HitchHiker é um jogo de mistério point-and-click. Nele, seu objetivo é descobrir pistas sobre seu próprio passado enquanto pega carona com pessoas diferentes.
Ele foi desenvolvido pela Mad About Pandas e distribuído pela Versus Evil. E foi lançado em março de 2021 para PC, PS4, Switch e XONE.
Perdi a memória e peguei carona
Acordar sem memória já é um pensamento aterrorizante por si só. Mas, imagine que você acorda desse jeito e ainda por cima está no carro de uma pessoa desconhecida?
HitchHiker começa assim. Nosso protagonista não sabe onde está nem para onde vai. Porém, enquanto conversa com os motoristas de suas caronas, as peças vão lentamente se encaixando.
No total são cinco caronas com pessoas diferentes. O jogador deve engajar em uma conversa com cada um deles. É a sua maneira de tentar desvendar o mistério da sua falta de memória.
Por isso, logo ele vai descobrir que algo muito ruim aconteceu com a sua namorada. E a chave para salvá-la está em uma caixa azul.
Porém, não é só ao redor dele que gira a história. Cada um dos cinco motoristas possui sua própria personalidade e histórico.
Inclusive, eles estão sempre mais do que felizes em te contar sobre si mesmos. O que torna HitchHiker mais interessante, te fazendo até esquecer o verdadeiro centro daquele enredo.
Ao longo da sua jornada, o protagonista vai mergulhar no próprio passado e refletir sobre suas escolhas. Ele sabe que a chave para desvendar o mistério está na sua relação com a namorada.
Mas como sempre, nem tudo que parece de verdade é real.
Caronas para lugar nenhum
É engraçado pensar que HitchHiker é um jogo sobre seguir pela estrada. E para isso nosso protagonista acaba passando por cinco carros diferentes.
Mas, assim como todas as suas viagens, a própria história acaba sem destino algum.
Sem citar muitos spoilers, o final do jogo traz uma bela mensagem sobre não temer o futuro. E muito menos temer as mudanças que ele pode trazer.
Entretanto, muitos conflitos ficam sem resolução. Quase nenhuma pergunta é respondida.
Por isso, ao terminar o jogo você fica com essa sensação de algo incompleto. A história dos motoristas ganha mais notoriedade do que o conflito que deveria ser o principal.

Visão para jogar
HitchHiker possui uma leve diferença entre os jogos point-and-click do gênero.
Você ainda tem que mirar e clicar nos objetos (como diz o nome). Mas, aqui a sua mira é também o olhar do seu personagem.
Sentado no banco do passageiro, você tem a opção de olhar pela janela ou encarar o caminho. Alguns carros possuem mais objetos para interagir do que outros.
Porém, isso já contribui para a imersão do jogo. Afinal, você é o protagonista desmemoriado. Ações como abrir a janela, trancar a porta e até mesmo mexer no porta-luvas deixam a jogabilidade mais interessante.
Enquanto o motorista fala, você tem todas essas opções para se distrair.
Um momento bem interessante durante o jogo são suas pausas. HitchHiker tenta ao máximo fazer daquele ambiente o mais real possível. E isso inclui quando o seu interlocutor fica sem assunto.
O jogador pode escolher aproveitar a trilha sonora e as paisagens ao longo do caminho até que se sinta pronto para continuar a história.
E como o gênero pede, ele também inclui alguns poucos puzzles ao longo da gameplay. Embora seja assim, eles encaixam perfeitamente na lógica que a história te leva.
E mesmo com mais momentos de atenção ao diálogo do que de interação, HitchHicker sabe bem como equilibrar essas duas características.
Se não fosse a falta de fechamento da história do protagonista, o jogador quase poderia se sentir no lugar dele.

Inovar ou não…
Embora os pequenos detalhes como a pausa para contemplação e o point-and-click ser feito usando a visão do personagem tragam algo novo, HitchHiker não tem muito mais o que oferecer.
Como dito antes, sua história começa bem. Entretanto, ao não dar o fechamento satisfatório, o jogador fica apenas com bons personagens e uma mudança muito bem-vinda de estilo da arte.
A combinação dos dois talvez seja sua grande sacada. Combinar a história interessante dos motoristas com um jeito diferente de conta-las.
Mas de novo, isso acaba ofuscando o protagonista e seu enredo. Quando na verdade, ele deveria ser o centro das atenções.
Arte
E já que falamos de arte. HitchHiker possui momentos específicos em que os motoristas das caronas contam suas histórias.
O jogo usa estilos diferentes de animações para isso. Desde ilustrações de giz até um slideshow narrado, essa com certeza é uma das melhores características do jogo.
Ao sair da arte normal para esses momentos, você sente que o jogo realmente tem ritmo.
Além de que deixa todos esses personagens muito mais ‘gostáveis’. Dá para perceber que cada estilo foi escolhido especialmente para cada um deles.

Trilha sonora
Outra característica que também chama a atenção em HitchHiker é sua trilha sonora.
O jogo usa muito bem os momentos certos para colocar as músicas. E fica melhor ainda quando combinado com o momento de contemplação que ele te oferece.
A trilha é tão boa que você escolhe deliberadamente a contemplação, apenas para ouvi-la. Não podemos esquecer também dos momentos mais tensos ou dramáticos.
E até nos momentos em que ouvimos as histórias dos motoristas, a trilha deixa tudo mais interessante.
Outro ponto positivo vai para a dublagem e efeitos sonoros. Todas as vozes combinam muito bem com cada personagem.
Por isso, efeitos como o canto de gralhas ou a estática de um rádio te colocam na pele do protagonista. Mesmo que você já não esteja simpatizando tanto com ele assim.

Vai uma carona?
Ao fim, HitchHiker tenta entregar uma história profunda, mas acaba deixando seus personagens secundários brilharem mais do que o protagonista.
O jogador se envolve com eles e seus passados misteriosos e interessantes. E isso faz com que esqueça o motivo de estar ali em primeiro lugar.
Com alguns detalhes que chamam mais atenção do que outros, o jogo não vai te dar uma resolução.
Contudo, como toda viagem de carro, você pelo menos pode aproveitar a paisagem!
*Chave cedida para análise.
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