Introdução
Ok, já passamos por algo assim recentemente, não? É fácil chegarmos a uma concordância aqui, que no caso, é que o legado de Final Fantasy 7 é extenso e importante até demais. Se não fosse, não teríamos um remake, correto? FF7 é o que podemos chamar de um ”clássico moderno”, pois mesmo antes do lançamento em sí da sua versão ‘renovada’ (a qual teremos uma análise em breve), já poderíamos atribuir a várias características, que a indústria de games herda do mesmo, até hoje.
Pense comigo, FFVI já foi um sucesso absurdo, sendo considerado talvez um dos melhores jogos da franquia, até hoje. Entretanto, se ele é tão absoluto assim, qual o motivo mais plausível, para que a sequência recebesse um remake primeiro? Essa é uma pergunta difícil de responder, mas, através desse artigo, discutiremos as virtudes do clássico da Square, e entenderemos o seu valor cultural na indústria.
As novidades do milênio… e polígonos

O final da década de 90, é um marco tecnológico para vários setores no mundo. Para o vídeo-game não seria diferente, pois, muitos já estariam se aventurando nas tecnologias que permitiam explorar os mundos 3D. Digamos que, por questões de gambiarra e limitação de escopo e de fundo monetário, tudo devia ser adaptado para isso. Todo o design, de tudo.
É aqui que entramos numa parte curiosa, pois, querendo ou não, essa visão não deixa de ser a de analisar uma gambiarra pela limitação da época. FF7 é o pioneiro dos JRPGs 3D, dando uma aula de design e estabelecendo claros padrões, para como lidar com essa nova onda tecnológica.
Indiretamente, esse padrão demonstrava amplas comparações, de como engrandecer a obra antecessora do Famicom. Esse padrão, seja pelo formato de batalhas 3D, e a constante mudança de perspectiva de cenários pré-renderizados, estabeleceria a fórmula de como JRPGs se comportariam nos próximos anos.
O polígono em prol da arte
Sejamos sinceros, adoramos o design de personagens do Tetsuya Nomura. Por mais que, eu seja um ávido crítico do seu trabalho nos últimos anos, confesso que sou apaixonado por seu estilo, e por suas decisões criativas. Engraçado você pensar que, o nosso protagonista de FF7, possui cabelo espetado não por um estímulo criativo, mas uma necessidade de design.

Estávamos muito longe ainda, de sequer imaginar como seria um NVIDIA Hairworks pra época, então, tudo teria que seguir num fluxo único. A estética deveria estar ligada intimamente, com as tecnologias de polígonos. Afinal, tudo no final da obra estava girando em torno dos polígonos. Polígonos = vida.
Essa decisão de design e de direção de arte, é responsável por ter feito o clássico envelhecer tão bem. O que muitos não enxergam hoje em dia, é que jogos que envelhecem bem, possuem direções de arte fantásticas. Estou mentindo? Só procurar, jogos mais recentes como Gears of War, The Last of Us e God of War (2018), são obras majestosas com direções de arte majestosas.
O legado de Final Fantasy 7, está pessoalmente ligado a esse laço de virtudes que Nomura possui, o carinho, o tratamento quase pessoal que o artista dedica para esse mundo. Assim, no fim, ao re-jogar o clássico, a experiência é quase como a se estivesse jogando algo feito hoje. A atmosfera, a estética e arquitetura, tudo parece ter sido tirado de uma São Paulo de 2021.
A extravagância de algo refrescante
A obra é muito a frente de seu tempo. Pensar que um jogo produzido por japoneses, evidenciaria discursos de ecossocialismo/alter-globalização, é algo inimaginável para hoje, certo? Visto que, a década de 90 era saliência total para esses assuntos, é impossível que um jogo com sua premissa (luta contra megacorporações), não seria político. (talvez essa visão política de FF7, fique para outro dia, ok?)
Combine isso com um gameplay inovador, e rápido. Portanto, ao analisar mais a fundo, veremos um Final Fantasy com um combate mais refinado, e complexo, seja pelo acréscimo das mecânicas de ”Materia” e, dos ”Limit Breaks” que traziam um ar refrescante para a fórmula já consagrada.
Personagens das mais múltiplas e variadas personalidades, com desenvolvimentos bem realizados e escritos, FF7 possui uma profundidade que para época, inexistia em um título com tantas novidades técnicas. Tudo era novo e refrescante, tudo era curioso, e tudo era excitante de experimentar.
Por que ”reimaginar” um clássico?
Final Fantasy 7 é um clássico absoluto. Ponto. Sem discordâncias, muito menos questionamentos. Portanto, o seu legado se mantém até hoje, por conta de todas essas virtudes atribuídas, mantendo o jogo vivo mesmo 20 anos depois. Assim como na década de 90, o jogo sustenta sua qualidade e seu odor refrescante para os entusiastas de RPGs em geral.
É impossível ditar, se um game tão icônico e com um legado tão extenso como FF7, receba um remake também. Afinal, tudo hoje gira em torno de uma busca de mercado consumidor, pois sem demanda, não há necessidade de se dedicar a um produto sem compradores. Mas, o que é certo dizer, é que o remake de Final Fantasy 7 mantém o seu legado vivo, legado criado a 24 anos atrás.
Podemos ter certeza de uma coisa, e essa certeza é de que você precisa jogar esse jogo. Se por acaso você preza por uma obra de qualidade indescritível, então com certeza Final Fantasy 7 é um game para você.