Introdução
A bastante tempo na internet é gerada a discussão se o que tem mais valor em um jogo é a qualidade ou o tempo de gameplay proporcionado.
Com a alta dos preços, essa é uma análise totalmente válida a ser feita. Mas afinal, existe um fator mais importante na hora da compra do produto?
É sempre bom lembrar logo de início que cada um gasta ou escolhe a experiência que preferir. Nesse texto irei apenas mostrar os dois lados e aprofundar em cada um deles.
O preço dos jogos
A nova geração já chegou, e junto com as novas experiências como consoles mais potentes e jogos otimizados, também veio junto o aumento do preço dos jogos.
Não é novidade que videogame é um hobby caro, principalmente no Brasil. Com isso em mente na hora de se comprar um jogo no lançamento, é preciso na maioria das vezes ser feita uma escolha.
Todos nós queremos estar num cenário ideal em que poderíamos comprar todos os jogos no lançamento. Mas como essa situação não é a realidade para a maioria das pessoas, acabamos em uma situação difícil.
Melhor uma experiência curta e incrível do que uma longa e genérica
Esse é o argumento maior de quem defende qualidade em vez de jogos gigantescos, porém com coisas sem graça e vazias para se fazer.
Sendo assim um ponto interessante e válido, pois temos exemplos como Resident Evil 2 Remake, que embora seja um jogo curto, é de uma qualidade excepcional. Apresentando um foco total nos personagens e a sobrevivência deles, a historia aqui é sem enrolação e direta ao ponto.
E é exatamente essa a característica central dos jogos lineares e de narrativa. Terem uma qualidade tão boa que irá estimular o fator replay. No Re2 remake mesmo, é comum ouvir relatos de jogadores que finalizaram o jogo diversas vezes. Apenas para vivenciar a historia novamente, ou finalizar em uma dificuldade mais alta.
A decepção que custa caro
Costumo dizer que essa é uma das piores situações que pode acontecer. Você escolher dentro da infinidade de experiências que pode adquirir, uma que é curta, custa caro e decepciona.
Um exemplo claro disso ainda no universo de Resident Evil é o RE3 remake. Que se aproveitando do hype dos fãs, acabou sendo um jogo caro em todos os sentidos, e longe de ser a experiência prometida.
Parecendo ser apenas uma DLC do jogo anterior, ele decepcionou principalmente no corte de conteúdo, cortando cenários memoráveis do jogo original. Além disso toda a exploração e sistema de escolhas do clássico não existe na nova versão , momentos como a protagonista na delegacia e a torre do relógio foram totalmente descartados.
Além disso, as perseguições com o antagonista Nemesis foram transformadas de momentos surpreendentes e aterrorizantes para perseguições cinematográficas em corredores, fator que lembrou bastante Resident Evil 6.
Custando caro e podendo ser finalizado em 3 horas, para aqueles que esperavam uma grande experiência como o original foi, acabaram saindo decepcionados em todos os sentidos. E a verdade é, quando o preço cheio é pago em uma decepção, o sentimento de custo caro é mais intenso.
Claro, isso se encaixa dentro da expectativa de cada um e pode ser facilmente contornado com a leitura de análises antes do lançamento. Porém quando isso acontece, o sentimento de que aquele dinheiro poderia ser gasto com um jogo melhor é predominante.
Proposta e storytelling
Para finalizar essa primeira parte, é importante citar que a proposta que o jogo apresenta também é muito importante. Jogos como The Walking Dead e de narrativas em geral, costumam não ser muito longos pois isso alongaria a história mais do que o necessário. Então esse é um fator pessoal de cada um, eu mesmo considero que gastar em uma experiência memorável, independente do preço, vale a pena.
Um mundo aberto que proporciona horas de gameplay
Com os jogos custando muito caro, um dos fatores que algumas pessoas analisam na hora de comprar é o tempo que aquela experiência irá proporcionar. Então vamos supor que o produto em questão tenha o preço de 250 reais, se aquele jogo entregar no mínimo a mesma quantidade de horas de gameplay, será um investimento válido.
O grande problema disso é que muitos jogos que se dizem grandes e com mundos abertos incríveis, na verdade são vazios e genéricos.
Um exemplo claro disso são os jogos da Ubisoft, que embora tenham grandes altos e baixos, em sua maioria entregam mundos que depois de 2 horas de exploração e missões secundárias se tornam chatos e sem graça, focando sempre em missões repetitivas apenas para obtermos um item mais forte.
Também é comum, que o sistema de secundarias sirva apenas para upar o personagem para deixa-lo no nível necessário para se progredir na historia. Então muitas vezes estamos interessados em continuar o progresso da narrativa, mas o jogo nos obriga a fazer objetivos “opcionais” como caçar inimigos ou invadir fortalezas , apenas para aumentar o poder do personagem.
Além disso, essas missões não adicionam um fator de mudança no mundo ao nosso redor ou de historia, diminuindo assim a motivação de fazê-las cada vez que elas são completadas.
Mundos abertos e com grande qualidade
Embora na maioria das vezes seja necessário essa escolha, existem exceções. Como Skyrim, sendo um mundo aberto e uma experiência com muita qualidade.
Tendo assim um mundo vasto e com diversas historias e segredos a serem descobertos, é comum que durante a exploração até esquecermos da missão central, porque as secundarias tem um peso narrativo tão grande quanto as principais. Sendo assim, nas missões opcionais, além de descobrirmos mais sobre a historia e as habilidades do nosso personagem, também aprendemos coisas sobre o passado daquele mundo, descobertas que podem ser cruciais até mesmo em escolhas feitas na narrativa principal.
Na minha visão esse é o mundo aberto ideal. Que consiga fazer a junção da qualidade do storytelling e missões secundárias que acrescentem ao personagem e ao universo criado ao redor dele.
Conclusão
Com diversos jogos sendo lançados todos os anos, fica difícil escolher entre eles. Sendo assim, nem sempre podemos optar pela experiência ideal em que será gasto várias horas e ao mesmo tempo, todas com qualidade.
Então é preciso que seja feita a escolha que mais irá lhe agradar. Não existe certo ou errado nessa escolha, e sim a experiência que irá te dar o sentimento de investimento bem feito e horas bem gastas de gameplay.
