Introdução
Jogos indies com temática retrô está sendo um nicho bem forte e em ascensão. Não há dificuldade em encontrar vários jogos nesse modelo que fazem sucesso. Seguindo essa onda, surge Tanuki Justice, um run’n gun frenético com visual e dificuldade retrô. Desenvolvido por Wonderboy Bobi; dos estúdios PixelHeart, No Gravity Games S.A.
O jogo
Tanuki Justice é um jogo intenso. O jogador assume o papel de um irmão ou de uma irmã (no caso do multiplayer) tanuki. A ambientação se passa no Japão feudal. Ambientes variados com paisagens de todos os tipos, música retro e rítmica rápida, inúmeras e difíceis (bem difíceis mesmo) situações que lembram os clássicos de plataforma.
Para enfrentar tudo isso, o jogo possui três dificuldades para testar seus nervos, sua paciência e determinação. Não sendo suficiente, há o fator tempo para deixar ainda mais desafiante. Mesmo assim, há itens de suporte que te ajudam a encher sua barra de especial, dão pontos e até mesmo uma ave que aparece nas batalhas contra os chefes para te dar um item.

A jogabilidade
Tanuki Justice possui uma jogabilidade simples. Apesar de sua simplicidade, exige muita coordenação do jogador. Você pode atirar para oito direções, fazer pulo duplo. Também soltar um especial que parece uma bomba de jogos de navinha.
Sobre as oito direções, é possível atirar para elas parado ou andando. Para decidir isso, basta utilizar um dos gatilhos. O gatilho esquerdo é para escolher a direção fixa e sair andando. Já o direito é para ficar parado enquanto pode mudar livremente para qual direção atirar.
Ainda tem uma outra forma de usar o gatilho direito e que pode causar alguns momentos de raiva. Ao segurar o botão e um direcional, o jogador pode deixar o tanuki andando sozinho enquanto isso ele vai controlando a mira e não o personagem. O problema existe pelo fato de haver muitos inimigos pela tela e você ter de mudar rapidamente de direção tanto de tiro quanto de personagem. Dessa forma, pode ativar o comando diverso do qual gostaria.
Nesses casos, acontece de você simplesmente querer atirar para uma direção e o boneco andar sozinho e te levar à morte (e a um acesso de fúria). Ainda sobre problema na jogabilidade, ainda que não utilize os gatilhos, caso precise mudar de movimentar o personagem muito rápido, ele pode manter a mira para uma direção e você acabar não acertando seu alvo pretendido.
Mesmo não sendo difícil, o jogador tem que dominar os controles se quiser avançar nas fases. Tanuki Justice possui uma particularidade: personagem não abaixa. Não que faça falta, mas pode confundir jogadores menos experientes.
O visual
Por ter a intenção de reproduzir o estilo retrô, Tanuki Justice assume o visual dos jogos 8-bit. Contudo, tem mais detalhes do que os consoles aos quais faz referência: NES e Master System. O visual dos inimigos e do próprio personagem é algo bem bonito e atrai o jogador pela imagem apesar de simples.
Cada fase possui sua variável de inimigos fazendo com que cada uma tenha sua individualidade. Não podemos esquecer que o jogo faz homenagens a franquias como Ninja Gaiden, Shinobi, Ghouls’n Ghosts.
Utilizamos mais a TV do que o Switch para jogar. Não houve sensação de perda de qualidade ou gráfico “piorado”. Consideramos isso um aspecto positivo, uma vez que o jogo manteve seu padrão nos dois tipos de tela.

O som
As músicas de Tanuki Justice são simples, porém trazem o espírito de nostalgia à tona. Ainda que não transmita o chiado comum dos canais de som de consoles antigos, as músicas com toques simples e repetitivos são ideais para a ação envolvida no game.
A qualidade está mais relacionada ao não chiado do que na composição. Os efeitos sonoros são simples, assim como a música, mas essa é a intenção. Contudo, você não enjoará das músicas das fases ou achar incômodo os efeitos do jogo.
O multiplayer
Esses jogos não costumam ter a opção para mais de um jogador. No caso de Tanuki Justice, é algo que acrescenta à experiência, mas nada muito relevante. Chamar um amigo para compartilhar com você uma partida pode trazer momentos engraçados ou perda da amizade.
O multiplayer funciona da seguinte forma: ambos jogadores têm suas vidas e especiais separados. Consequentemente, maior liberdade para agir na tela. Porém, essa liberdade termina em pontos de plataforma em que se tem de pular rápido e de forma certeira.
Para o nível de dificuldade escolhido, há pouca mudança. Apenas acrescentam alguns inimigos, mas a quantidade de itens será a mesma. Então, espere brigas para quem vai pegar aquele item milagroso ali. Entretanto, tudo isso compensa nas batalhas contra os chefes, pois cada um pode se concentrar em fazer uma coisa para derrota-los.
Falando em passar de fase, a cada fase vencida, os tanukis ganham um crédito extra. Esses créditos são limitados e compartilhados entre os jogadores. Contudo, se uma parte está difícil para passar com os dois, o jogador que tiver acabado com as vidas, pode esperar o outro atravessar a parte difícil e assim retornar à partida.
A dificuldade
Tanuki Justice começa fácil e termina difícil. Na primeira fase, o jogador aprende a utilizar os comandos do jogo na prática. À medida que progride, a dificuldade aumenta ao ponto de querer jogar o controle na parede. O tipo de dificuldade ideal para os mais clássicos e nostálgicos.
Existe a necessidade de decorar todo o jogo para conseguir terminar. Por isso, você irá morrer muito até aprender o que fazer e como fazer em cada fase. Talvez, fique preso em uma parte até morrer o suficiente para sacar como avançar.
Apesar de ser característico desse tipo de jogo, é onde encontramos um ponto negativo. Mesmo que, depois de passar de uma fase, o jogador possa escolher de que fase começar, isso não representa necessariamente como ajuda.
Para terminar o jogo, é ideal que comece do início, acumule vidas para enfrentar o chefe final. Exemplo: você conseguiu chegar à última fase, mas perdeu todas as vidas. Nesse caso, poderia começar da última fase e apenas continuar. Provavelmente isso será mais frustrante. Pois, Tanuki terá apenas 3 vidas, nenhum upgrade e muito trabalho. Dessa forma, o jogador pode pensar em começar de fases anteriores para acumular vidas, escudo e o tiro mais forte para tentar finalizar o jogo.

Fator replay
Geralmente, ao falar de fator replay, eu comento em outras seções da análise (jogabilidade, jogo, por exemplo). Neste caso, esse aspecto ganhou uma parte apenas para ele.
O motivo é que há duas que motivarão o jogador a repetir o jogo: a insistência para terminar e a vontade de testar seus limites no retrogame. Como dito antes, Tanuki Justice é curto. Por essa razão, ele tem a dificuldade descrita acima. Contudo, pode chegar a um ponto em que pode dividir o tipo de jogador.
Bem provável que a maioria repita muito o jogo para aprender como detoná-lo. Enquanto que, para os mais hardcore, tentarão refazer o jogo para melhorar a própria marca ou desempenho (pontuação, tempo e assim por diante).
Incrível que o jogo consegue te dar a sensação de “na próxima eu consigo”. Mesmo que não vá zerar o jogo uma segunda vez, você jogará bastante até terminar de fato o jogo e não sentirá que perdeu dinheiro. Além do que, vez ou outra irá revisitá-lo para jogatinas esporádicas.

Conclusão
Tanuki Justice entrega o que promete: muita ação, desafio e nostalgia. Você vai morrer muito, mas vai gostar. Apesar de curto, vai te dar muitas horas de tiros, pulos, plataformas e chefes legais com um visual bonitinho fofo fazendo homenagem a clássicos 8-bit.
Tanuki Justice lançado em 10 de dezembro de 2020.
Disponível nas Plataformas: Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, Microsoft Windows.
*Jogo analisado em Switch com key disponibilizada