Introdução
No dia 19 de novembro de 2020, a Sony oficialmente entrou na nova geração de consoles com o Playstation 5, pouco mais de uma semana depois da Microsoft, cujo consoles Series X saiu no dia 10 do mesmo mês. Esta nova geração traz algumas coisas já esperadas, e algumas funcionalidades a mais, muito bem-vindas. E o jogo do robozinho Astro vem para te apresentar essas novidades para o PS5.
Em comum, ambos os consoles trazem uma capacidade gráfica bem superior à geração anterior, conseguindo rodar jogos com resolução 4K e 60fps facilmente. Ademais, ambos ganham a capacidade de utilizar o mítico Ray-Tracing, técnica de iluminação muito mais realista que as atuais. Mas, além de imagens mais bonitas, também temos a adição de um SSD ultra-rápido que melhora demais os tempos de loading de todo jogo.
Mas ambos têm suas características únicas para se diferenciar da concorrência. No caso do Xbox, eles apostaram com um sistema chamado Quick Resume, que facilita você trocar de jogos rapidamente, sem ter que fechar o anterior.
Já no caso do Playstation 5, temos um controle com várias funcionalidades legais que podem mudar completamente nossa experiência com os jogos da plataforma. A Sony, esperta como é, sabe que este controle é uma grande novidade, mas que precisa explicar para as pessoas o porquê dele ser especial, tanto os jogadores, quanto os desenvolvedores.
Para isso, todo Playstation 5 vem com um jogo pré-instalado, o divertidíssimo, fofíssimo e nostálgico Astro’s Playroom. Apesar de ser considerado uma Tech-Demo, este jogo transcende o que este termo significa, para entregar uma experiência memorável e divertida, se colocando como um dos melhores plataformers que já joguei.
O Controle Dual Sense
Neste jogo, vamos controlar o simpático robozinho Astro em uma aventura por dentro do console Playstation 5, e ainda revisitar a história da marca. Na verdade, este é apenas o segundo jogo que Astro aparece, sendo o primeiro um bem elogiado jogo de VR.
A demonstração das capacidades do novo controle já começam antes mesmo do jogo começar, com a apresentação do título de abertura. Assim que aparece escrito “Astro’s Playroom” na tela, uma luz passa pelas letras da esquerda para a direita. Enquanto a luz passa na tela, sentimos a vibração no controle acompanhando sua posição. Ela começa apenas do lado esquerdo, e vai suavemente passando para o lado direito.
Em sequência, temos uma pequena apresentação dos gatilhos adaptáveis, as vibrações, o microfone e o touchpad, antes de começarmos a jogar propriamente. O termo “Gatilhos Adaptáveis” não explica muito bem o que ele tem de diferente, mas logo no primeiro uso, já fica tudo explicado.
Basicamente, os gatilhos conseguem aplicar uma resistência ao seu aperto, precisando usar mais força para apertar dependendo da situação. Além disso, a vibração do controle também pode ser sentida nesses gatilhos, que tremem em algumas situações do jogo.
A Sala de Jogos do Astro
Como dito acima, o jogo se passa todo dentro do video-game, e cada mundo é baseado em um componente importante de sua arquitetura. Temos o mundo do sistema de resfriamento, o do SSD, da GPU e da Memória. Além dos mundos jogáveis, temos o Playstation Labo, uma região que irá exibir todos os colecionáveis que você encontrar.
E colecionáveis é o que não falta neste joguinho. Aqui, você irá coletar todos os consoles e periféricos já feitos pela Sony, além de peças de quebra-cabeça que, unidos, criam um mural gigante que mostra a evolução da marca ao longo dos anos.

Na verdade, o jogo todo é uma grande homenagem à história do console, e está cheio de Easter Eggs para encontrar. Assim, onde quer que você olhe, verá algum personagem famoso andando pela fase, ou a reprodução de alguma cena famosa de jogos famosos da plataforma. Porém, não são os personagens reais que aparecem, mas os robozinhos estilizados com alguma característica marcante deles. Por exemplo, dá para encontrar um “Astro” barbudo com a tatuagem do Kratos no rosto.
Isso ajuda muito na diversão do jogo, pois você não está só superando os desafios de plataforma das fases, mas também está o tempo todo com aquela animação “infantil” de encontrar alguma referência em algum canto escondido, e apontando “Nossa, é um personagem daquele jogo lá! Que legal!”
Diferentes Mundos
Cada mundo do jogo serve a um duplo propósito. Primeiro, que a temática gira em torno de cada parte do Hardware do PS5. Assim, os mundos refletem algo importante daquela parte da arquitetura. Em segundo lugar, ele apresenta os jogos e aparelhos de cada geração. Em cada mundo, você encontrará referências a jogos de cada geração, desde o PS1 até o PS4.
O mundo do sistema de resfriamento, as Fontes de Refrigeração, é um mundo de gelo e água. Já Floresta da GPU é cheia de árvores e cavernas, e cuja música é uma canção feita pela própria GPU, explicando o quão importante ela é para renderizar cada folha das árvores, o detalhe das sombras e texturas que você vê.
Também temos a Estrada da SSD, em que vemos diversas naves voando e carregando pacotes de dados em alta velocidade. E nos Campos da Memória, visitamos uma montanha acima das nuvens, onde continuamos subindo até estar usando as próprias nuvens como plataforma.
Diferentes Robôs
Além dos desafios de plataforma, cada mundo apresenta uma mecânica diferente em forma de uma roupa de robô especial que Astro pode vestir. Cada uma usa uma característica diferente do controle.

