Introdução
Valheim é um jogo de sobrevivência viking, criado pela Iron Gate AB e abriu seu acesso antecipado dia 2 de fevereiro de 2021, para PC. Não irei atribir notas por se tratar de um acesso antecipado.
Da mesma maneira que diversos títulos do estilo, Valheim carrega consigo uma forte inspiração em Minecraft.
Enquanto Terraria trouxe o gênero para a perspectiva 2D, ARK Survival Evolved colocou a ação em evidência e Raft utilizou de um bioma totalmente diferente dos demais, Valheim chega para entregar muito refino ao gênero.
Com poucos bugs, muito conteúdo e uma equipe dedicada, a obra é um ponto fora da curva na indústria dos games, que parece se preocupar cada vez mais em lançar jogos com mais frequência e menos qualidade.
História
A princípio, o game te coloca em Valheim, o décimo mundo nórdico. Você é um guerreiro que morreu em batalha e as Valquírias te trouxeram para este mundo. Posteriormente, o corvo que te traz a este mundo te guia através de tutoriais.
Existem chefes para serem derrotados e que avançam a história. Porém, com mais de 20 horas de jogo, derrotei apenas dois dos cinco disponíveis. Apesar disso, me mantive sempre motivado a prosperar e construir a minha história.
Acima de tudo, um jogo de sobrevivência tem a função de instigar o jogador a criar sua própria narrativa no mundo. Por exemplo, como você saiu do zero e chegou ao final. Ou então, construir uma base que seja eficiente na coleta e produção de recursos.
É sobre isso que Valheim se trata. Construir a sua história no mundo é intrínseco ao título e isso nunca foi tão claro em outros jogos de gênero.
Jogabilidade
Ao mesmo tempo que construir sua história é importante, para um jogo desse gênero funcionar, as mecânicas precisam funcionar e serem divertidas. Aqui, a base das mecânicas não são inovadoras, é pegar recursos através de ferramentas e transforma-los.
No entanto, a desenvolvedora conseguiu produzir uma sensação de vivência incrível. Derrubar uma árvore é uma mistura da realidade com praticidade, assim como minerar. Ela encontrou um equilíbrio entre o real e o arcade.
As animações são bem feitas e auxiliam o jogo em construir uma boa ambientação. A física é bem realista, tanto ao atirar uma flecha quanto construir uma casa. Por isso, o objetivo de criar uma segunda vida fica claro na obra.
Inesperadamente, o game trouxe essa experiência de segunda vida muito ligada aos MMORPG’s para um escopo bem menor e simples. Sem a competitividade que os jogos de multiplayer massivos trazem, é possível focar na sua experiência sem interferência de outros.
Dieta
Nos títulos do gênero, comer é uma necessidade. Nada mais justo, afinal, se não comer, morremos. Porém, Valheim apresenta uma perspectiva diferente nessa mecânica, pois comer não é questão de vida ou morte.
Caso não coma, sua stamina fica no mínimo e sua vida base também, mas você não morre. Dito isso, é importante salientar que você constrói uma dieta. Cada alimento dá uma quantia de vida, de stamina e tem certa durabilidade.
Portanto, você pode adequar sua alimentação para o seu objetivo atual. Existem opções de como se alimentar, e não é apenas uma mecânica de vida ou morte. Morrer ou não está diretamente ligado com a sua dieta, mas não é inevitável caso não coma.
A proposta é muito inteligente, nunca vi nada igual. É recompensador descobrir novas receitas e correr atrás delas. Pensar numa dieta nunca foi tão divertido.
Combate
Talvez esse seja o ponto mais baixo da obra, e olha que nem é baixo.
Ele funciona muito bem, as animações são responsivas, não atrapalham e a inteligência artificial é boa. Assim, o combate dança numa linha tênue entre o fácil e o difícil.
Enfrentar alguns inimigos simples pode ser fácil ou difícil, dependendo do nível do jogador e de sua concentração no momento. Sendo assim, dominar o combate é importante assim como manter uma boa dieta.
