Introdução
De antemão, destacamos que em 2019 surgia Blasphemous, um indie de ação Metroidvania 2D plataforma, com elementos de soulslike. Foi produzido pela The Game Kitchen e distribuído pela Team17.
Sobretudo, guie o protagonista guerreiro intitulado de “O Penitente” através de um cenário de fantasia obscura, que se passa numa época que remete ao Século XVI de um Império espanhol fictício.
Além disso, o clima de jogo se mostra com muita violência, sangue, entranhas, criaturas satânicas e muito conteúdo religioso de cunho católico.
O título está disponível para PC Windows/Linux/MacOS, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.
Aliás, se tornou disponível no dia 4 de Agosto de 2020, o DLC grátis Stir of Dawn para todas as plataformas mencionadas.
Conto de penitências
A princípio, Blasphemous se passa em Cvstodia, uma terra cheia de iconografias bem como cheia de referências romanas e catolicistas.
O Penitente, herói da história, como sobrevivente da Irmandade da Tristeza Silenciosa precisará atravessar o território que se encontra infestado pelo fenômeno “O Milagre”.
Assim, mesmo a entidade abençoando muitos dos habitantes do local, ao mesmo tempo pune muitos deles transformando-os em aberrações, monstruosidades, zumbis e demais criaturas profanas sedentas em agarrar qualquer um que se aproxime.
Em se tratando de sua missão, consiste em ajudar o povo que mesmo não sendo acometido pela punição, é atacado frequentemente pelas criaturas. Munido de sua espada Mea Culpa, adornada por uma efígie e envolta por diversas vinhas espinhosas, purifica os aberrantes com pura violência e ausência de pudor ou pena.
Sobretudo, o primeiro dos chefes do game, o Guardião da Tristeza Silenciosa, ao morrer tem seu sangue coletado pelo Penitente por meio de seu capiroto (elmo pontudo em forma de cone). Com isso, ele veste o capacete ao mesmo tempo que se banha com os fluidos do cadáver. Através do sangue, o guerreiro adquire o batismo de sua ordem.
Melodias sobre desespero e morbidade
Ao passo que o jogador cruza os territórios hostis no gameplay, era de se esperar que a trilha sonora seguiria o clima desolador. Muita melancolia e tristeza marcam as músicas de Blasphemous, mas por ser um jogo de ação, há faixas de muita tensão que dão o tom crítico nas batalhas principais. Um exemplo é a música La Muerte de los Relinchos. Ouça:
Enfim, a soundtrack do jogo foi criada pelo músico Carlos Viola, onde ele também dirigiu todo o processo de inserção da mídia no jogo.
Ele mistura tons de orquestra com faixas que remetem ao pós-rock, que passam uma sensação que oscila entre algo iluminador e obscuro, somado a melodias que falseiam uma percepção de paz que não existe, a não ser o silêncio de morte.
O artístico da lenda negra espanhola
Conforme as gerações seguiram após a era da inquisição espanhola, foi sendo negada e chamada de lenda os relatos da Espanha negra, ou lenda negra espanhola. Ela remete à santa inquisição no país em meio ao século XVI. Assim sendo, foi uma época onde o Império espanhol dotava de um poderio militar que vários outros reinos europeus viam como ameaça.
Dessa forma, as histórias contadas sobre as práticas durante o período foram criadas por países vizinhos que buscavam sabotar a visão externa do país. Essa versão é vista hoje por muitos espanhóis e cientistas dos últimos tempos como uma prática hostil à igreja católica (KAMEN, Henry. The Spanish Inquisition : A Historical Revision. New Haven, Yale, EUA, 2014, p.314).
A partir dessas histórias que a equipe do estúdio espanhol The Game Kitchen, tendo como líder o desenvolvedor e designer Enrique Colinet, resolveu criar um jogo com um lore baseado em toda a cultura nacional vivida durante suas vidas. Suas vivências tiveram muita influência católica e muito consumo de mitos sobre a era da inquisição.
Nesse sentido, decidiu-se que todo o conceito visual de Blasphemous usaria as lendas como fonte, tal qual fontes como artes usadas em álbuns de bandas de rock, punk e metal.
Como resultado, belas cutscenes em pixelart tal qual os gráficos das criaturas do jogo, bem como os cenários demonstram toda a noção criativa que remete ao período imperial da Espanha.
Da mesma forma, utilizam também diversos conceitos bíblicos tanto quanto romanos, com uma bela dose medieval, distópica e tenebrosa.
Jogar nos cenários dessa dark fantasy
Sobretudo, o gameplay se mostra no padrão de jogos desse gênero, com adição de elementos Metroidvania e souls-like.
Saltos e corridas, ataques no chão, aéreos que com o tempo se aprimoram com técnicas místicas, como lançar ondas de choque e projéteis à distância. Estas últimas adquire-se comprando-as com Lágrimas de Redenção deixadas por monstros mortos.
Além disso, sobre a espada Mea Culpa, é possível aumentar seu poder ao descobrir os altares de Mea Culpa. Ou seja, por meio da estátua que demonstra mulheres em prece, da ordem da Tristeza Silenciosa, estas figuras de pedra ganham vida por um tempo. O fazem para com suas bênçãos elevar a potência da espada.
Logo, encontram-se em diversos pontos do cenário de Blasphemous itens que aprimoram vida, fervor e número de Frascos de Bile. Além do mais, contato com NPCs e missões compensam o jogador com relíquias, com efeitos adicionais. Ainda mais, há o rosário de contas. Novos nós do rosário permitem equipar mais itens.
De todo o modo, o game tem resposta de comandos muito polida e precisa. Além do combate bastante gratificante, a opção de execução dos monstros, com cada um deles sofrendo um golpe letal diferente, é a cereja do bolo de todo o processo.
Pena em concluir
Decerto Blasphemous é um marco dos jogos indies. Notas de diversos veículos como Polygon e Kotaku ficaram no geral acima de 7, com algumas passando de 8 e alcançando 9, numa escala de 10.
Este título é uma destas pérolas que aparecem de quando em quando, para marcar sua presença e fomentar demais criações seguintes do gênero.
Ao mesmo tempo, é um presente para amantes de dark fantasy, artes mórbidas que estão presentes em capas dos maiores álbuns de bandas de rock da história. Para também aqueles que são vidrados em símbolos religiosos cristãos, católicos e profanos, esta obra com certeza fará parte do topo dos jogos preferidos dessa parcela do público gamer.
Que resenha maravilhosa e incrível, remete a tudo o que presenciei quando joguei.