Introdução
30XX é um jogo de plataforma roguelike criado pela Batterystaple Games e entrou em acesso antecipado através da Steam no dia 17 de fevereiro de 2021, para PC.
Ele é o segundo trabalho da desenvolvedora e também a sequência de 20XX, sua primeira obra. Este primeiro obteve sucesso entre os fãs de megaman, já que vinham de uma decepção envolvendo o jogo Mighty no.9.
Não é nenhuma supresa que o jogo tem como inspiração o aclamado clássico da Capcom, Megaman. Ao mesmo tempo que 30XX supre a falta de títulos de sua inspiração, ele mostra que é possível criar algo muito inspirado, porém único.
Jogabilidade
Assim como em 20XX, o jogador pode jogar como Nina ou como Ace. Estes são equivalentes ao X e ao Zero do Megaman, respectivamente. Nina é uma combatente de longa distância, enquanto Ace prefere o combate mais próximo ao inimigo.
Herdando a boa jogabilidade de seu antecessor, 30XX carrega em seu DNA o espírito de Megaman. Continuidade e velocidade são as palavras que melhor representam o jogo, pois é através dessas duas características que o jogo se constrói.
Não que seja necessário o jogador correr pela fase, pelo contrário, muitas vezes é preciso prestar bastante atenção nos obstáculos de cada level, mas todo o jogo é feito para estimular a velocidade, através das músicas e do design das fases.
Além disso, a movimentação é bem fácil e intuitiva. Através da famosa arrancada e alguns itens que mudam a movimentação, as maneiras de derrotar os inimigos pelo caminho são diversas.
A jogabilidade muda através dos itens, com armas diferentes ou armaduras que podem restaurar vida após um abate. Entretanto, senti uma baixa variedade de itens desse tipo no jogo, a impressão é que eu encontrava sempre os mesmos itens nas minhas tentativas. Isso deve ser resolvido até o lançamento do jogo.
Outro problema são as habilidades adquiridas ao derrotar os chefes. Eu não precisei usar nenhuma delas durante minha jogatina, às vezes que as usei, foi para testar e ver o que faziam. Diferente de Megaman, onde as habilidades são icônicas e te ajudam a derrotar outros chefes, em 30XX eu não senti importância nessas habilidades.

Modos
Apesar de ser vendido como um jogo no estilo roguelike, a obra possui um modo alternativo de jogo que é chamado de “mega”. Aqui o jogador não precisa temer a morte, pois ela só reiniciará a fase em que estava jogando.
O nome “mega” faz alusão ao estilo em que Megaman é feito. O jogador escolhe a fase que irá jogar e só volta ao saguão de fases ao morrer ou derrotar o chefe. Após conseguir derrotar um chefão, o jogador não perde mais o poder que conquistou.
Já o modo padrão funciona como todo roguelike: a morte não é sua amiga. Ao morrer, o jogador perde o progresso atual e volta ao saguão para fazer melhorias e tentar novamente. Os poderes conquistados na última tentativa se vão e o que resta é tentar novamente.
E, dentro dessas possibilidades, existe também a opção de jogar em cooperação com um amigo localmente ou então através de uma conexão pela internet. Quando pesquisei por partidas online, não consegui encontrar nenhuma.

Builds
Como todo jogo do gênero, 30XX possui itens e alguns melhoramentos que mudam a maneira de jogar. A cada tentativa, o jogador coleta itens e os usa para conseguir upgrades permanentes. Por isso, quanto mais jogar, mais upgrades terá.
Enquanto o jogador está jogando, ele encontrará itens que melhoram seu personagem naquela tentativa. Por exemplo, uma perna que habilita o pulo duplo, ou então uma armadura que oferece um escudo enquanto está arrancando.
Cada item utiliza uma quantia de pontos de núcleo. Como base, o jogador possui um total de oito pontos de núcleo, portanto, caso consiga duas partes que utilizam cinco pontos, ele terá que optar por uma das duas até conseguir mais pontos de núcleo.
Também existem os AUG’s, que são melhorias passivas para sua tentativa. Aumentam a vida ou energia máxima, aumentar o dano do ataque básico ou então ataque especial, dão pontos de núcleo, etc.
Como já foi dito, senti uma falta de variedade maior nesse quesito, sinto que o jogo tem mais para oferecer, e provavelmente terá mais conteúdo quando lançar.

Poderes de Chefes
Também como no título da Capcom, os poderes dos chefões diferem para cada um. Por exemplo, enquanto Ace cria uma sombra no local que repete seus movimentos, Nina atira uma bola negra que dá dano nos inimigos.
Porém, o impacto desses poderes não é grande, como deveriam ser. Não existe nenhuma fase com parte secreta que necessita de tal poder para atingir ou algo parecido, muito menos precisei de algum deles para derrotar um chefe.
Talvez esse seja um problema do jogo adicionar o elemento roguelike e fases geradas aleatoriamente na receita de Megaman. Criar esse tipo de mecânica com os poderes dos chefes tornaria o jogo frustrante por não ter o poder exato naquele momento.

Arte e Som
Artisticamente falando, o jogo é muito bem feito. A mudança para pixel art nessa sequência levou o jogo para ainda mais próximo de sua inspiração. Além disso, a quantidade de games do gênero de plataforma lançados em pixel art é imensa e, por isso, a familiaridade com a movimentação e jogabilidade encaixa melhor.
Cada fase possui um tema e são bem diferentes entre si. Apesar de todas usarem a tecnologia como tema base, os desenvolvedores trabalharam muito bem no level design delas para que encaixassem perfeitamente na geração procedural.
Enquanto uma fase é inspirada na China e sua cultura, outra parece ter vindo direto do Havaí misturado com Las Vegas. As fases são únicas, divertidas e principalmente desafiadoras.
Já o quesito sonoro é o ponto mais alto do jogo. Com músicas feitas em 8bit, a obra restaura os tempos áureos de Megaman e coloca sua marca. A velocidade faz parte de todas as músicas, é perceptível que criaram para impor um ritmo ao jogador.
Muitas vezes eu me empolguei na jogatina por conta da música e os efeitos sonoros que também são muito bem produzidos e responsivos. E quando juntamos a música e os gráficos de 30XX, tudo se une em perfeita harmonia e completa uma ótima experiência.

Conclusão
30XX chega com tudo para superar seu antecessor e se aproximar dos jogos clássicos da Capcom. Uma jogabilidade bem feita e responsiva unido a uma experiência audiovisual muito agradável é sempre bem-vindo. Apesar de ter pequenos problemas como, por exemplo, a utilidade dos poderes dos chefes e a pouca variedade de itens, eles não afetam a experiência como um todo. A obra propõe uma experiência e entrega, com mais acertos do que erros. Vale ressaltar que o jogo acabou de entrar em acesso antecipado e atualizações já estão programadas!
*Chave concedida para análise