O jogo Cupid Simulator tem como objetivo formar casais. A ideia diferenciada é aplicada em um jogo que se inspirou muito em Stardew Valley, mas aqui o que cultivamos é o amor. O jogo do Studio Supernova Games não foi lançado ainda, entretanto apresenta em seu Youtube vários vídeos mostrando a evolução do projeto.
Conheça mais no trailer abaixo:
Essa entrevista é uma oportunidade de conhecer mais sobre jogos brasileiros. Sobretudo para ajudar a ter uma visão do mercado brasileiro para desenvolvedores e fãs de videogames.
Agradeço ao Renan, Raquel e Tori por responder nossas perguntas, e com isso permitir que este post fosse realizado.
Para conhecer outras entrevistas de nosso site acesse aqui.
Entrevista
Garota no Controle: O que veio primeiro, a mecânica ou temática?
Renan: Foi a temática. Eu estava buscando fazer um jogo diferente, que se destacasse dos demais, e por isso pensei em um “simulador de cupido”. Formar casais é algo muito divertido, conheço muita gente que shippa personagens e até artistas e queria ver como isso funcionaria dentro de um jogo.
Garota no Controle: Que jogos inspiraram Cupid Simulator?
Renan: Nos inspiramos em dating sims e visual novels no começo, mas conforme fomos evoluindo o design, entendemos que o jogo tem muito a ideia de cultivar casais também. E daí fomos buscar inspiração em jogos de fazenda: Stardew Valley, Slime Rancher, My Time at Portia; e alguns de simulação, como The Sims.
Raquel: Stardew Valley, Forager, entre outros jogos com mecânicas de farming foram de grande influência para as mecânicas do Cupid Simulador. No entanto, nossa proposta inspira-se em outros estilos de jogos também. No que diz respeito ao visual, nós buscamos referências fora do universo de jogos, trazendo elementos dos animes dos anos 90 associados à temática Lo-Fi, com o objetivo de transformar a experiência do jogo em um momento relaxante embora entusiástico.
Tori: Acho que o Cupid tem muito dos jogos de simulação de vida, principalmente Animal Crossing, e de recriação de mecânicas de jogos de fazenda como o Stardew Valley.
Garota no Controle: Qual o diferencial do jogo de vocês?
Renan: O nosso jogo é sobre formar e cultivar casais, sendo um cupido. Acredito que seja um foco bem único e diferenciado em jogos. A nossa intenção é fazer isso utilizando mecânicas e um gameplay familiar, mas com objetivos e um contexto bem únicos.
Raquel: O principal diferencial do Cupid Sim é a temática e como isso é trabalhado nas mecânicas e no visual do jogo. O jogo trata dos sentimentos humanos, bons e ruins, de uma forma lúdica e divertida, e toda mecânica está relacionada ao amor. Acredito que em tempos como este é ainda mais importante se sentir amado e acolhido e o Cupid Simulator se propõe a isso.
Tori: Eu particularmente acho o Cupid um jogo muito único em vários sentidos. Ele incorpora várias mecânicas de estilos de jogos diferentes, como os elementos de simulação de relacionamentos entre os humanos e de criação da sua própria Ilha Cupido. Além disso, a direção da linguagem visual do jogo é bem diferente do lugar comum do mercado em que ele está inserido – trabalhamos muito com tons chamativos e itens super detalhados, o que o torna bem interessante visualmente e o destaca dos demais.
Garota no Controle: Qual o tamanho da equipe de vocês?
Renan: 5 pessoas fixas na equipe e mais 2 freelancers.
Garota no Controle: Quais as principais dificuldades encontradas para desenvolvimento e para conseguir que o jogo fosse publicado?
Renan: Acredito que uma das grandes dificuldades para desenvolver seja ter financiamento para montar uma equipe de qualidade para fazer o jogo. Nosso jogo atual é financiado pelo edital PRODAV-14 da Ancine de 2017, que tivemos o privilégio de vencer, mas poucas empresas no Brasil têm essa mesma condição. A distribuição em um ambiente de PC é relativamente acessível, pois só é preciso pagar uma taxa para lançar no Steam, por exemplo. O grande problema mesmo é a visibilidade. Excelentes jogos são lançados no Brasil com frequência, mas muitas vezes não conseguimos um destaque bacana dentro das plataformas onde lançamos pela grande quantidade de títulos lançados diariamente. Inclusive, muito obrigado pelo espaço e por conversar conosco 🙂
Garota no Controle: Pretendem lançar outros jogos?
