Introdução
Shattered: Tale of the Forgotten King é um RPG de ação do gênero soulslike criado pela Redlock Studio e lançado no dia 17 de fevereiro de 2021 para PC. Uma versão para Playstation 4 e Xbox One é prevista, mas ainda sem data.
A inspiração em Dark Souls e seus compatriotas é evidente. Na arte do jogo, no seu combate e nas suas mecânicas. Entretanto, Shattered também traz inovações quando mescla os gêneros de rpg de ação e plataforma.
Sobretudo, nessa mescla de gêneros, a exploração ganha um papel fundamental na obra. É impossível progredir sem andar pelo mapa e prestar atenção em cada ponto.
História
O mundo que outrora existia, se foi. O rei desapareceu e outros seres tomaram o seu trono. Portanto, o perigo está solto e é seu dever, como um Andarilho, descobrir o que fazer e resolver esse problema.
Junto de você, existe uma criatura que fica em seu ombro. Y’aak é um pequeno esqueleto que conversa com o protagonista de maneira misteriosa, enchendo o jogador de questões e intrigas para com o pequenino. Ele funciona como um guia, explicando acontecimentos históricos e situando o jogador.
Além disso, o personagem principal é mudo. Algo que parece ser comum no mundo, pois todos os outros personagens da obra agem como se ele fosse apenas mais um. Mesmo sem conseguir responder suas questões, os NPC’s entregam muita informação do mundo para o Andarilho.
Então, espalhar pelo mundo, fragmentos que se conectam e entregam uma resposta, junto da proposta de exploração que o game entrega, é uma boa sacada. Basta o jogador ter paciência que a história irá se desenrolar, mesmo que pareça confusa.

Mesclando Soulslike com Plataforma
Qual seria o resultado de misturar um gênero que é muito punitivo quando o assunto é morte com outro que te coloca em perigo a cada movimento? Bom, o resultado alcançado por Shattered é bem agradável.
Em outras palavras, explorar o cenário construído com grande verticalidade e cheio de recompensas é atrativo o suficiente para assumir os riscos de cair do alto e chamar a atenção de alguns inimigos ou até mesmo morrer.
As mortes por quedas não são tão punitivas quanto morrer para um inimigo. Você não perde seu recurso primário no jogo, mas renasce no último ponto de controle que usou.
Além de toda essa exploração pelos cenários 3D, a obra também traz momentos em que a câmera fixa em um local e apresenta uma perspectiva 2D para o jogador. Nesse modo, o jogo usa e abusa da profundidade, criando caminhos alternativos e diferentes como opção.
Existe, também, momentos clássicos de jogos de plataforma como, por exemplo, escorregar pelo cenário desviando dos obstáculos ou então esperar plataformas em movimento para passar até o outro lado.

Exploração
Esse é, junto com a arte do jogo, o seu ponto mais alto.
A exploração em Shattered é extremamente divertida e tentadora. Em cada canto do cenário existe alguma recompensa, seja algum item do jogo ou então uma bela vista. Mesmo que os mapas sejam repletos de monstros, vale a pena arriscar ir e vir para concluir a exploração.
Ela acontece de maneira natural. O design dos mapas servem para ativar a curiosidade no jogador através de bifurcações, becos ou buracos. Contudo, a atenção e a calma são seus melhores amigos nesse momento, pois, existem monstros e armadilhas escondidas em muitas das curvas do mapa.
Os itens encontrados nessa exploração são todos úteis. Itens para recuperar vida, melhorar suas armas, ganhar Aeons, entre outros. Portanto, Shattered espera que o jogador invista tempo na exploração para que consiga prosseguir sem muita dificuldade.
Além de recompensas palpáveis e visuais, existem também as recompensas narrativas. Vez ou outra me deparei com algo, ou alguém, que adiciona na história do mundo. Ou seja, a obra te recompensa a todo momento por explorar, enfatizando o seu foco em entregar uma experiência diferente dos demais soulslike.

