Signs of the Sojourner é uma inusitada junção de jogo de cartas com elementos de visual novel. Desenvolvido pela Echodog Games, ele foi lançado em 18 de março para Switch e também está disponível para PC.
Um passado misterioso
E se toda conversa que você tiver com alguém fosse na verdade um jogo de cartas? Ao invés de usar palavras, combine símbolos para chegar a um entendimento com o seu interlocutor.
Essa é a proposta de Signs of the Sojourner. Após a morte de sua mãe, o jogador deve assumir o lugar dela como dono de uma loja na pequena cidade de Bartow. Com a ajuda de seu amigo Elias, viaje na caravana comercial de Nadine e traga produtos de volta para vender na loja.
Quanto mais produtos diferentes você trouxer, mais clientes e turistas irá atrair para a cidade. E, consequentemente, impedirá que Nadine desista de Bartow como um destino comercial.
E para isso, terá que viajar na caravana e conversar muito! Ao longo do seu caminho, irá encontrar pessoas importantes da vida de sua mãe, comerciantes inusitados e até mesmo criminosos!
Você também contará com a ajuda de Elias, seu amigo de longa data. Ele está disposto a salvar Bartow e também as memórias que os dois compartilham de lá e de sua mãe.
Ao longo de cinco viagens, descubra mais sobre o passado de sua mãe, conheça novos lugares e o mais importante: construa conexões com todos aqueles que conversar… ou não?
A grande característica de Sojourner é sua história não linear. Conforme você desbloqueia novos caminhos, mais opções se abrem. Sua única certeza é a quantidade de viagens.

Trocando palavras por cartas
Conversa é a arma principal em Sojourner. Ao começar, você possui 10 cartas com diferentes símbolos. Seu objetivo é combina-los com os do seu interlocutor.
Se completa uma corrente, a opção de diálogo boa é desbloqueada. Mas, se não prestar atenção nos símbolos que o seu interlocutor tem e falhar em fechar uma corrente, a conversa vai tomar um rumo indesejado.
Ao usar as cartas, o jogador tem a oportunidade de criar conexões com as pessoas que encontra pelo seu caminho. Conversas que terminam de forma positiva lhe rendem produtos e laços com os personagens.
O principal objetivo de Sojourner é justamente criar vínculo com os personagens. Entretanto, pense bem em como montar o seu deck de cartas.
Você só pode ter 10 cartas no total. Toda vez que uma conversa termina, pode escolher uma carta para substituir no seu deck. A escolha deve ser feita com cuidado, já que cada vez mais símbolos diferentes são adicionados ao longo das conversas.
E não apenas você deve escolher símbolo diferentes, como também existem cartas com efeitos especiais. Por exemplo, a carta sem valor que irá imitar a última carta na corrente. Ou então, a carta que te deixa olhar a mão do seu interlocutor.
Quando duas cartas com símbolos iguais são combinadas, uma espécie de escudo se forma. Ele garante a continuação da conversa caso você não tenha uma carta que combine com a atual corrente.

Limitações no deck!
Embora essa mecânica seja muito inovadora, ela também é muito limitante. Você só pode ter 10 cartas e o jogo quer que o jogador necessariamente as troque toda vez que sai de uma conversa.
Quanto mais símbolos aparecem também fica mais difícil de obter um resultado positivo. Muitas vezes pessoas com símbolos totalmente diferentes do seu aparecem como opção de diálogo. Sem falar também, das cartas de exaustão.
Toda vez que o jogador sai com a caravana e viaja distâncias longas, acumula cartas sem valor. Elas estão ali para atrapalhar suas conversas e só desaparecem quando você volta para Bartow e descarrega suas coisas.
No fim, podemos enxergar isso tudo como uma metáfora para a proposta do jogo. É difícil manter relacionamentos e conversas quando a nossa mente não está no lugar certo.
Toda conversa importa
Ganhar ou perder um diálogo leva a destinos diferentes na história. O jogo não possui um caminho linear e o diálogo aparece com quem estiver disponível.
Sua única certeza é que terá cinco viagens para salvar Bartow do esquecimento. Mas não se preocupe, Sojourner tem uma visão bem otimista sobre a vida!
Não deu certo? Você pode começar de novo com a ajuda das pessoas importantes da sua vida.

Monte seu deck!
Como citado anteriormente, o sistema de cartas que substitui diálogos é a maior cartada (não peço perdão por este trocadilho) de Sojourner.
Cada personagem possui cartas com símbolos diferentes. Podemos interpretar isso como sua personalidade e opinião. Para que a conversa seja fluída para ambas as partes, o jogador deve se adaptar aos símbolos de cada pessoa.
Assim como o interlocutor também irá se adaptar às cartas que você escolhe. Mas nem tudo é estratégia e o fator sorte está muito presente no jogo.
Essa é uma visão interessante de interpretar conversas e criar vínculos. Quanto mais avança, mais consegue informações sobre sua mãe e também ajuda na loja.
Arte colorida
Signs of the Sojourner já tem personalidade o suficiente com o seu sistema de cartas. Ele absolutamente não precisava me atacar com o seu design único e cheio de personalidade!
Mas eu fico feliz que ele fez. Cada novo personagem que você encontra possui um design que reflete muita personalidade! E por serem tão únicos, também temos muita diversidade ali.
E não para por aí! Cada nova cidade visitada em Sojourner traz um ambiente único e colorido! Dá para perceber muitas influências de culturas sul-americanas também.
E como se não bastasse todo esse trabalho na arte, a trilha sonora é com certeza uma das melhores partes do jogo.
Cada ambiente possui sua própria música e é cada uma mais divertida que a outra. É algo simples, mas ao juntar toda essa cor e música, é imersão na certa.

Falando pelos cotovelos
Em suma, Signs of the Sojourner usa um método nada convencional para representar a nossa habilidade de se comunicar com outras pessoas.
Mesmo com suas limitações e fator de sorte, o jogo ainda passa uma mensagem importante regado a visuais que impressionam.
Com um alto fator replay, ele traz uma mecânica não-linear de exploração. Você vai ter que escolher as pessoas com quem quer falar e não vai conseguir bons diálogos com todas.
Às vezes uma só conversa irá mudar o rumo da história. E isso vai deixar aberto para que comece de novo e faça diferente.
Se comunicar só é difícil quando não temos pessoas dispostas a ouvir.
*Chave cedida para análise.
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