Introdução
Dandy Ace é um jogo de ação no estilo roguelike que tem como grande inspiração o renomado Hades. Foi lançado dia 25 de março de 2021 para PC, desenvolvido pela Mad Mimic e distribuído pela NEOWIZ.
A obra agrada os fãs do gênero com uma jogabilidade bem fluida, uma direção de arte bem focada no tema e com um sistema de cartas interessante. O estúdio brasileiro responsável por Dandy Ace superou as expectativas e demonstrou nossa força como desenvolvedores.
História
Dandy Ace é um mágico muito famoso que ofuscou o brilho de Lele com suas grandes apresentações e com sua fama. Por isso, o ilusionista Lele perdeu espaço nos palcos e sua fome de vingança cresceu, até que conseguiu aprisionar o famoso mágico em um espelho.
O enredo é simples e sem surpresas, a obra desenvolve muito pouco a narrativa e fica claro que serve apenas para sustentar o gênero escolhido. Embora eu não esperasse nada além desse enredo, ao terminar de jogar, fica claro a falta de carinho com a história durante o desenvolvimento.
Entretanto, não é algo que estrague a jogatina, mas também não a impulsiona. Se olharmos para uma de suas grandes inspirações (Hades), vemos que o enredo pode ser fundamental em como contar a narrativa de forma inteligente no gênero roguelike.
Os personagens não possuem destaque e os diálogos não são interessantes. A obra nos apresenta cada um deles e suas funções no início, mas é só. Ao utilizar os serviços de Jolly Jolly, por exemplo, ela solta uma frase aleatória e só.
Portanto, a junção da falta de plot e do desenvolvimento das personagens faz o jogador não ligar muito para o que irá acontecer com cada um deles ao final da jornada. O que me motivou a continuar jogando foi o sistema de cartas e só.

Jogabilidade
Aqui é onde mora a mágica!
Com o perdão do trocadilho, jogar Dandy Ace é bem instintivo e fácil. As mecânicas básicas de um roguelike estão presentes: melhorias na quantidade e na qualidade das cartas disponíveis, possibilidade de adquirir acessórios que ajudam e opções de builds.
Ou seja, assimilar experiências passadas ou até mesmo aprender do zero é bem simples. Da mesma forma, é simples desenvolver as builds, já que o sistema montado pela Mad Mimic é interessante, funcional e acessível.
Uma vez que controlar o personagem seja bem fácil, o combate ganha um destaque maior. A fluidez das animações facilita entender o que está acontecendo e também ajuda nas decisões tomadas durante a luta. Afinal, os inimigos deixam bem claro qual será seu próximo passo.
Porém, é preciso entender essa previsibilidade dos inimigos. Apesar de as animações serem boas, a variedade de golpes dos inimigos é quase nula, visto que um inimigo ou outro possui mais de um ataque. Os chefes do jogo também não são difíceis, passei todos eles na primeira vez que os enfrentei.
A maneira de conseguir melhorias são duas: através de fragmentos ou de moedas. Os fragmentos liberam melhorias permanentes e também libera os diagramas conquistados, já as moedas servem para comprar cartas novas durante a run ou melhora-las.
Adquirimos novos diagramas conforme derrotamos inimigos e eles liberam novas cartas para nosso arsenal. Existem três tipos de cartas: a azul, a amarela e a rosa. São essas cartas que entregam um dinamismo e diversidade para a obra.

Sistema de Cartas
Primeiramente é importante dizer que o sistema de builds é dividido em duas partes: a combinação de suas cartas e seus acessórios. As cartas são a parte ativa e os acessórios dão habilidades passivas para Dandy Ace.
O que torna o jogo realmente divertido é testar as diversas possibilidades, visto que cada carta tem sua habilidade primária e secundária. Por exemplo, existem dois espaços para acoplar cartas em cada botão de ação, o primeiro é a habilidade que ficará ativa e o segundo é um suporte para o primeiro.
Digamos que você tenha dois dashes iguais, é possível colocar um de suporte para o outro e isso adicionará um efeito para a habilidade como, por exemplo, um efeito de aceleração por cinco segundos após finalizar o dash. Ou então um ataque que atira uma varinha mágica que quica entre os inimigos combinado com o arremesso de cartas, a cada hit em inimigos serão disparadas cinco cartas que seguem inimigos próximos.
Além disso, existem muitas opções de combinação. As cartas azuis são os tipos de dashes, as rosas são os ataques básicos e as cartas amarelas são habilidades especiais que possuem tempo de recarga. Não há restrição de cores, então é possível combiná-las da maneira mais interessante que achar.
Já os acessórios oferecem tomar menos dano, dar mais dano ou então uma sobrevida. O número máximo de acessórios permitidos é três e pegamos um após terminar um mapa. Portanto, é possível montar sua build de acordo com as cartas que você possui ou pretende conseguir.

