Introdução
Em The Cultist Simulator, nossa função é criar uma seita. É um jogo narrativo e roguelike, onde suas escolhas fazem a diferença e cada decisão pode moldar a história de maneiras diferentes.
Vamos criar ferramentas, convocar espíritos, conseguir seguidores, realizar oferendas. Inclusive, espere por invocações de seres de outras dimensões, tudo em busca do crescimento de nossa seita.
O jogo está com lançamento planejado para Nintendo Switch no dia 2 de janeiro de 2021, sendo desenvolvido e publicado pela Weather Factory. Entretanto, já temos ele disponível para PC e Android.
Problema Inicial
Antes de falar mais sobre o funcionamento, é preciso informar ao leitor que você vai ter dificuldades no início. E o problema não é a dificuldade do jogo em si, já que quando você jogar algumas rodadas, começará entender mais sobre o que está acontecendo e o funcionamento de cada mecânica.
Aqui, o que falta é um Tutorial para te explicar por onde começar e o que cada coisa faz. Com isso, vai depender muito da sua exploração e paciência para ver qual é a função de cada item, e muitas vezes será na tentativa e erro. Quero dizer, vai ser na ação realizada e reação do jogo, então vai depender da sua observação para relacionar o que está acontecendo e aprender.
A descrição das cartas ajuda bastante, mas muitas vezes podem te deixar na mão. Outro porém, é que a interface pode te deixar bem perdido, pois, novamente, você deve tentar entender através de exploração.
A mágica de The Cultist Simulator
Inicialmente começamos com uma caixa e uma carta. E vamos colocar a carta na caixa para realizar ação de executar o conteúdo da carta. Quando a ação termina, recebemos outras cartas.
Por exemplo, na Caixa de trabalho, colocamos uma carta de emprego após sua execução, ela retorna uma carta de health e funds.
As cartas podem ter um tempo, ou seja, um cronômetro que quando chega em zero pode fazer a carta sumir ou simplesmente virar outra. Esta transformação muitas vezes são indesejadas para o jogador, pois podem gerar uma consequência ruim.
O número de caixas vai crescendo durante o jogo. Podemos ter caixas de time, work, dreams e talk, por exemplo. Cada uma delas terá uma funcionalidade diferente.
Já as cartas têm diferentes funções, e muitas vezes dependem de outras. Por exemplo, consegui um livro que adicionaria um bom conhecimento para a seita, entretanto antes preciso aprender o idioma para traduzir o livro.
Então, nosso objetivo é conseguir ficar vivo através de quatro atributos básicos: Vida, Razão, Paixão e Dinheiro. Isso tudo enquanto ainda criamos nossa seita.
A história é contada por meio de cartas específicas. E embora os textos sejam curtos, são o suficiente para alimentar nossa vontade de saber mais e tornar a jogatina viciante.
Como não existe um tutorial, o jogo vai obrigar você aprender muito sozinho, e com o tempo você se acostuma com isso e nem se importa mais. Entretanto, no início pode causar frustração.
A descoberta e desafios de criar sua seita é viciante, perdi a noção do tempo a ponto de olhar para janela e perceber que já era dia e eu não dormi ainda. Mesmo com pequenas falhas, ele prende e encanta.
A Interface de The Cultist Simulator
A minha primeira jogatina foi meio frustrante. Morri e não entendi bem o porquê. Então joguei novamente, mas o mesmo aconteceu.
Foi apenas na terceira tentativa que percebi que havia outra aba do lado do Main, chamada Misc. Pois bem, esta contém cartas que, se não usadas logo, causam algum efeito negativo, como morrer ou ser preso, e eu acabei perdendo.
Foi nesse ponto que pensei que tinha algo realmente errado. Os controles pelos botões já estavam me incomodando um pouco. Acreditei ser apenas falta de costume, por isso precisei ficar pausando o jogo em vários momentos para pensar melhor o que fazer. Entretanto, ao descobrir a aba, percebi que a interface estava com problemas mesmo, pois ficar alterando para outra aba que contém cartas com um tempo limite, fez com que perdesse o fluxo/agilidade do jogo.
Não pareceu uma escolha acertada dos desenvolvedores, pois ambas as abas ficam melhor em um único lugar, o torna mais fácil do raciocínio fluir e de pensar em uma estratégia.
Em uma pesquisa rápida no Google, percebi que o jogo no celular e PC não têm essa divisão em abas. Ao contrário, a mesa parece até dar mais liberdade do que a versão de Switch. E os controles são mais simples.
A versão do console da Nintendo permite usar Touch, o que deixa mais simples. Também é possível alterar para um ponteiro, como se fosse um mouse, e com isso funciona melhor, mas em ambos os casos a tela continua com as cartas quebradas em duas telas.
Os controles também são mais complicados do que nas duas versões já existentes, principalmente se não usar o Touch. Isso me incomodou.


Trilha Sonora
Em um jogo de cartas é complicado avaliar a trilha sonora. Pois, como é necessário muito mais pensar na estratégia, o que temos é uma música de fundo. Esta faz bem sua função, que é estar ali sem chamar atenção demais.
Funcional é uma palavra que define bem a parte sonora de The Cultist Simulator.
Arte
Em termos visuais o jogo é muito bonito e tem uma paleta de cores bem chamativas. A arte das cartas faz bem sua função com imagens bem feitas, e que chamam a atenção do jogador.
Você se sente mesmo em um RPG de mesa, e por mais simplista que tudo pareça, é bem funcional e consegue passar as emoções e ideias que o jogo tenta executar.
Inovação
O jogo inova de diferentes maneiras. Uma, que é notada logo no início, é que não temos um RPG cheio de texto. Ao invés disso, a história é contada com poucas linhas de cada. Isso alimenta a curiosidade do jogador para que ele crie boa parte do que está acontecendo sozinho.
Vejo isso como uma qualidade, já que não torna o jogo cansativo com tanta leitura e ainda estimula a imaginação com nossas próprias criações. Afinal, os detalhes ficando por nossa conta faz com que não fiquemos em uma zona de conforto, e este é outro detalhe onde o jogo brilha muito.
Comodismo não combina com The Cultist Simulator, afinal o tempo usado no jogo, não deixa você desligar por um segundo. Já que com um deslize, uma carta errada ou esquecida, podemos perder todo o jogo.
Isso faz parte do porque o jogo vícia, afinal, moldar uma história diverte o jogador. É um jogo em que suas ações realmente têm consequências, e você deve ter o cuidado de se preocupar com cada detalhe de suas cartas.
Conclusão
The Cultist Simulator consegue te prender por horas. Sua forma condensada de contar uma história faz nossa imaginação preencher os detalhes que faltam, dando margem a criatividade e nos motivando a continuar.
Mesmo com uma interface que quebra o ritmo do jogo e dificulta a criação da estratégia de forma contínua, o jogo vale a pena. Caso os problemas mencionados venha a incomodar você leitor, ainda assim acredito que dar uma oportunidade em outra plataforma seria bem interessante, já que temos aqui um jogo diferenciado e que se importou com detalhes que trarão uma experiência incrível.