Introdução
Gravity Rush foi o jogo me convenceu a comprar um PS Vita em 2013. Quanto mais eu assistia trailers e gameplays do jogo, mais ele me encantava, fosse pelo aspecto de quadrinhos ou pelo mistério da protagonista e seus poderes. Mas o que mais me conquistou no jogo da Japan Studio foi a possibilidade de controlar a gravidade.
Originalmente, o jogo foi lançado em 2012 para PS Vita. A proposta era utilizar as novas tecnologias do portátil da Sony para trazer uma nova forma de imersão aos jogadores. E acreditem, funcionou muito bem. Nesse sentido, após o sucesso da versão de 2012 e com o lançamento do Playstation 4 entre 2013 e 2014, a Japan Studio resolveu lançar uma versão remasterizada do jogo para os consoles atuais sob o título Gravity Rush Remastered. Antes de mais nada, confiram o trailer do jogo abaixo:
Uma garota, Uma maçã e Um gato
O jogo começa com uma maçã caindo de uma árvore distante, num local alto. Ela cai e cai eternamente até encontrar uma garota adormecida num beco de uma cidade desconhecida. Ao acordar, fica evidente que a garota não se lembra de nada, nem de seu nome e nem mesmo de seu companheiro felino ao seu lado.

Nossa protagonista mal desperta e já se envolve numa confusão gravitacional. Ao passo que a confusão se intensifica, os cidadão pedem a sua ajuda desesperadamente, e, portanto, ela deve salvar um garoto que está prestes a ser levado por uma tempestade. Mas como salvar o garoto se ela não tem nenhum poder ou habilidade especial? É aí que ela se engana. Nosso charmoso gatinho tem o poder de manipular a gravidade em conjunto com a garota. Desta forma, nossa protagonista misteriosa manipula a gravidade e assim ela salva o dia. Porém não sem causar certo estrago à cidade.
Conforme a protagonista conhece novos personagens, ela recebe o nome de Kat, por andar sempre junto de um gato. O gato ela passa a chamar de Dusty. E Assim nasce a heroína e “Rainha da Gravidade”, Kat.
Hekseville
Inicialmente Gravity Rush intriga o jogador sobre a identidade de Kat, de onde ela veio e como ela acabou parando na cidade de Hekseville. Nesse meio tempo, ao explorar Hekseville, Kat descobre que a cidade está incompleta.
Hekseville é uma cidade flutuante no espaço-tempo assolada por tempestades gravitacionais. Essas tempestades levam os habitantes da cidade para o desconhecido e são responsáveis pelo desaparecimento dos demais setores da cidade. Não se enganem pelo tamanho do mapa inicial do jogo, afinal de contas, Gravity Rush é um jogo de mundo aberto amplo. Inicialmente, o jogador tem acesso apenas ao distrito de Auldnoir. Junto de Auldnoir, o jogador deve resgatar os 3 distritos restantes da cidade, Endestria, Pleajeune e Vendecentre.
Confira um pouco de cada distrito abaixo:
Cada distrito apresenta uma função diferente dentro da cidade e tem uma atmosfera própria. Endestria é o setor industrial. Pleajeune é o setor de entretenimento. Vendecentre é o centro da cidade. Auldnoir é o setor habitacional. Vale dizer que cada distrito é bem povoado com moradores e população distinta. Então não se preocupe. Hekseville passa longe de uma cidade morta.
Cair ou voar, eis a questão
Como sabemos, Kat é capaz de manipular a gravidade. Para se deslocar pela cidade, basta ativar a gravidade zero, apontar e cair. Sim, cair. Esse “cair” é comparável a habilidade de voar, mas de fato a protagonista está caindo. O que acontece é uma inversão da gravidade e o sentido em que Kat cai. Inclusive é possível andar no teto e em paredes.

