Uma geração de reinvenções
Nessa última geração de consoles, vulgo a do PS4 e do XOne, tivemos a sorte de ver o gênero dos FPS se transformar. De certa forma, voltando as origens com franquias renomadas e antigas, restaurando-as com total força. Assim, os melhores FPS dessa geração, de modo geral, se renovaram no sentido de trazer conceitos básicos, e evoluí-los. O que foi o caso com Wolfenstein e DOOM, jogos que já possuem um nome poderoso, mas conseguiram se realocar e se reinventar.
É importante notar que, na geração do PS3 e X360, podemos ver a ascensão e saturação da fórmula de Call of Duty. Portanto, observamos que o uso constante dos designs da franquia COD, saturaram o mercado e principalmente os consumidores. Consequentemente, a demanda por algo novo e diferente era constante, muitos até pediam que essas franquias, voltassem às suas origens. O que de fato, foi uma medida tomada por empresas da DICE e Activision, retornando seus títulos para suas temáticas de origem: Segunda Guerra Mundial.
Muito da temática foi revisitada e reutilizada, porém, foi uma boa medida? De certa forma, alguns fluxos foram seguidos e principalmente, a temática ”retrô-FPS” e dos ”immersive sims” foi retomada, com o ressurgimento lendário de DOOM, e do maravilhoso título da Arkane Studios: Prey.
Sem mais delongas, vamos lá para a lista dos FPS mais inovadores e bem feitos dessa última geração.
7. Deus Ex: Mankind Divided
Ok, admito que foi meio complicado iniciar essa lista, mas é notável que começamos por esse belo título aqui. Mankind Divided foi lançado em 2016, publicado e desenvolvido pela Square Enix e a Eidos, o título é responsável por dividir profundamente a comunidade da série.
Mas uma coisa devemos considerar: MD talvez, seja uma das melhores experiências de micro open world, e principalmente uma belíssima experiência cyberpunk. O título possui imensos pontos positivos, seja pela sua qualidade gráfica e de gameplay, possuindo um roteiro competente mas com pequenas falhas. No fim a experiência não é muito diferente de um Deus Ex de 99, muito menos do seu antecessor: Human Revolution.
A gameplay e design dele como um immersive sim, já é algo marcado a anos como sua identidade principal. O level design inteligente, junto com a ampla gama de opções que o jogo fornece, permite que a experiência de um jogador, nunca seja igual a de outro. Realmente, uma maravilhosa joia dessa última geração.
6. Battlefield 1 (2016)
Ilustrando a capa desse artigo, temos Battlefield 1. Publicado pela EA, e desenvolvido pela DICE, Battlefield 1 era o primeiro jogo da franquia a explorar os conflitos da Primeira Guerra Mundial. Mesmo que, pensando num quesito técnico, BF1 não inovou em praticamente nada para a série, muito menos trouxe mecânicas ”novas” para a fórmula. Portanto, o jogo segue o mesmo nicho de sequências da EA, tal como FIFA: sequências que são lançadas, para refinar a fórmula original.
Mas, o que faz de BF1 um jogo totalmente novo ao nosso olhar? A sua temática. Nunca vimos antes uma franquia de jogos, detalhar tão bem a Primeira Grande Guerra, com tanta verisimilhança e pontualidade. A atmosfera rica em detalhes, somada com o sound design divino e a direção de arte de tirar o fôlego, BF1 por mais abandonado que se encontre hoje, é um dos melhores títulos da série. O seu trailer de revelação, deixou a internet em transe por muito tempo. Muito se via das inovações gráficas e principalmente da imersão produzida por ela.
Entretanto, o que mais brilha em Battlefield 1, é a sua campanha. Pensada e formulada em contar diferentes histórias e realidades, dentro do cenário da Primeira Guerra, BF1 se compromete a passar experiências reais, e dar uma aula de História de diversas nacionalidades ao jogador. Podemos ver desde as batalhas na linha de frente italiana, lideradas pelos ”Arditis”, para até o balé feito pelos pilotos ingleses, nos combates aéreos. Battlefield 1, com certeza, é uma experiência única e obrigatória a fãs de História e FPS, sendo um dos melhores FPS e experiências dessa última geração.
5. DOOM (2016)
Lançado e publicado pela Bethesda, mas desenvolvido pela maravilhosa Id Software, DOOM chegou para destruir. O ”reboot” da série DOOM, em 2016, foi um presente caloroso para todos os fãs de longa data do clássico. A maior das conquistas do reboot, é o fator de ter conseguido adaptar a jogabilidade clássica e modernizá-la. Matar, destroçar e estripar demônios nunca foi tão prazeroso e divertido.
Além disso, junte o fato do jogo ter um foco maior na sua história e lore, e temos uma experiência mais cativante e sentimos o peso de ser o DOOM SLAYER. Assim, se aventurar e navegar pelo inferno e estações destroçadas de Marte, se torna um prazer enorme, visto que o jogo possui uma boa distribuição de ação com storytelling visual.
Dos títulos dessa lista, posso considerar DOOM 2016 como um dos mais importantes dessa geração. É responsável por, além de inovar, mas renovar o formato de produção de FPS nessa geração. A fórmula de COD, já não é mais majoritariamente copiada, e o novo título da Id Software se destaca como influência para diversos outros títulos, sejam 3As ou indies.
