Genesis Noir é o exemplo perfeito da frase que a gente ouve por aí de que “games são arte”. Desenvolvido pela Feral Cat Den e publicado pela Fellow Traveller, ele está disponível para Switch, PC e XONE.
No início não tinha nada…
Você é o No Man, um vendedor de relógios que se apaixona por uma cantora de jazz encantadora: Miss Mass. Porém, as coisas ficam complicadas quando seu saxofonista descobre o affair. E decide resolver o assunto com as próprias mãos.
Que, no caso, é pegando uma arma e atirando na direção da Miss Mass.
Mas, com isso, ele acaba gerando um Big Bang. A grande explosão que criou o nosso universo.
Controlando No Man, você deve explorar diversos momentos desde a criação do universo até sua destruição. Tudo isso, na esperança de tentar salvar o seu amor!
Parece tudo bem simples até aí né? Bom, é nessas viagens que Genesis Noir deixa de ser linear e fica cada vez mais abstrato.
Passado, presente e até mesmo futuro começam a se misturar. E ao longo da jornada, você passa a se perguntar: qual a relação disso tudo?
A resposta? 42, talvez. Dizem que essa é a resposta suprema para tudo. Para Genesis Noir? Você não precisa se preocupar com o resultado, mas sim com a jornada.
A jornada do universo, da humanidade e do próprio No Man.
Genesis Noir, em suas quatro horas (aproximadamente) dá uma pincelada no quão somos pequenos quando comparados ao universo.
No fim, você pode fazer duas escolhas pelo No Man. Porém, ambas ensinam que tudo é passageiro. Tal qual o nosso universo.
O mais legal de tudo, é que o jogo não precisa de muitas palavras para passar a sua mensagem. E que, provavelmente, não tem apenas uma para transmitir.
Um único defeito do jogo, é que muitas partes parecem se arrastar demais. Embora seja relativamente curto, ele passa a sensação de ser longo.
O que faz com que você não queira jogar por longos períodos de tempo.

Como jogar
Predominantemente point-and-click, Genesis Noir engasga um pouco no quesito jogabilidade.
Basicamente, você deve usar o cursor para interagir com objetos e avançar. Em certos momentos, terá que mover o No Man para cumprir os objetivos também. Junta uma pitada de exploração aos puzzles, embora 90% ainda seja só interação com objetos.
Genesis Noir te entrega diversos puzzles relacionados ao momento da história que o personagem se encontra. Mas, nem sempre ele se mostra intuitivo. Alguns elementos precisam de interação para que o jogador possa compreender o puzzle. Foi bastante comum eu precisar de tentativa e erro para entender o puzzle.
Além disso, um dos principais problemas que encontrei ao analisar o jogo foi com o analógico. Em muitos momentos, ele mostra uma sensibilidade muito grande, o que dificulta para clicar em objetos pequenos.
Existem alguns puzzles que você deve girar objetos. Mas os comandos sempre pareciam meio travados e ele só começava a girar direito depois de umas três voltas.
Puzzles em 3D (onde é possível girar o cenário para enxergar outras perspectivas) também foram dificultados pelo analógico.
Mas, mesmo com dificuldades, os puzzles são bem divertidos e encaixam com as temáticas que o jogo apresenta.

Performance
Mesmo aos trancos e barrancos com os controles, Genesis Noir funciona.
Porém, para esta análise foram encontrados problemas maiores: bugs, travamentos e até mesmo a suspensão do jogo.
Próximo ao final, ele te propõe o uso de buracos negros. Afinal, estamos no fim de tudo.
Você pode andar por um pedaço do universo que está lentamente sendo devorado. E o objetivo ali é explorar a área e devorar o que ainda restou.
Mas, quando eu tentava devorar algo que não era o objetivo final da fase, o personagem travava. E não apenas isso como ele saía flutuando.
Por isso, nenhum controle funcionava e eu precisei reiniciar o jogo algumas vezes.
Não dá para negar que seja um pouco decepcionante um jogo tão artístico ter esses problemas técnicos.
Arte Noir
Como dito lá no começo, Genenis Noir é arte. Pura e simplesmente.
Mesmo com a sua paleta de cores limitada (no início) ao preto e branco. Ela dá todo o sentido à palavra ‘Noir’ do título.
Mas não só isso como também evoca para o jogador todo esse ambiente do universo que é explorado.
Mas, a escolha de cores também é uma metáfora para a jornada do No Man. Enquanto ele explora mais o universo e a si mesmo, a nossa tela se enche de cores.
Genesis Noir é a aula de história e ciência mais bonita que alguém pode ter.

O bom Jazz
Se você nunca parou para ouvir jazz antes, ou não se interessava por esse gênero musical, eu tenho um recado! Depois que você jogar Genesis Noir, você vai passar a gostar.
Usando instrumentos como o saxofone e o contrabaixo, a trilha sonora do jogo é o seu ponto alto.
Ela sabe exatamente os momentos em que tem que aumentar ou diminuir.
Até mesmo um dos capítulos do jogo e focado em brincar com a música, envolvendo até puzzles musicais.
E cada novo capítulo, claro, tem sua própria trilha. Se na arte visual Genesis Noir já dá um show, na arte musical ele beira a perfeição.
Por isso, ele me convenceu que se o universo tivesse uma trilha sonora, certamente seria o jazz.

Um universo novo
Genesis Noir é o exemplo perfeito de como a comunidade indie só traz ideias novas para a indústria.
Ele não apenas ensina sobre a origem do universo, como também entrega uma história intrigante. E tudo isso regado a elementos visuais e sonoros deslumbrantes.
Ao longo da gameplay ele vai te deixar encantado, confuso e curioso.
Às vezes tudo ao mesmo tempo
Genesis Noir é algo pouco visto antes. Sua combinação de elementos não soa tão bem em teoria. Mas, quando posta em prática, resulta em um ótimo jogo.
Altamente experimental e que com certeza ajuda na popularização dos indies.
Genesis Noir
Em suma, Genesis Noir é um jogo voltado para o lado mais reflexivo e que cumpre seu papel com o jogador.
Com seus belos visuais e trilha sonora, a aventura do No Man acaba se confundindo com a nossa. Afinal, quem nunca se questionou sobre os diversos mistérios da vida?
Mesmo com os pequenos problemas técnicos pelo caminho, ainda é um jogo que vale a pena ser experimentado.
*Chave cedida para análise.
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