Salvo momentos que os monstros estão sozinhos e são facilmente derrotados, quando estão em bandos fica complicado. Em minha experiência com mais um amigo, as lutas contra os bandos precisava ser feita em dupla.
As famosas raids de MMORPG’s inspiram as lutas contra chefes. Com mecânicas diferentes, acontecem em terreno projetado para atrapalhar e ajudar o jogador. A fim de entregar uma batalha épica e única contra os chefes, Valheim se sai muito bem.
Construção
Sempre joguei jogos de sobrevivência com pelo menos um amigo. Eu nunca me interessei pela construção deles por não achar divertida e também não ver muitas possibilidades. Porém, com Valheim foi diferente.
Logo após o início do game, eu já estava arriscando uma construção ou outra. Conforme o tempo passou, eu tomei como profissão e fazia todos os aposentos da nossa pequena vila. Construí armazéns, taverna, casa e até uma doca.
O sistema é simples e prático, mas ainda carrega a realidade em seu DNA. Não dá para manter uma construção no ar sem sustentação, é necessário utilizar vigas para que elas fiquem suspensas.
Ou seja, é necessário um planejamento antes de iniciar a construção. Uma organização que envolve limpar o terreno, nivelar a terra, construir vigas, etc. Mas, nada disso se torna chato.
Exploração
Uma das bases para qualquer game do gênero, a exploração em Valheim é intrigante e recompensadora. Encontrar itens novos e descobrir o que é possível fazer com eles é essencial. Para isso, o jogo fez com que a câmera tenha uma função bem importante.
É possível levar a câmera até o ombro do personagem ou então afastar bastante para ampliar a visão. O uso dela é versátil para se adaptar ao seu estado. Caso esteja numa floresta e tenha que ter atenção aos arredores, utilizar a câmera no ombro para ter menor campo de visão e mais atenção nos detalhes é uma boa.
Já em um campo aberto onde você consegue observar mais longe, abrir a câmera e o campo de visão pode ser a melhor opção. Tudo depende do seu objetivo e o jogo te entrega todos esses detalhes.
Enfim, o mapa. Ele é imenso e possui diversos biomas. Explorar o mapa inteiro requer um trabalho árduo e longo, mas se mostra recompensador ao encontrar monstros raros e masmorras com itens raros.
Parte artística
É estranho falar sobre Valheim nesse aspecto. No primeiro olhar, antes de joga-lo, eu falei que o jogo era feio e possuía texturas estranhas. E vi que não foi só comigo que isso aconteceu, foram com diversas pessoas.
Por isso, tenho que ser honesto e admitir que o gráfico do jogo é maravilhoso e muito agradável. O sistema de iluminação é muito bem feito e agradável, entregando o que o jogo precisa para cada momento.
As texturas me lembram bastante os últimos jogos de Playstation 1, mas com um toque especial utilizando da tecnologia mais atual do mercado. Se o gráfico te causa estranhamento e te impede de jogar, pode ter certeza que isso muda logo no início da jogatina.
Já a parte do som, é competente. Tudo no jogo possui um som correspondente bem feito. A trilha que acompanha a maior parte do jogo é tranquila e calma, mas quando precisa ela atinge ápices inesperados.
Músicas instrumentais simples, mas muito efetivas. Assim como o jogo.
Conclusão
Apesar de estar em acesso antecipado, Valheim é um belíssimo jogo que refina algumas mecânicas, inova em outras e entrega uma experiência muito agradável aos fãs do gênero. Quase não possui bugs, encontrei um ou outro na minha jornada que não atrapalharam. A jogabilidade é extremamente satisfatória e traz consigo a sensação de uma segunda vida. No quesito artístico, merece uma salva de palmas. Pela ousadia de entregar algo que pode afastar jogadores, mas que se paga quando o mesmo experimenta. Para aqueles que procuram uma nova aventura para sobreviver, Valheim é o melhor mundo para isso hoje.
*Chave concedida par análise