Outros pontos importantes
A dificuldade do jogo não é muito grande, visto que eu demorei para termina-lo e ainda assim o fiz em dez horas. Para um game no estilo roguelike, é relativamente rápido. As luta contra os bosses me surpreenderam pela facilidade de dominar. Os ataques são fáceis de decorar e ler e não possuem muitas variações.
Apesar disso, a variedade de estilos de jogo é um ponto a favor de Dandy Ace. Ele consegue abraçar todos os jogadores, sejam aqueles que preferem ataques mais rápidos, mais precidos ou que dão mais dano. Independente de como você gosta de jogar, provavelmente encontrará uma build desse estilo.
Quando nos referimos às melhorias disponíveis, senti que poderia ser melhor. O sistema é basico: você entrega os fragmentos e consegue uma carta ou acessório novo, ou então abre a possibilidade das cartas iniciais serem aleatórias, etc. Essas mecânicas são básicas e precisavam estar lá, mas senti falta de algo diferente, que dê uma importância maior para os fragmentos.
Entretanto, a obra ainda é bem divertida. Testar novas combinações e descobrir interações que dão certo é gratificante, ao mesmo tempo que conseguir um diagrama te faz imaginar o que a carta pode fazer e aumentar ainda mais o leque de builds.

Direção de Arte
Se existe algo que não podemos dizer sobre Dandy Ace é que o jogo é feio. A Mad Mimic trabalhou muito bem na ambientação e na variedade dos mapas, afinal, cada fase é uma parte do palácio. Os cenários são todos construídos com atenção e carinho, cada um contendo armadilhas e obstáculos diferentes.
O tom das cores utilizadas remetem realmente a um show de mágica ou até mesmo a um circo, as habilidades são variadas e também trazidas para esse lado mais circense. A variedade de ataques do protagonista é bem grande e as animações conseguem manter um ótimo nível de qualidade em todas, sendo assim, não prejudica o jogo em nenhum momento.
A trilha sonora é muito boa e utiliza de efeitos eletrônicos em sua maioria. Ela dita bem o ritmo das fases e cada momento que o jogador vive. Porém, não existe nenhuma música épica ou marcante, como também não existe música ruim ou chata. A obra mantém uma boa constância nesse quesito. Em vários momentos eu me senti nostálgico com as músicas da obra, elas me lembram bastante as músicas de Grand Chase, o famoso e finado MMORPG da KOG.
A dublagem brasileira está muito boa, apesar de ter sofrido críticas antes do lançamento do jogo. Com certeza o destaque é a atuação de Vinicius “VinieMattos” Torres de Mattos interpretando Lele, o vilão do jogo. Ele está presente no jogo a todo momento e possui frases engraçadas e que não cansam, sem contar que seu tom de voz está muito bem adequado para o personagem. Os demais personagens também tiveram boas representações, mas com participações menores.

Conclusão
Dandy Ace é uma supresa agradável e divertida, principalmente quando se trata de um estúdio brasileiro que muitas vezes ainda é olhado com desprezo. Bebendo de fontes consagradas, a obra consegue trazer o essencial do gênero: uma boa jogabilidade e o fator replay. Mesmo com uma história não muito desenvolvida nem explorada, ela não compromete em nada a experiência no geral. O destaque fica para o sistema de cartas e montar as builds, fazia tempo que eu não me divertia tanto testando novas combinações em um jogo. A Mad Mimic fez um belo trabalho aqui que com certeza vai encorajá-los a seguir criando jogos. Se você jogou Hades e quer um jogo no mesmo estilo, Dandy Ace é perfeito para você!
DLC ( Atualizado por Nana)
Com a versão para Xbox e Nintendo Switch sendo lançadas, foram adicionados algumas cartas e itens que farão toda a diferença no jogo. Essas adições também estão presente no PC por meio de uma nova atualização.
Cartas Adicionadas
Abaixo temos uma pequena descrição das cartas adicionadas:
- Disparo de Cartas: Atira 3 cartas que perseguem seus inimigos.
- Sobrecarga Fantasma: Ao se teleportar para frente, acabamos por duplicar nosso personagem, e após um tempo ambos vão se conectar e causar danos nos inimigos que ficarem entre eles.
- Ás de Espadas: Atacamos espadas pela frente do inimigo, uma explosão acontecerá atrás dele.
- Lenços em Abundância: Um projétil é atirado e quando acerta os inimigos uma correte de lenços é criada.
- Espetáculo de Dois Atos: Cria-se uma área no chão, quando nosso personagem entra ela explode causando danos nos inimigos próximos.
- Explosão das Fadas: Dois projéteis são atirados e danos é causado entre eles.
- Presença Esmagadora: Cria uma aura e causa danos em inimigos que estão dentro da região.
- Salto Magistral: Se teleporta perto do inimigo mais próximo e causa danos.
- Truque Intoxicante: Cria uma explosão à sua frente.
- Redemoinho de Praga: Cria um campo mágico que dá danos nos inimigos.
Itens Adicionadas
Abaixo temos uma pequena descrição dos itens adicionados:
- Festa de Cupcake: Aparecem mais cupcakes em cada level mas poções curam menos.
- Baralho Amarelo: Cartas Amarelas dão mais dano, e este aumenta confome avançamos pelo Palácio.
- Capa da Retribuição: O dano volta para o inimigo que atacar.
- Infusão de Guaraná: Aumenta velocidade.
- Capa do Assassino: Inimigos mais próximos levam mais danos. Além disso, o progresso no palácio aumenta o dano.
Desempenho
Anteriormente o jogo havia sido testado no PC e não apresentou problemas de desempenho. Realizamos testes no Nintendo Switch e Xbox e o mesmo continua a não ter problema. Ou seja, não ocorrem quedas de frames, ou problemas técnicos.
Entretanto a versão de Switch apresenta letras muito pequenas, quando jogado em portátil, o que pode atrapalhar na leitura das cartas.
*Chave concedida para análise