Introdução
A série Atelier já tem bastante história. Seu primeiro jogo foi lançado lá no primeiro Playstation, e desde então já tivemos mais de 20 jogos dessa série. Em comum, todos têm como protagonista uma garota com conhecimentos em alquimia, que parte em uma aventura para melhorar sua arte e descobrir o mundo.
Agora, em 22 de abril de 2021, a Koei Tecmo está lançando uma coletânea chamada Atelier Mysterious Trilogy, que conta com versões remasterizadas de 3 jogos desta série. São eles Atelier Sophie, Atelier Firis e Atelier Lydie & Suelle. O pacote está disponível para Switch, PC e Playstation. No site, já analisamos os jogos mais recentes da série, Atelier Ryza, e Atelier Ryza 2
Três Histórias
Apesar de serem largamente independentes, os três jogos se passam em um mundo compartilhado e são quase continuações um do outro. Isso quer dizer que cada alquimista é protagonista de sua própria história, mas contará com ajuda das outras. Em Atelier Firis, por exemplo, nos encontramos com a Sophie, pois este jogo se passa depois do final da história da Sophie.
Como dito acima, suas histórias seguem um certo padrão. Nossas heroínas são garotas jovens, aprendizes ainda na arte de alquimia, e que devem partir em uma jornada para conhecer novos materiais e criarem novas receitas. No meio do caminho, se deparam com um elenco de personagens coloridos e engraçados, e também com algum mistério que levará a história adiante.
O andar da narrativa está bastante atrelado ao seu avanço em liberar novas receitas alquímicas. Basicamente, o loop de cada jogo segue da seguinte forma. Você descobre uma nova região, recheada de materiais e monstros desconhecidos. Ao coletar estes materiais, e conseguir os itens dos monstros, a personagem tem novas ideias de receitas. Então, ao usar seu caldeirão mágico para produzir estes novos itens, você pode assistir a uma cutscene, geralmente com interações entre personagens. Alguns itens chaves são necessários para liberar as próximas regiões e realmente avançar a narrativa.

Esta forma de contar a história pode ser confuso às vezes, mas como o jogo te incentiva a criar o máximo de receitas novas possíveis, dificilmente ficará preso em algum ponto.
Quatro Alquimistas
Como o título do pacote deixa óbvio, as três histórias giram em torno de um mistério central.
Em Atelier Sophie, controlamos Sophie, a alquimista de uma pequena cidade, que herdou este talento, e várias outras coisas mágicas, de sua avó. Dentre estes itens mágicos está um livro, que Sophie logo descobre ter a habilidade de falar e voar, que se chama Plachta. Porém, este livro não se lembra de nada, mas sabe que é muito antigo e que continha um enorme conhecimento de alquimia, que agora está perdido. Então, seu trabalho é escrever o máximo de receitas possível neste livro para ajudá-lo a recuperar suas memórias e resolver o mistério de sua origem.
Já em Atelier Firis, nossa pequena heroína Firis passou a vida toda em uma cidade subterrânea, dentro de uma montanha. Poucas pessoas têm permissão de sair e explorar o mundo externo. Dentre estas pessoas está sua irmã mais velha, Liane, que trabalha de caçadora. O maior sonho de Firis é viajar pelo mundo, vendo suas maravilhas, como o céu azul. Por sorte, Sophie aparece na cidade, e aceita iniciar Firis em Alquimia, o que lhe garante o direito de sair da cidade. Assim, Firis começa sua jornada em direção à capital, acompanhada de sua irmã, onde ela tentará conseguir o título de Alquimista oficial.
Por último, temos Atelier Lydie & Suelle, duas irmãs que cuidam do Atelier do pai, um alquimista não muito talentoso. Ambas sonham em criar um Atelier de sucesso. Sua chance aparece quando o reino cria um sistema de Ranking para alquimistas, e elas arranjam uma talentosa professora para lhes ensinar alguns truques. Enquanto estudam, acabam descobrindo uma misteriosa pintura no quarto do pai, que as transporta para um mundo em seu interior. Assim, elas devem descobrir o que há por trás deste mundo pitoresco.
Muita Alquimia
Os três jogos são RPGs por turno, cujo grande foco está na produção e utilização de itens. Por serem alquimistas, nossas heroínas têm a habilidade de combinar os diferentes materiais encontrados no mundo para criar novos itens. Porém, apesar de Crafting ser uma mecânica comum em RPGs, poucos são tão elaborados quanto o da série Atelier. Para começo de conversa, a maioria das receitas não pede itens específicos, mas deixam você experimentar diferentes combinações, que rendem diferentes resultados.



