados como casa e laboratórios tenham texturas de alta resolução e detalhadas, a cidade apresenta texturas borradas difíceis de não notar.

Mesmo sendo um jogo com personagens chibis, existem algumas cenas bastante violentas no jogo. Em algumas cenas, há o uso de armas de fogo, sangue, incêndios, mortes, entre tantos outros. Portanto, isso traz um teor adulto para o jogo, mesmo que ele possua esse ar mais leve por conta das cores e a forma que foi produzido.
Similarmente aos gráficos, a trilha sonora também apela para o simples, mas nostálgico. Suas músicas são, na maior parte, curtas e calmas, mas apresentam um charme característico dos jogos da era do Playstation 1. Mas, conforme as situações se agravam, a música também se engrandece. Os eventos que fogem do comum, como desastres, tem faixas que te prendem mais a situação, fazendo com que seja mais imersivo.
Conclusão
Woodsalt é um grande jogo para aqueles que gostam de conhecer um universo por completo. Ele possui uma mecânica simples, que apenas envolve a conversa entre os personagens e as suas decisões, mas acaba fazendo isso de uma forma que te deixa curioso por seu mundo.
Quando o jogo chega ao final pela primeira vez, o jogador já estará tão conectado com aquele universo que terá vontade de jogar novamente para conhecer a história das outras pessoas que não teve a oportunidade de ver a primeira vez. Pode até mesmo tentar chegar a outro final por conta da diversidade de opções que o jogo possui.
O jogo peca em alguns aspectos como a jogabilidade, pois acaba apenas se tornando um jogo onde você anda e fala com os personagens, e consequentemente não possui grandes inovações.
Apesar de sua arte ser chibi, este é um jogo que apresenta temáticas bastante pesadas, e assim, consegue passar repentinamente do fofo para o bizarro em questão de segundos.
Para aqueles que procuram um jogo mais calmo, um bom roteiro e com um fator replay muito grande, esse jogo foi feito para você.