Introdução
Atelier Ryza 2: Lost Legends & The Secret Fairy é o mais novo jogo da série Atelier, que existe desde 1997. É um jogo de RPG com grande foco em crafting, onde acompanhamos as aventuras da jovem Ryza, uma alquimista. Foi desenvolvido pela Koei Tecmo e pela Gusto Co., sendo lançado no dia 26 de janeiro de 2021 para Playstation 4 e 5, Nintendo Switch e para PC. A análise do primeiro jogo você pode conferir aqui.
Uma Nova Aventura
Começamos essa história com a chega da nossa heroína à grande capital. Vinda de um pequeno vilarejo em uma remota ilha, Reisalin Stout, também conhecida como Ryza, recebeu uma carta de seu velho amigo Tao, a convidando para a capital. Em seus estudos, ele encontrou relatos sobre ruínas antigas na região que podem estar relacionadas a alquimia.
Este é um assunto que a interessa bastante, afinal Ryza é uma alquimista. Isto é, ela é capaz de unir diversos itens para criar outras coisas. Por exemplo, ela pode misturar diversas plantas e frutas para criar poções, ou unir metais e outros materiais e criar armas e equipamentos para suas aventuras.
Mas não é apenas por curiosidade profissional que ela está viajando, pois, esta história começa 3 anos depois das aventuras que ela e seus amigos tiveram no primeiro jogo. Então, esta também é uma oportunidade para ela reencontrar com velhos conhecidos, e ainda conhecer novos lugares e pessoas.
Além de pesquisar ruínas, ela também deve descobrir informações sobre uma misteriosa joia, entregue a ela por um conhecido de sua vila. Esta joia começou a emitir um brilho depois que Ryza retornou de suas aventuras no primeiro jogo, apesar de ter ficado vários anos apagada.
Assim sendo, você acompanhará Ryza em suas viagens, enquanto ela reencontra seus amigos aventureiros, faz novos aliados, e explora as ruínas da região. Além disso, ela enfrentará diversos monstros, conhecerá histórias e lendas de reinos há muito tempo esquecidos, e vai encontrar uma criatura capaz de mudar sua vida para sempre. Tudo isso, enquanto coleta materiais para suas receitas alquímicas.

Precisa jogar o primeiro?
Apesar de ser uma continuação direta, sua história é fácil de entender para quem não jogou o primeiro, como eu. No pior caso, apenas algumas referências a acontecimentos e personagens serão perdidas, mas nada que afete a experiência.
Com isso, o jogo faz um bom trabalho em apresentar os personagens para quem não jogou o primeiro. Porém, isso pode ser uma característica até irritante para veteranos. Mesmo que ajude, a quantidade de vezes que a história tem de parar e apresentar um personagem e explicar sua ligação com a Ryza é grande. A própria Ryza se apresenta diversas vezes para cada personagem novo que apareça, mesmo que este vá aparecer apenas uma vez na história.
Da mesma forma que os personagens não exigem um conhecimento prévio, a trama não depende do primeiro jogo. É uma história auto-contida, que acontece em outra região do mundo, e lida com outros personagens e perigos.
Portanto, este é um jogo fácil de novatos acompanharem, e não exige um conhecimento profundo da série, nem de personagens anteriores.
Trabalhando em seu Atelier
Sendo uma história sobre uma garota alquimista, nada mais que natural que o foco deste jogo esteja no crafting, e em criar coisas. E aqui está o grande forte do jogo.
O que torna Atelier Ryza um jogo viciante é seu loop principal. Todo jogo tem um gameplay base onde tudo gira ao redor. No caso, este é o de criar itens através da alquimia. O processo é simples: você vai até seu Atelier, onde ficam os equipamentos de alquimia, e lá você pode escolher uma das receitas para criar.
Cada receita exige uma série de tipos de materiais, mas você pode escolher quais itens irá usar. Por exemplo, uma receita pode exigir uma madeira, um minério e algumas plantas para criar. Então, você pode selecionar algum tipo de madeira, minério ou planta para utilizar. Cada item vem com um nível de qualidade associado, assim como um elemento e um atributo.
Tais características são importantes para o processo, pois afetam diretamente o resultado final. O que torna esse sistema único é o fato de que temos um maior controle sobre o processo de criação. Não basta apenas colocar uma madeira na receita, temos que escolher aquela que tem a melhor qualidade e características para potencializar o item final.

Crafting e Crafting
Além de servir para criar itens, a alquimia também serve para evoluir a personagem. Diferente do normal, a árvore de habilidades neste jogo não depende de experiência de combate para evoluir, e nem fortalece a personagem com mais pontos de status ou skills novas. Aqui, a árvore de habilidade libera novas funcionalidades de alquimia.
Com cada item criado, você recebe SP (synthesis points), que são usados para comprar novos nós na árvore de habilidades. Estes nós liberam diversas melhorias para a sua síntese de itens, que vão desde novas receitas, passando por aumentar a qualidade máxima dos itens criados, e até liberando novas funções, como fortalecimento de itens.
Mesmo que este sistema não afete diretamente o combate ou os atributos do personagem, ainda passa a sensação de evolução, e ajuda no fortalecimento da equipe. Estas novas receitas permitem criar equipamentos melhores e mais poderosos, e dá mais opções de itens a serem usados em batalha.

