Introdução
“Nossa, mas que jogo simpático!”, essa foi a minha primeira impressão ao jogar Blue Fire. Se inspirando em títulos e franquias famosas como Zelda, Hollow Knight e Dark Souls, nasce Blue Fire. Nesse sentido, o título em questão trata-se de um jogo com elementos de metroidvania somado aos de hack ‘n slash, de plataforma e de souls-like.
O jogo foi lançado no começo de fevereiro e está disponível para Nintendo Switch e PC. Para esta análise, a plataforma avaliada será o Nintendo Switch. Confira abaixo, o trailer do jogo:
Penumbra
A história se passa em Penumbra, uma cidade flutuante. Ela foi erguida pelos antigos deuses para escapar da corrupção e proteger o que sobrara de seu povo. Apesar da aparente solução, em algum ponto no tempo, a cidade finalmente foi invadida pela corrupção. Portanto, monstros surgiram em seus domínios, os deuses restantes foram aprisionados e a rainha foi corrompida. Quando tudo parecia perdido, eis que surge um herói.
O Guerreiro
O protagonista do jogo é um personagem simplesmente adorável. Pequenino e fofinho. Apesar da aparência, ele é tratado por todos no jogo como Guerreiro. Blue Fire não deixa claro como o Guerreiro surgiu, mas pelo que o jogo insinua no começo, ele foi o produto de experiências científicas cruéis para que ele se tornasse um ser metade fogo/luz e metade sombra/corrupção.
Assim como todo bom metroidvania, o protagonista nunca começa o jogo com todas as suas habilidades. Portanto, é necessário adquirí-las ao longo da jogatina. Dentre as habilidades que podemos desbloquear, temos: salto duplo, correr e pular em paredes, ataque giratório, corrida rápida, raios de fogo.
Para desbloquear essas habilidades é necessário interagir com os habitantes de Penumbra para obter informações e completar missões.
Os Habitantes de Penumbra
A primeira vista, a cidade é deserta. Conforme o jogador explora as diferentes áreas, encontramos os primeiros NPCs. Eles ficam concentrados especialmente na Cidade de Stoneheart e na Cidade do Vapor. Além de povoar o jogo, os NPCs oferecem missões secundárias para o Guerreiro. Cada missão secundária tem uma recompensa atrelada.

As recompensas variam desde ítens cosméticos até novos pares de espadas e espíritos. Muitas vezes essas missões rendem itens que vão ser úteis para outros pedidos de NPCs.
Desfilando por Penumbra com Estilo
Esse é um dos aspectos em que Blue Fire se diferencia dos demais metroidvanias. O jogador pode customizar o Guerreiro com novas túnicas e skins desbloqueáveis ao longo da jornada. Inclusive há um NPC na cidade de Stoneheart responsável unicamente por vender cosméticos.
Porém vale ressaltar que eles são apenas isso: cosméticos. Trocar a skin não representa mudança nos stats do Guerreiro. Contudo, para as espadas a história é outra. Conforme desbloqueamos novos pares de espadas, o valor do ataque sobe consideravelmente.
Espíritos
Lembram-se dos amuletos de Hollow Knight? Em Blue Fire existe algo parecido. Nesse caso, estou falando dos espíritos. Os espíritos podem ser adquiridos ao longo da exploração das diferentes áreas, como recompensa de missões ou então, podem ser comprados.
Cada espírito oferece um buff diferente. Dentre eles: correr mais rápido, dar dashes longos, aumento da força de ataque, redução de danos, etc. Vale dizer que só é possível equipá-los em santuários do fogo.
O Nada
Como mais uma forma de upgrade do Guerreiro, temos os Nadas. Os Nadas comportam-se como as shrines em Zelda. Você entra no Nada e deve completar desafios de plataforma para ganhar novos corações para o Guerreiro. Nesse sentido, o jogo manda muito bem. Ele dá a liberdade ao jogador de usar todas as habilidades adquiridas em desafios de parkour (praticamente).