Combate
Se a exploração é o diferencial e atrativo do jogo, o combate não é o melhor entre os jogos do estilo.
A estrutura dele é a padrão do gênero: golpe fraco, golpe forte, magia, bloqueio e esquiva. Contudo, a execução não é consistente. Por vezes, ao aparar o golpe do inimigo, ele ignora e começa uma sequência de ataques contra você e, por outras, o aparo acontece e você consegue atacar sem dificuldades.
Além disso, a inteligência artificial dos inimigos varia entre ficar parado te olhando ou então enxergar de muito longe e correr até você. Parece que o jogo limita o espaço de ação dos monstros, acarretando nesse tipo de problema.
Bugs também fazem parte. Inimigos que pulam e vão para um lugar muito longe do destino, ficando preso onde parou, tiros de inimigos que não saem apesar da animação acontecer ou até mesmo possibilidade de encaixar um golpe furtivo logo após o outro.
Ao mesmo tempo que existe inconsistência no combate, ele é difícil de aprender, justamente por esse motivo. A partir de um certo ponto, deixei de tentar aparar e foquei somente em esquivar. Também passei a utilizar somente um estilo de golpe por entender que era mais efetivo que os demais.
Enfim, o combate parece não estar terminado. Falta polimento e atenção. Entretanto, funciona e diverte quando não sofre com estes problemas.

Equipamentos
Segue o mesmo formato de suas inspirações com armas e magias que dão opções de jogabilidade para o jogador.
Para todo tipo de equipamento, existe um item que corresponde ao refinamento dele. Seja o catalisador, a arma ou a magia. O catalisador funciona como a poção, com cargas definidas ao descansar, assim como o Estus Flask em Dark Souls.
É possível dropar itens para vender dos monstros e usar Aeons para comprar outros itens mais úteis. Ao ver como funcionava o sistema de aprimoramento de Shattered, tanto quanto de magia como de arma, eu animei para continuar a jogatina.
Para a exploração também existe uma espécie de skateboard voador, que te leva de um ponto ao outro no maior mapa do jogo, que abriga templos e outros pontos de interesse. Foi a maneira que os desenvolvedores encontraram para a exploração neste mapa não ser cansativa. No entanto, controlar este item não é muito prazeroso, merece polimento.
No geral, os equipamentos trazem uma diversidade bacana no estilo de jogo e também encaixam melhor em ocasiões específicas da obra.

Parte artística
No quesito da arte, Shattered se destaca. Numa pegada sombria e com uma paleta de cores em tom pastel, o game apresenta diversas cenas muito bonitas com um gráfico bem simples. Ele mostra que é possível trazer beleza sem gráficos de última geração.
As artes feitas à mão dos itens e personagens também são maravilhosas. São pinturas aquareladas e marcantes que não só criam o tema como também acrescentam muito na atmosfera do jogo.
Ela torna a exploração algo muito mais gostoso de fazer, estimulando o jogador a sempre querer ver mais das cenas da obra e também descobrir do que mais os criadores foram capazes de fazer.
Parte Sonora
Se a parte gráfica adiciona muito para a obra, o quesito sonoro faz o oposto.
Visto que não me recordo de tirar a música em algum jogo para joga-lo, Shattered conseguiu essa proeza. No início eu até tentei, me estendi e dei chances para as músicas do jogo, porém, elas não as aproveitaram.
Elas lembram bastante músicas no estilo Lo-Fi, muito usadas para estudo e atividades que precisam de foco. O problema é que essa trilha unida à arte do jogo, em diversos momentos eu senti sono ao jogar. As composições por si só não são ruins, mas quando colocadas no jogo, atrapalham a experiência.
Entretanto, quando fui enfrentar o primeiro chefe, eu ativei a música. Normalmente, os jogos desse gênero tem composições épicas e memoráveis, mas este não é o caso. A melodia usava e abusava de efeitos, originando um som muito estranho e até desconfortável de escutar.
Além disso, os sons de feito do jogo também bugam. Uma vez fui desligar e o som ficou rodando até mesmo quando parei, precisei reiniciar o jogo para resolver.

Conclusão
Shattered: Tale of the Forgotten King não parece estar 100% finalizado. Não como Cyberpunk 2077, mas senti que falta polir várias partes do jogo. Na minha experiência, sofri com diversos crashes que aconteciam sempre no meio de uma luta, também conseguia observar por debaixo do chão quando inclinava a câmera para baixo e sofri com a inconsistência do combate. Deixando de fora a parte sonora do jogo que deixa a desejar em todos os aspectos e sua falta de polimento, ele é um bom jogo. Traz novas ideias para o estilo soulslike mesclando com o gênero de plataforma 2d e3d e com o foco na exploração para juntar as peças e desvendar a história toda. Mesmo com todos estes problemas relatados, não foi uma experiência ruim jogar a obra, só fica um pensamento de que seria melhor desfrutar dele totalmente polido.
*Chave concedida para análise
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