Assim, a qualidade do produto final depende da qualidade dos materiais usados em sua síntese, como é chamado o processo de criação. Isso é ótimo, pois te oferece uma participação mais ativa no processo de criação dos itens. Ou seja, ele se destaca dos sistemas de outros jogos ao dar mais controle para o jogador em como realizar o crafting, o que leva a uma sensação melhor ao receber o produto final, já que ele saiu exatamente do jeito que você queria.
Batalhando
Mas não só de alquimia vive uma garota, é preciso batalhar e juntar os materiais na natureza.
O combate em Atelier Ryza segue um sistema de RPG por turnos, mas que cada personagem e monstro tem uma velocidade em que carrega seu turno. Isto é, apesar de cada personagem esperar a sua vez para atacar, a ordem é determinada pelo atributo de velocidade de cada uma. Além disso, é um sistema onde magias e golpes especiais não usam Mana, ou MP, mas sim outros tipos de pontos.
Cada golpe normal gera Action Point (AP), que são gastos para utilizar skills, cujo dano é maior. As Skills, por sua vez, podem gerar Core Crystals (CC), pontos que são gastos quando um personagem usa itens em batalha. Aqui está outro ponto em que Atelier Ryza se diferencia, pois os itens não são consumidos se usados em batalha, mas você precisa de pontos de CC antes de usá-los.

Você pode usar até 3 personagens nas lutas. Apesar de você só controlar um de cada vez, seus companheiros podem pedir que você use um tipo de skill em específico, para poder usar uma habilidade própria mais forte. Assim, enquanto você luta, podem vir pedidos para usar uma skill de dano físico ou mágico, que em troca leva o companheiro a dar um golpe devastador, ou um buff à equipe toda.
Por fim, sua câmera é bastante dinâmica, que usa e abusa dos closes e ângulos épicos, o que torna seu combate energético e viciante. Apesar de sua dificuldade e complexidade não serem tão altas, ainda é variado o suficiente para te manter entretido durante todo o tempo de jogo.
Exploração e Loop principal
Certamente, Ryza irá precisar de muitos materiais para suas alquimias. Então, você deve explorar diversas áreas e ruínas em busca de novos ingredientes para utilizar. Portanto, cada mapa novo que você visita traz consigo novas possibilidades de receitas.
Assim sendo, cada nova área traz diversas possibilidades de evolução, indo além de novos monstros que dão mais experiência. Certamente, esta é uma característica viciante deste jogo. Enquanto você está explorando uma nova área, também está coletando novos itens e enfrentando novos monstros.
Como resultado, você se sente constantemente realizando progresso, pegando level com o personagem e criando itens mais poderosos
Em resumo, o jogo segue um padrão de encontrar uma área nova, que traz novos monstros e materiais, que permite criar itens mais poderosos.
Mundo de anime
Afinal, estes viciantes sistemas de crafting e combate deveriam estar acompanhados de um gráfico bom, certo? Certamente que sim, e é o caso de Atelier Ryza. A arte do jogo é muito rica em detalhes e cores, apesar de as texturas serem mais simples. Conforme explora as regiões, os cenários mudam e te dão aquela sensação de entrar em uma região nova e cheia de tesouros a descobrir e segredos a desvendar.
Entretanto, a animação dos personagens deixa a desejar, com movimentos bastante limitados, especialmente em cutscenes em que eles passam a maior parte do tempo parados. Porém, durante as batalhas, as animações se apresentam muito mais elaboradas e bem trabalhadas, compensando as cutscenes.
Além da arte, a trilha sonora e dublagem te puxam para este mundo de anime, com músicas muito divertidas e relaxantes. Isto é bom durante a exploração, mas senti falta de uma música que embalasse melhor as batalhas, ou que desse uma sensação de perigo maior.
Conclusão
Atelier Ryza 2 apresenta uma história capaz de prender quem jogou o primeiro game, mas que não esquece de apresentar seu mundo e personagens para aqueles que estão começando aqui. Apesar de ser uma narrativa simples, é divertida e tem personagens carismáticos. Porém, seu verdadeiro trunfo está no sistema de Crafting.
Criar itens em Atelier se mostrou uma atividade muito mais prazerosa e envolvente que outros jogos com uma mecânica similar, mas não tão profunda. O loop principal do jogo, de encontrar áreas novos, com novos materiais para criar novas itens, é muito viciante e carrega toda a empolgação de avançar com o jogo, mesmo quando a história dá uma esfriada.
Portanto, Atelier Ryza 2 é um ótimo jogo para quem não conhece a série ainda, como eu, e apresenta uma jogabilidade muito divertido e viciante, apesar da história demorar para pegar embalo.
* Chave cedida para análise