Renan: Com certeza! Já temos outros jogos lançados (dentro do universo Cupid Simulator) e queremos lançar mais jogos dentro desse universo.
Garota no Controle: Qual foi o maior aprendizado que vocês gostariam de passar para outras pessoas, sobre produzir o próprio jogo?
Renan: Eu acho que o mais importante é perseverança. Eu trabalho fazendo jogos há mais de 8 anos e não tive jogos de grande sucesso ou que me permitam pagar as contas com as vendas dele até então. Mas mesmo assim continuo buscando formas de me manter e manter a minha equipe saudáveis financeiramente e trabalhando nesse mercado que nós tanto amamos. Estou com fé de que o Cupid Simulator pode ser nosso maior jogo até então, e que trará bons frutos e equilíbrio para a empresa.
Raquel: Ser desenvolvedor de jogos é uma atividade extremamente divertida e desafiadora, onde saber trabalhar em equipe é de suma importância. Em tempos como estes, onde estamos tão distantes um do outro, foi ainda mais desafiador e recompensador. O respeito e a amizade entre os membros da equipe é o que torna tudo possível. Saber lidar com os colegas é essencial.
Garota no Controle: Sobre mulheres na área de desenvolvimento de jogos, o que vocês têm a comentar sobre isso?
Raquel: Eu acho que o mercado de jogos está se abrindo cada vez mais para as mulheres, não só para as jogadoras, mas também para as desenvolvedoras e isso é incrivelmente enriquecedor, porque abre espaço para o desenvolvimento de experiências que só seriam possíveis de ser produzidas através de um ponto de vista feminino. Eu me considero uma desenvolvedora de sorte por nunca ter sofrido nenhum tipo de preconceito por estar nesse ramo. Muito pelo contrário, eu sempre fui respeitada por meus colegas e encorajada por meus professores e mentores. Espero que mais mulheres se sintam encorajadas a compartilhar mais de sua criatividade no mercado de jogos.
Tori: Embora a área tenha tido uma grande melhora em termos de inclusão por conta dos movimentos que ocorreram nos últimos anos (a citar o #MeToo) ainda acredito que há problemas notáveis a serem discutidos e pensados. Ainda existe a forte ideia de que jogos e cultura gamer num geral são espaços exclusivamente masculinos – muitas tentativas de mudar a situação e tornar o ambiente mais favorável à permanência de mulheres são vistas como forçadas e desnecessárias. Conheço colegas de profissão que temem denunciar situações de assédio moral e sexual por medo de uma possível exclusão do mercado de trabalho e da retaliação pública, por exemplo.
Garota no Controle: Que mensagem gostaria de passar para aqueles que querem desenvolver jogos no Brasil?
Renan: Estudem, se dediquem e, principalmente, produzam. A melhor escola, na minha opinião, é a prática. O Brasil é um país vasto e cheio de gente talentosa, então temos muito a crescer ainda em termos de produção de games, e espaço para inúmeras novas vozes.
Raquel: Acredite no seu potencial e busque mais do que o óbvio. Jogos vão muito mais além do que o puro entretenimento e é uma mídia incrível e quando usada para o bem e do jeito certo, pode acrescentar muito a vida das pessoas.
Tori: Puxa, eu dou toda a força possível para projetos brasileiros. Acredito que nosso país tem pessoas extremamente talentosas em suas áreas e capazes de criarem jogos únicos e atraentes tanto em escala nacional quanto global.
Garota no Controle: Para vocês, é possível viver de jogos no Brasil?
Renan: Com certeza! Não é uma tarefa fácil e estou buscando isso há vários anos, mas com dedicação, inteligência de mercado e entendendo o seu jogo como um produto, você é capaz de criar a renda necessária para isso.
Raquel: Sim, mas depende de pessoa para pessoa. Como eu disse, jogos são mais que só entretenimento. Há muitos ramos no mercado e muitos deles ainda são pouco trabalhados, gerando mais oportunidades de negócio no Brasil. Tudo depende de quão disposto você está para se dedicar, estudando, trabalhando e procurando inovar.
Tori: Sim! Nosso mercado é pequeno, com certeza, mas nos últimos anos tenho visto cada vez mais interesse em fazer acontecer e tenho muito orgulho da produção brasileira e dos profissionais que temos aqui. Não é um caminho fácil, claro, mas diria que estamos melhorando cada vez mais.
Algumas redes sociais para acompanhar o projeto: