MazM: The Phantom of the Opera é um jogo interativo baseado no livro francês lançado em 1910 (o mesmo que inspirou o famoso musical). Desenvolvido pela Growing Seeds e publicado pela CFK, ele foi lançado em 25 de março para Switch. Mas também está disponível para smartphones e PC.
Na Ópera de Paris vive um Fantasma. A cabine 5 é reservada exclusivamente para ele. Qualquer um que ousar comentar seu nome ou ir contra sua vontade sofrerá as consequências…
O Fantasma da Ópera está dentro de ti
Um detetive de Paris está disposto a descobrir os mistérios que rodeiam a Ópera de Paris e as estranhas mortes que ocorreram 30 anos antes.
Para isso, ele irá mergulhar no passado e levar você para a investigação.
Após um pequeno contratempo, a cantora principal Carlotta precisa se ausentar. Por isso, Christine Daae assume seu papel na festa de despedida dos gerentes da ópera.
Mas, o que apenas os funcionários do teatro sabem é que lá com eles mora um Fantasma. E todos que trabalham ali devem obedecer às suas ordens.
O problema é que os novos gerentes não acreditam no sobrenatural. E por isso, passam a ignorar as ordens do Fantasma.
Mas o que eles não sabem é que grandes tragédias são reservadas para aqueles que não estão de acordo com seus termos.
Cabe a você jogador, desvendar o mistério do Fantasma da Ópera e qual sua relação com Christine.
Cante para mim, meu anjo da música!
Um dos principais focos da trama de The Phantom of the Opera é a relação da Christine com seu Anjo da Música e consequentemente com o próprio Fantasma da Ópera.
O jogo retrata muito bem o relacionamento abusivo entre a moça e essa figura quase etérea. Mas que de etéreo não tem nada.
A todo momento, o Fantasma usa de chantagens para distanciar Christine de todas as pessoas com quem ela possui algum afeto.
E tudo fica pior com a chegada de Raoul. O seu personagem foi criado para ser o completo oposto do Fantasma. Mas, algumas de suas ações são tão condenáveis quanto a do seu nêmesis.
Nessa obra, embora todos os acontecimentos sejam relacionados à Christine, seu papel é pequeno. A trama é na verdade um triângulo amoroso um pouco doentio temperado com ópera, assassinato e muitas mentiras.

Como jogar?
Com elementos de visual novel, The Phantom of The Opera traz uma mistura de leitura, aventura e puzzles.
Ao longo da trama, o jogo deixa você controlar diversos personagens importantes. Variando entre Christine, Raoul e até mesmo um dos gerentes da Ópera.
Boa parte é focado na leitura dos diálogos. Dividido em cinco capítulos, cada qual com sua própria sessão. Com a possibilidade de desbloquear sessões extras que trazem mais detalhes e aprofundamento da história.
Enquanto lê, você também pode colecionar anotações de curiosidades sobre a época. Assim como também pode interagir com os diversos gatos do cenário que oferecem dicas. Elas te ajudam a prosseguir na história!
Pela proposta do jogo ser quase que um livro interativo, os momentos em que o jogador precisa mover o personagem servem apenas para que ele ative o próximo diálogo.
A jogabilidade é bem linear e são poucas as vezes que você precisa de ajuda para prosseguir.
Em raros momentos, The Phantom of The Opera oferece puzzles simples para que o jogador resolva. Trazendo aí um elemento de interatividade.
Outra característica da gameplay são as escolhas feitas em momentos chave da história. Mas, por ser um jogo linear, não importa realmente qual você escolhe.
Muitas vezes, a escolha será bem óbvia. Não tem preocupação com erros e nem consequências quanto a isso.

Desempenho
Se The Phantom of The Opera tem um defeito, é o seu desempenho no Switch.
Existe um momento em que o diálogo acaba e o jogo te entrega o controle do personagem para prosseguir a história. São momentos bastante recorrentes.
Entretanto, toda vez que isso acontece a tela congela por pelo menos 10 segundos. Não importa quantos botões você aperte, ainda tem que esperar destravar.
Esse momento é o mais demorado. Mas por exemplo, abrir o menu ou clicar para ver os materiais extras também trava.
É um pequeno detalhe, mas que atrasa muuuuuito a gameplay.
Literatura interativa
A parte mais inovadora de The Phantom of the Opera é justamente sua proposta: popularizar clássicos literários.
Embora a obra tenha muita fama por conta do musical, ainda é uma obra de nicho. E mesmo o musical tem suas diferenças com a história original.
O fato do jogo incluir diversas curiosidades sobre a época também contribui para a inovação. O jogador não apenas aprecia a obra como também aprende sobre um período histórico.
Você sabia que a cena icônica da queda do lustre é um acontecimento real?

Muito além da música
O segundo maior destaque de The Phantom of the Opera é sua arte! Como uma boa visual novel, ele apresenta belas ilustrações de personagens e um ótimo design dos menus.
E falando em design, os personagens são bem únicos. Mesmo com designs propositalmente genéricos (alô Meg Giry), só pelo visual você consegue entender quem são os protagonistas.
Embora Raoul tenha uma grande importância na história, seu design foi feito justamente para passar o ar de bom moço inocente.
Até mesmo Carlotta tem um visual que chama a atenção. E que, curiosamente é o mesmo em todas as adaptações.
Fora dos diálogos, os cenários são todos muito bem feitos. Espaços como o camarim de Christine e o palco da ópera são bem detalhados. Elementos como pétalas de rosa e a estampa de tapetes chamam bastante atenção.
Embora a ilustração dos personagens seja cheia de detalhes, são usados na gameplay modelos chibi. Muito fofos por sinal. São fáceis de reconhecer pois mantém a individualidade dos personagens, mas sem o detalhamento que fica por conta das ilustrações.

Para os amantes de ópera
Agora sim, chegamos no principal destaque de The Phantom of the Opera. A história por si só pede músicas imponentes e vozes poderosas, afinal o cenário principal é uma ópera.
E se você, assim como eu, é fã do musical de Andrew Lloyd Weber, chega com as expectativas altas!
(Fica aqui o meu lembrete: assista O Fantasma da Ópera).
O jogo não decepciona e muito pelo contrário, ele surpreende! Logo no menu, já podemos ouvir a música imponente do órgão que representa o Fantasma.
Cada momento da trama tem sua própria trilha que combina perfeitamente com a história.
E pequenos detalhes, como o uso de um violino desafinado para representar a fúria do Fantasma e do Anjo da Música, trazem ainda mais vida para o jogo. É um som que te deixa desconfortável, assim como os personagens.
O ponto alto da trilha sonora é claro, a ópera! São momentos curtos, mas que deixam uma boa impressão. As belas vozes de Christine e Carlotta tem o mesmo impacto de uma ópera convencional.
É tão bom ouvir que você deseja que esses momentos de cantoria durassem mais!
Outro detalhe importante são as atuações de voz. Não existe dublagem além do canto da ópera, mas pequenas interjeições em momentos específicos.
Podemos ouvir suspiros, gritos e até mesmo risadas. Outros sons como batidas, também adicionam na imersão.
Não entre na cabine 5…
Em conclusão, MazM: The Phantom of the Opera é uma excelente adaptação do livro lançado em 1910 e que traz um elemento interativo à obra.
Minha principal preocupação com a obra era sua trilha sonora, mas claramente esse é o ponto mais forte do jogo.
E ele seria muito melhor aproveitado se não fosse o seu problema de desempenho. Entretanto, no geral é uma ótima diversão para quem já conhecia a história pelo musical. E também para aqueles que tem curiosidade e não tem aquele gosto pela Broadway.
*Chave cedida para análise.
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