Entrevista com o criador de Deep Enigma

Deep Enigma é um jogo metroidvania retro. Lançado no dia 28 de janeiro de 2021 para Steam, sendo desenvolvido e publicado pela 1bit Games.

Conheça mais no trailer abaixo:

Essa entrevista é uma oportunidade de conhecer mais sobre jogos brasileiros. Sobretudo para ajudar a ter uma visão do mercado brasileiro para desenvolvedores e fãs de videogames.

Agradeço ao Ryxard Andrew por responder nossas perguntas, e com isso permitir que este post fosse realizado.

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Entrevista

Garota no Controle: O que veio primeiro, a mecânica ou temática?
Ryxard Andrew: Acredito que tenham surgido juntas!

Sou muito fã do estilo Metroidvania (mais fã de Metroid do que Castlevania), e sempre tive vontade de estar produzindo um. Então, como fã, já tinha em mente como tudo deveria funcionar. Quanto à temática, a base por si só veio de uma vez. Até mesmo porque, o jogo foi inteiramente documentado com antecedência.

Garota no Controle: Que jogos inspiraram Deep Enigma?
Ryxard Andrew: Minhas principais fontes de inspiração foram Super Metroid (Snes) e Axiom Verge (este, tanto pelo trabalho do Thomas Happ, como pelo jogo em si, que é ótimo)!

Garota no Controle: Qual o diferencial do jogo de vocês?
Ryxard Andrew: O principal ponto é que é baseado em Metroid e não em Castlevania. Hoje vemos inúmeros Metroidvanias sendo lançados, inspirados em Castlevania e não em Metroid. Alguns, ainda, são chamados de Metroidvanias, porém são na realidade Roguelikes ou Adventures (inclusive têm jogos muito famosos que são chamados de Metroidvanias, mas não possuem os elementos deste).

Nesse sentido, posso assegurar que o ponto forte do Deep Enigma, é o fator replay. Ele não é focado em batalhas, e sim na descoberta dos 328 itens escondidos pelo mapa, a fim de se completar os 100% do game.

Há inúmeras passagens secretas, plataformas secretas, rooms secretas, etc!

Têm umas muito complicadas de achar…rsrsrs

Garota no Controle: Qual o tamanho da equipe de vocês?
Ryxard Andrew: Comecei trabalhando no game sozinho. Não encontrava pessoas para trabalhar. E ainda, tiveram algumas pessoas que pegaram o projeto inicial, no Github, e acabaram me prejudicando muito, pois “mexiam” no código, e acabavam por estragar o que estava funcionando. O que fiz então, para agilizar meu serviço, foi contratar um programador e um técnico de áudio (os nomes deles estão creditados logo no menu inicial do game). São duas pessoas excelentes de trabalhar. Recomendo o serviço de ambos!

Garota no Controle: Quais as principais dificuldades encontradas para desenvolvimento e para conseguir que o jogo fosse publicado?
Ryxard Andrew: De longe o que mais me prejudicou, foram as críticas das comunidades brasileiras de desenvolvedores de jogos!

Inúmeras vezes me foi falado para desistir; que estava trabalhando errado; que estava exigindo demais das pessoas, porque que o jogo era muito grande; que mercado brasileiro não comportava esse tipo de game…

Enfim, fui muito mal recebido pelos programadores e artistas internos, e digo que se fosse por eles eu teria desistido!

Por sorte, primeiramente encontrei o Danilo, e depois o Felipe, que gostaram muito do projeto, e trabalharam muito rápido para o jogo ficar pronto (foram apenas 5 meses de trabalho, entre fev/20 – jul/20).

Tive um pouco de dificuldades quanto à burocracia, não estou nada acostumado com isso, e não consegui ajuda de ninguém, e ninguém nem sabiam do que eu estava falando ou de como funcionava a Steamworks.

Garota no Controle: Pretendem lançar outros jogos?
Ryxard Andrew: Sim! Já tenho um outro jogo pronto, porém para Android! É um adventure no estilo retrô, com mecânicas simples, para ser jogado no celular. Mas deixarei ainda no mistério!

Garota no Controle: Qual foi o maior aprendizado que vocês gostariam de passar para outras pessoas, sobre produzir o próprio jogo?
Ryxard Andrew: Que não desista. E estude.

Não é fácil estudar alguma plataforma do zero. Mas, se a pessoa quer algo, tem que se aplicar horas do dia nos estudos. Acho que isso não vale somente para desenvolvimento de games, mas para tudo na vida.

Ah, e sempre tente melhorar. Tire essa “síndrome de mediocridade” que as pessoas têm. O “tá mais ou menos” não está bom não!

Garota no Controle: Sobre mulheres na área de desenvolvimento de jogos, o que vocês têm a comentar sobre isso?
Ryxard Andrew: O mercado de trabalho é aberto a todos!

Na verdade, o que importa é a qualidade do serviço prestado, e no caso da pergunta, tanto no quesito artístico quanto no designer.

Nunca tive, e nem fui educado com esse pensamento retrógrado e machista de que “só homem” que pode fazer isso ou aquilo. Acho esse tipo de pensamento nojento demais. Confesso que vejo isso muito aqui no atual lugar que moro, e isso me deixa acabado psicologicamente…

Apoio qualquer um em trabalhar no que quiser. Mas, por favor, estudem para sempre fazer o melhor!

Garota no Controle: Que mensagem gostaria de passar para aqueles que querem desenvolver jogos no Brasil?
Ryxard Andrew: Que não desistam. Escutem somente as críticas positivas. Se alguém vier com críticas negativas, cortem papo logo!

Garota no Controle: Para vocês, é possível viver de jogos no Brasil?
Ryxard Andrew: É o meu primeiro jogo, então ainda não sei como se sairá. Mas tomara que dê certo.

Vejo muitos ganhando dinheiro com jogos simples para celular, e esse não é o meu público. Então, ainda não tenho como saber qual será a aceitação do Deep Enigma no mercado. Assim que tiver uma base, passo mais informações, para ajudar!

Garota no Controle

Desenvolvedora de Software, Especialista em Engenharia de Software, Mestra em Machine Learning e o mais importante de tudo, idealizadora do site Garota no Controle. Buscando a cada dia fazer o que é certo, crescer em cada erro e passando a cada fase difícil, com o objetivo de zerar a vida com estilo.