Nos campos da Memória, controlamos um robô espera com toques no touchpad. Portanto, para fazer ele seguir em frente, devemos fazer um movimento com o dedo para cima, e para virar, para o lado. Na estrada da SSD, pilotamos uma navezinha com dois foguetes, e a força da propulsão depende da força que apertamos os gatilhos, e controlamos a inclinação da nave virando o controle na direção desejada.
Mas, na floresta da GPU podemos usar um robô macaco que consegue escalar paredes. Para isso, balançamos o controle para jogar o braço dele para cima, e usamos o gatilho para agarrar nas pedras. Mas cuidado, pois algumas pedras são frágeis e podem quebrar se apertar com muita força.
Por fim, nas fontes termais, usamos um robô sapo para saltar pelas plataformas, usando os gatilhos para escolher a força do salto, e virando o controle como mira.
Ao final de cada mundo, somos presenteados com Astro caindo em um pequeno mundo baseado na tela de abertura da respectiva geração. Assim, veio lágrimas nos olhos ao entrar na sala do PS1 e ouvir aquela clássica música de abertura, e ter várias TVs com o símbolo do Playstation daquela época.
Diferentes Sensações
Além de um deleite visual e de referências, o jogo também apresenta diversas sensações diferentes com o controle. O que o Dual Sense apresenta de diferente em relação ao Dual Shock vai muito além de uma simples atualização na vibração. Certamente, é difícil descrever em texto, mas os primeiros passos que damos com o pequeno Astro já demonstram que a diferença ao que veio antes é gritante.
Cada passo que o personagem dá é acompanhado de uma vibração no controle, e isso ainda depende do terreno onde ele está. Assim, passos em cima de algo duro gera pequenos toques, enquanto caminhar pela grama ou nadar já geram uma vibração sutil por toda a sua mão.
Além da vibração, os gatilhos são muito usados durante a jogatina, e diversas vezes você deve controlar a força que usará. Isso faz com que a interação do Astro com o mundo seja algo mais palpável e próximo de nós, dando a sensação de estarmos interagindo com as coisas de verdade.
Um grande exemplo, é na máquina de Gacha do Laboratório, onde você pode gastar as moedas para conseguir algum enfeite. Você controla dois braços robóticos, e quando puxa a alavanca, ganha uma bola que deve ser esmagada para revelar o prêmio. Os itens mais raros estão em bolas de ferro, enquanto outros estão em vidro. Cada um exige uma pressão diferente dos gatilhos para quebrar.
Várias Surpresas
Em dois momentos eu fiquei bastante surpresa com o controle, mais do que já estava até antes. O primeiro, foi durante os Campos da Memória, em um trecho com chuva. Cada gota de chuva que bate no personagem, gera um toque no controle. Logo, você sente uma profusão de gotas pingando em sua mão.
A segunda vez foi durante a escalada com o robô macaco na Selva da GPU. Em dado momento, você deve se segurar em um carrinho que te leva para outro ponto na parede de escalada. Mas, durante essa curta viagem, ele viaja por um trilho que vibra apenas os gatilhos do controle, o que é algo completamente diferente que outros controles já fizeram.

Finalizando cada fase, você ganha um modelo do console de cada geração, e os aparelhos que você encontrou nas suas aventuras aparecem no laboratório. Lá, você pode interagir com eles, podendo pular em cima ou dar tapas. O Playstation 1, por exemplo, abre a tampa quando você bate.
Ao terminar todos os mundos, liberamos um quinto, onde enfrentamos o T-Rex da Tech Demo do primeiro Playstation, direto de 1994. Se conseguir derrotá-lo, você libera os periféricos e o console PS5 para o laboratório.
É Apenas o Começo
Portanto, Astro’s Playroom demonstra de forma muito eficiente e divertida tudo o que o PS5 tem a oferecer. Desde os belos gráficos com 60fps constantes, os loadings ultra rápidos, até o controle com todas as suas diferentes funcionalidades. Assim, ele supera (e muito) o que uma tech demo deveria ser e entrega um jogo extremamente divertido.
Aqui, não temos apenas um produto para demonstrar capacidades técnicas de um console, mas sim uma experiência deliciosa que aquece o coração daqueles que, como eu, viveram toda a história da empresa desde a infância. Cada mundo traz uma alegria juvenil de reencontrar estes personagens que marcaram tanto nossa vida.
Agora, cabe aos desenvolvedores utilizarem de tudo o que o console tem a oferecer. O controle certamente é um grande diferencial, e a vibração é um ponto que melhora consideravelmente a experiência ao adicionar mais uma camada de interatividade. Já os gatilhos, vai depender muito. Jogos que dependem de reflexos rápidos, como FPS multiplayer, podem sofrer com gatilhos pesados, e imagino que a maioria dos gamers irá desligá-los para ter 0.1 segundos de reflexo a mais.
Apesar disso, todas são mudanças muito bem-vindas. Se o que vi em Astro’s Playroom é apenas uma prévia do que está para vir no futuro, então estou ansiosa com o que esta geração tem a apresentar.