Mas isso tem um “porém” bem grande. Se você morrer em algum ponto do Nada, você volta para o começo. Eu particularmente achei isso “um tiro no pé”. Afinal, nem todos os desafios são simples. Muitos deles são complexos e exigem timing e precisão perfeitos. Além disso, alguns apresentam um trajeto bem longo a ser percorrido.
Se a intenção disso era para justificar dificuldade, já aviso que colocar ou não um checkpoint no meio do caminho não torna os desafios mais fáceis. Até porque geralmente as mortes se concentram em um único ponto específico do desafio.
Santuários do Fogo
Os santuários do fogo se equiparam aos bancos de Hollow Knight ou as fogueiras de Dark Souls. Ao encontrar um santuário, você gasta minério (a moeda do jogo) para desbloqueá-lo. Ao encontrar um santuário, você garante um checkpoint para aquela área e toda vez que morrer, retornará para lá.

Ideia boa mas ao mesmo tempo mal aplicada. Os checkpoints são bem escassos no jogo. Em geral, as regiões apresentam apenas um único checkpoint. Se compararmos isso ao mesmo recurso de outros jogos, em Blue Fire ele se apresenta bem, senão muito punitivo. Isso especialmente em relação a recuperar minérios perdidos.
As vezes morremos em estágios avançados da área e perdemos todo o minério. Para recuperá-lo, basta encontrar sua sombra de luz. Mas, se os checkpoints não cooperam, isso leva o jogador a morrer novamente passando por desafios nas áreas sem necessidade. Logo, minério perdido.
Dark Souls? É você?
Longe de questões voltadas ao gameplay, nessa parte vou me focar na arte. Conforme explorava Penumbra, ficava evidente que a ambientação inspirou-se fortemente em Dark Souls. A pegada medieval e cavaleiresca, os ambientes cinzentos e melacólicos, as torres do castelo. Tudo me lembrava muito o primeiro título da série Souls. Innclusive, a Cidade de Stone Heart me lembrou demais Firelink Shrine.
Confira abaixo algumas imagens da arte de Blue Fire:




Morte, Combate, Bugs à parte
Como todo jogo, Blue Fire também apresenta problemas. Os principais problemas que detectei foram: a distribuição de checkpoints (que mencionei acima), os crashes constantes em certas partes do jogo, problemas na hitbox, e alguns chefes não detectavam dano ao serem atingidos.
Sobre os crashes, eles aconteciam ou em momentos aleatórios (com pouquíssima frequência) ou no combate contra chefes. Por algum motivo o jogo simplesmente fechava.

Sobre a hitbox, o principal problema encontrado foi em relação ao sistema de mira e combate áreo. O combate em solo é bem fluido, mas no ar a história é outra. É bem difícil de acertar os inimigos e muitas vezes o sistema de mira e hitbox não conseguiam coordenar os saltos e dashes na direção do inimigo. Parece bobagem, mas muitos inimigos no jogo são aéreos, inclusive chefes.

Em relação ao chefes, de forma geral, o combate é desafiador e envolvente. Porém, isso não se aplica ao chefe final. Perdi as contas de quantas vezes conseguia superar o escudo do inimigo, começava a bater, e o jogo não registrava o dano.
Conclusão
O mix Zelda com Hollow Knight funcionou muito bem. Blue Fire tem uma lore interessante e um protagonista fofinho e carismático. No entanto, deixa a desejar em jogabilidade. Problemas constantes de bugs e falta de polimento como hitbox mal feita, chefes que bugam quando você ataca, crashes frequentes, e checkpoints mal distribuídos arruínam a diversão.
Apesar de tudo, é um jogo que eu recomendo que todos joguem, mas não no Nintendo Switch. Dê preferência pelo PC. Acredito que a performance e desempenho serão muito melhores nas demais plataformas. Fiquem ligados no Garota no Controle para mais análises como esta.
*Chave cedida para análise