Assim, mesmo que você produza dois itens iguais, como, por exemplo, bombas, os materiais que você usa afetam a qualidade e os efeitos do item final. Portanto, combinar itens de melhor qualidade, e com diversos efeitos, resultará em um item final mais poderoso, o que pode fazer toda a diferença em batalhas. Afinal, não basta apenas ter os melhores materiais, é preciso saber como combiná-los e usar o melhor caldeirão para o resultado que você deseja.
Os três jogos utilizam uma ideia de “Tetris” para o seu crafting, com algumas diferenças em cada. Basicamente, cada material é representado por uma peça de Tetris, que ocupa certas casas no painel do caldeirão, e que tem uma cor representando seu elemento. O objetivo é colocá-los sem sobreposição, e considerando os efeitos que cada peça causa no caldeirão.
Em Sophie, colocar uma peça vermelha no caldeirão gera uma “energia” bônus em volta dela, que afetará as outras peças em volta. Já em Firis, você pode usar materiais catalisadores que criam “linhas mágicas” no painel, que quando preenchidas, dão bônus à receita. Já em Lydie & Suelle, os catalisadores adicionam bônus em certos espaços, que devem ser preenchidos por materiais da mesma cor.
Muita Batalha Também
Eventualmente, após gastar muito tempo em seu caldeirão mágico produzindo itens, você deverá usá-los em batalha. Os três jogos seguem batalhas por turno, onde a ordem de ação é determinada pela velocidade da sua equipe e dos monstros, e fica à mostra no canto da tela. Mas todos eles focam na importância de utilizar seus itens para vencer. Isso já fica claro no começo, quando a bomba que você produziu tira 5 vezes mais dano do que um golpe comum.
Esta afirmação continua verdade até o final do jogo, onde o seu número de aliados cresce, e você deve montar uma estratégia de como melhor usá-los. Porém, masterizar a utilização dos seus itens é a chave do sucesso nessa série. A dificuldade, no geral, é bastante tranquila, mas você pode ajustá-la livremente no menu de opções.

A exploração é essencial para descobrir novos monstros, chefes secretos e receitas especiais, e cada jogo trata isso de uma forma diferente. Na minha opinião, Atelier Sophie tem um sério problema com isso. Seu mapa é dividido em pequenas sessões, que você leva apenas alguns segundos para atravessar e leva a uma sensação de frustração, já que descobrir uma nova área não trará nada muito empolgante a descobrir.
Firis é a que trata a exploração de uma forma melhor. Como seus mapas são contíguos, é interessante sair explorando as diferentes regiões, descobrindo áreas secretas e missões secundárias no meio do caminho.
Magia para ver e ouvir
Um ponto forte desta coletânea está em sua arte e a trilha sonora. A série segue um estilo anime, sendo que as personagens e cenários têm uma explosão de cores. Apesar de os personagens principais serem muito bem trabalhados, o design do mundo é bastante simples, com cidades e casas com poucos detalhes. Porém, é algo que pode ser perdoado, já que o estilo cel-shaded do jogo lhe dá um charme ímpar.
Completando essa magia anime, a trilha sonora é perfeita para ambientar esta aventura. São diversas as trilhas sonoras memoráveis, em especial a que toca dentro do atelier e durante as sessões de alquimia. São músicas muito gostosas de se ouvir, e de uma ótima qualidade.
Uma Aventura alquímica

Assim, encerro esta análise recomendo a série Atelier para aqueles que gostam de um bom jogo de RPG, com um sistema de crafting bastante elaborado. Apesar de suas histórias seguirem uma linha mais “bobinha” do que outras séries, seu loop principal de encontrar materiais novos para criar coisas novas, é viciante e o suficiente para te empolgar a seguir em frente.
Seu estilo anime é lindo de se ver, com cores vibrantes e uma trilha sonora fantástica, o que engrandece a experiência. No entanto, as semelhanças nas mecânicas de batalha e receitas de alquimia podem acabar cansando depois de três jogos seguidos. Então, é um ponto negativo dessa coletânea, o que não é suficiente para tirar seus méritos.
Contudo, cada jogo tem seus próprios méritos e coloca a própria interpretação na fórmula básica da série, entregando experiências divertidas e relaxantes. Uma grande pedida para amantes de JRPG.
*Chave cedida para análise no Nintendo Switch