4. Resident Evil 7
Ok, calma fã de Resident Evil. Antes de você dar hate em cima de mim, porque a comunidade e fanbase de RE é meio cabulosa, vamos ser pragmáticos e metódicos: inegavelmente, RE7 é um ótimo jogo. Lançado e produzido pela CAPCOM em 2017, Resident Evil 7 era a nova entrada da série, com uma mudança de perspectiva atmosférica: o jogo contava com uma visão em Primeira Pessoa.
Muitos articulam e discutem de forma religiosa, os valores embrionários da série, alegando que RE7 não é um autêntico jogo, pelo simples fato da mudança de perspectiva. Uma discussão muito boba, e idêntica a que já existia, na época do lançamento do icônico Resident Evil 4. A verdade é que, RE7 é um autêntico Resident Evil, e compartilha muitas qualidades e inspirações, com os títulos clássicos.
Com uma atmosfera marcante, que relembra os filmes clássicos do Massacre da Serra Elétrica, e produzindo um maravilhoso destaque e resgate para as mecânicas de survival horror, RE7 acaba por mesclar o melhor do FPS com o terror. A mudança ”radical” para a nova perspectiva, permitiu uma renovação nos valores do horror. Inspirado principalmente por jogos como Amnesia e Outlast, a nossa perspectiva veio para ficar, caso contrário, VILLAGE não estaria sendo produzido, não?
3. Titanfall 2
Lançado em 2016 pela EA e produzido pela Respawn, assim chegamos a um título totalmente injustiçado: Titanfall 2. Com um planejamento horroroso, Titanfall 2 fora lançado perto da data de Battlefield 1, título lançado pela mesma produtora. Como mencionado acima, o hype que se criou em BF1 era gigantesco, e é óbvio perceber que Titanfall 2 passou despercebido pela mídia na época.
Portanto, é triste perceber que essa janela de lançamento prejudicou e muito o lançamento do maravilhoso FPS da Respawn. O que muitos não sabem, é que Titanfall 2 é um jogo repleto de qualidades: um modo multijogador viciante e maravilhoso, uma campanha bem escrita e recheada de ação e, missões cooperativas divertidas. Tudo num pacote de valor idêntico ao de BF1.
Mesmo que, ofuscado pelo blockbuster que foi BF1 na época, Titanfall 2 possui uma vasta gama de fãs (assim como eu), que idolatram suas qualidades e inovações. A gameplay fast-paced, somada com a articulação das mecânicas dos Titãs, transformava as partidas em batalhas épicas e prazerosas. A imersão do multiplayer de Titanfall, é algo que até hoje não foi reproduzido em nenhum outro título de FPS, sendo assim de longe, um dos melhores FPS dos últimos anos.
2. Prey
Lançado pela Bethesda em 2017, e produzido pela famosa Arkane Studios, temos Prey na lista também, como mais um immersive sim de valor para cá que, assim como Deus Ex, merece seu valor. Inspirado no clássico System Shock da Looking Glass, Prey acaba por compartilhar muitas características e se torna um sucessor espiritual do papai dos simuladores imersivos.
Numa trama onde você é a última medida contra uma contaminação e invasão em massa, de uma raça alienígena chamada typhon, aventure-se por uma estação espacial infestada de desafios e terror, que desafiará completamente a sua capacidade de lógica. Prey não peca no quesito de tentar levar o jogador ao limite, pois a chave para devorar bem um immersive sim, é pensar fora da caixa.
Com uma atmosfera e writing de se invejar, Prey se destaca não apenas como um dos melhores FPS, mas um dos melhores jogos da geração. É incrível ver os níveis de detalhes promovidos pela CryEngine e, como tudo isso é se casa para produzir uma das melhores experiências do gênero.
1. Wolfenstein: The New Order
Para você caro leitor que lê esse texto rigorosamente, devo admitir que: o reboot de Wolfenstein, é o melhor jogo que joguei da última geração. Lançado pela Bethesda em 2014, mas produzido pela MachineGames, e não a clássica Id Software, muitos se questionavam se a empresa conseguiria fazer jus ao legado da franquia. E ela conseguiu.
Pensado primordialmente como um thriller dramático (falaremos mais sobre isso, num futuro artigo), The New Order possui um foco em transmitir uma experiência humana, num conflito de consequências desumanas. B.J. Blazkowicz, protagonista da série e dos jogos clássicos, não é mais um super-soldado, mas um humano como qualquer outro no título da MachineGames.
Com uma gameplay que remete ao ritmo fast-paced, mas não se envergonha em adotar medidas modernas, Wolfenstein acaba por ser um jogo com um pacing muito agradável, e um roteiro/writing divino. Duvido você, não perder umas lágrimas ou ficar aterrorizado, com a realidade que Wolfenstein nos mostra.
Menção honrosa: Metro Exodus
Pouco se falou na época que Metro Exodus foi lançado, o que mais se remetia a sua imagem, era a polêmica envolvendo a Epic Games. Mesmo assim, é imprescindível dizer que, o título é maravilhoso em sua constituição e um título obrigatório para os fãs de FPS e da série de livros… ou dos outros jogos. Fica aqui como menção honrosa pois, falar brevemente desse jogo não seria algo respeitoso, o mesmo merece um artigo inteiro.