A habilidade de cair é a primeira e principal habilidade de Kat. Além disso, é possível desbloquear a habilidade de deslizamento gravitacional ao decorrer da história. O deslizamento permite que a protagonista ande pela cidade com se realmente estivesse deslizando de um morro ou em uma decida (mais um exemplo de manipulação da gravidade e inversão de vetores de queda).
Dualshock 4/Dualsense
Todas as mecânicas de manipulação da gravidade foram feitas com o PS Vita em mente, porém, foram fielmente adaptadas para o Dualshock 4 e para o Dualsense. Para ativar algumas habilidades, basta o clique de um botão. Mas para outras é necessário o uso do touchpad e do sistema de giroscópio dos controles. Vale dizer que o uso do giroscópio é opcional. O jogador pode desativá-lo no menu, e substituí-lo pelo uso dos analógicos.
Muitos jogadores se incomodaram com o sistema de mira com e sem o giroscópio. Admito que ele poderia ser mais preciso e mais rápido, principalmente em situações de combate. Muitas vezes enquanto estamos mirando em um inimigo, este acaba sendo mais rápido e apanhamos a toa. Por um lado, sinto que a dificuldade de mira pode ter sido intencional para transmitir a sensação de gravidade zero e o que isso implicaria.
Por outro lado, isso pode afastar alguns jogadores que não conseguem se adaptar ao controles e a sensibilidade do giroscópio ou analógicos. Nesse sentido, a Japan Studio poderia ter pensado em um sistema mais preciso.
Navis e… quem é você?
Como toda boa narrativa, precisamos de um antagonista. No caso de Gravity Rush, temos vários antagonistas que aparecem ao longo da história. Conforme Kat resgata os distritos da cidade, novos personagens e antagonistas aparecem. Os principais antagonistas presentes em todos os momentos do jogo são os Navis. Os navis são monstros gravitacionais que são trazidos para a cidade por meio das tempestades. Eles variam em tamanho e forma, podendo assimilar-se a vermes, insetos, animais e até mesmo bactérias.

Para derrotá-los, Kat deve destruir o seu núcleo por meio de golpes que usam a gravidade. Nessa parte entra a questão do combate. O combate inclui golpes normais que não envolvem gravidade. Dentre eles: a capacidade de esquivar e de desferir uma sequência de chutes. Além deles, Kat conta com um arsenal de golpes que usam a gravidade, e, portanto, são os golpes mais poderosos. O ataque principal é um chute gravitacional, preciso e forte. Como golpes secundários, Kat pode atirar objetos e capturar certos tipos de projéteis.
E também não podemos nos esquecer dos ataques especiais. Esses ataques são desbloqueados conforme Kat desbrava novas regiões dentro das tempestades.
Além dos Navis, outros vilões surgem ao longo do jogo, como Alias, D’nelica e Andreaux. Algumas personagens também são inicialmente introduzidas como antagonistas, mas que depois unem-se a Kat, o que é o caso de Raven (outra mutante da gravidade com as mesmas habilidades de Kat).
Narrativa em quadrinhos
A narrativa acontece quase totalmente no formato de quadrinhos com algumas cutscenes. O jogo é todo “desenhado” e colorido como se fosse ser impresso e comercializado no formato de um gibi. Para o Vita, a ideia foi excelente, pois era possível usar a touchscreen para folhear o jogo. Apesar do PS4 não apresentar uma tela sensível ao toque, a apresentação em formato de HQ ainda é agradabilíssima de se interagir e acompanhar.
Arte e Trilha Sonora
Como mencionei acima, a arte foi elaborada tendo HQs em mente. Dessa forma, todos os ambientes são coloridos, vivos e vibrantes. Em adição, cada um dos distritos tem sua própria caracterização, cor e tema musical próprios. As músicas são animadas e refletem a atmosfera da narrativa e dos distritos. Em combate, a trilha sonora se adapta para indicar tensão e a emoção do combate.
Confira abaixo um pouco das artes conceituais de Gravity Rush:
Versão Definitiva
Gravity Rush Remastered é de fato a versão definitiva do jogo de 2012. O jogo conta com gráficos aprimorados e polidos, adaptação de controles para o PS4 e inclui todas as DLCs lançadas para a versão original. Portanto, se você tem um dos consoles mais atuais da Sony, pode comprar a versão remasterizada sem medo. Garanto que será uma ótima experiência e agradável aos olhos.
Conclusão
Em síntese, Gravity Rush Remastered é a versão definitiva da versão de 2012 que engloba todas as DLCs lançadas e inclui adaptação de controles e melhorias gráficas consideráveis. O título apresenta uma protagonista misteriosa que incentiva o jogador a descobrir mais sobre o universo e seu passado. Além disso, traz mecânicas inovadoras de combate e de deslocamento espacial, envolvendo a manipulação da gravidade e oferecendo uma opção imersiva diferente aos jogadores. Apesar de executar quase tudo que se propõe com êxito, Gravity Rush Remastered deixa a desejar nos controles e comandos, que poderiam ser mais precisos e rápidos.
De toda forma, Gravity Rush é um excelente título da Sony que merece mais atenção do que recebe. Espero que com esta análise, o jogo conquiste novos jogadores em breve e que mais pessoas possam conhecer a história da Rainha da Gravidade.