Deus Ex VS Johnny Bravo – Embate de titãs.
É já a hora. Dos colaboradores que orgulhosamente trouxeram artigos como “Mil e uma maneiras de pegar no Joy-Con” e “Tornando-se uma E-girl em 37 curtos passos”, vem o inevitável. A dúvida que tira o sono de toda e qualquer pessoa que sabiamente se auto intitula “GAMER”: será que Deus Ex é melhor do que Johnny Bravo?
Obviamente, uma pessoa peculiarmente desprovida de inteligência – claramente não você – pode não entender a comparação. Porém, não é preciso ir muito longe para ver como ambas as obras se misturam e se confundem.
Ambos são impérios midiáticos. Ambos focam em homens brancos usando óculos escuros em lugares desnecessários enquanto tentam existir em um mundo confuso. A diferença é que um trabalho de arte transcendeu as barreiras de sua mera razão de ser e passou a influenciar uma geração.
O outro é só um estúpido jogo de tiro.
O cara mecânico de Deux Ex contra o Ubermensch de Johnny Bravo.
O quê faz um protagonista? O que o destaca nesse mar de personagens iguais e genéricos? Infelizmente, Deus Ex não traz resposta para isso. JC Delton, do primeiro jogo da franquia, tem umas frases legais e domina a arte de falar em um único tom de voz, mas não é nada demais.
Adam Jensem, o herói da nova saga, traz a quem joga uma lição valiosa: se esse cara, com o carisma de uma porta (e não aquelas maneiras), conseguiu um par romântico, você também consegue. E se você souber o nome do protagonista do jogo Deus Ex: The Fall, parabéns, pois eu não sei.
Agora, o que todos sabemos, é que Johnny Bravo é, simplesmente, Johnny Bravo.
Galanteador, engraçado, humilde, generoso e carismático. Esses são apenas alguns dos muitos adjetivos para definir o indefinível. Enquanto a franquia Deus Ex tenta, desesperadamente e sem sucesso, trazer um personagem que agrade, Johnny Bravo é a alegria da família brasileira.
Um grande triunfo de sua imaculada caracterização é o fato de não ser perfeito. Assim como eu e você, Johnny Bravo também perde. Todavia, inspirando eu e você, Johnny Bravo não desiste, ele tenta e acredita em si mesmo.
Tudo isso sem usar nenhum implante cibernético ou modificação biológica. Em outras palavras, Johnny diz não às drogas. Ao contrário de Deus Ex, que diz sim. Por isso perde.
Contudo, não poderíamos deixar de lado o aspecto mais importante: a qualidade da dança. A série Deus Ex é tão pobre na abordagem de uma das artes mais antigas da humanidade, que o único exemplo relevante é uma edição feita por fã.
Johnny Bravo, por sua vez, transcende. Não só adota uma dança, como ela faz parte insubstituível da psique do personagem. Johnny não seria o que é sem sua dança e o mundo é um lugar melhor em razão disso.
Quem precisa de argumentações e modificações no corpo quando se tem amigos de verdade?
Conheces algum amigo de algum protagonista de Deus Ex? Caso saiba, diga em voz alta. Bom, eu não ouvi, então vou supor que você não conhece. Por outro lado, nomes como Cacá, Pops e a pequena Suzy estão enraizados no imaginário popular.
Por mais que Adam Jensen, JC Delton e o Guilherme (Suposto nome do protagonista de Deus Ex: The Fall. Bom, eu não sei e você também não sabe, então pode muito bem ser) façam voltas ao redor do mundo em busca da verdade, eles falham em aprender a verdadeira lição: as verdadeiras conspirações internacionais são os amigos que fizemos ao longo da jornada.
E esse é um aprendizado que Johnny Bravo já começa sabendo. Tendo relações valorosas e positivas, a obra apresenta uma calorosa sensação de comunidade e carinho, tendo pessoas que se importam umas com as outras.
Enquanto isso, na mais recente franquia de Deus Ex, ninguém se importa com o Adam Jensen, nem mesmo o próprio Adam Jensen. Mas você sabe quem se importa com Johnny Bravo? Bunny Bravo, sua adorável mãezinha. Por outro lado, quantas vezes Adam Jensen liga para sua mãe, Margie Jensen? Isso mesmo, zero.
O primeiro jogo da nova saga, Human Revolution, ainda permite que Adam seja (naturalmente) rude com sua sogra, algo impensável para nosso amado Johnny. Sem dúvida, a educação fornecida por Bunny Bravo foi fundamental para seu caráter.
Contudo, todos esses seríssimos pontos são insignificantes diante do derradeiro diferencial: quantos vezes Deus Ex salvou o Natal? A saga Bravo, como referida pelos apreciadores de obras clássicas, apresenta, em um de seus muitos episódios, uma trama de proporções épicas, na qual Johnny, com determinação e humildade, salva o natal para todos, algo jamais feito por um certo reles jogo de tiro.
Deus Ex pode ir da China até à República Checa, mas não há lugar como o lar.
Warren Spector, idealizador da série e diretor do primeiro jogo, sonhou com o conceito de um “RPG em um bloco da cidade”. O Conceito traz a noção de um jogo inteiro em um espaço aberto consideravelmente pequeno, o qual evolui, reage e possui sua própria personalidade.
Levou 16 anos desde o primeiro jogo para a franquia produzir algo próximo a isso. Johnny Bravo conseguiu em 1997.
Por residir na cidade de Aron (homenagem a Elvis Presley), Johnny – e, por consequência, quem assiste – fica extremamente íntimo aos lugares e as pessoas que lá residem.
Desde a estreia oficial, até seu final em 2004, é possível observar uma evolução natural e orgânica da cidade, a qual consegue virar praticamente um dos protagonistas. Os lugares que visitamos em Deus Ex são até legais, mas, infelizmente, não são lares na mesma forma que a cidade de Aron consegue ser.
Os legados de duas obras.
Segundo o site How long to Beat, a saga Deus Ex leva, em sua totalidade, 80 horas e trinta minutos para ser finalizada. Caso não domine matemática, isso totaliza, em média, 6 semanas ininterruptas de jogatina. Você é uma pessoa ocupada, isso fica inviável.
Contudo, Johnny Bravo, com seu poder narrativo de contar mais em menos tempo, leva umas 35 horas para ser apreciado em sua integralidade. Em outras palavras, é o equivalente a uma tarde chuvosa.
Tendo isso em mente, vemos que, ao contrário de Deus Ex, Johnny Bravo não se perde em tramas desnecessária e aventuras que não chegam a lugar nenhum. A série animada respeita seu tempo.
E, em razão disso, o tempo foi mais generoso com Johnny Bravo. O primeiro jogo da saga Deus Ex envelheceu e teve sua jogabilidade e gráficos superados por clássicos modernos como Call Of Duty Black Ops Cold War e FIFA 16. A animação, por sua vez, mantém-se relevante, pura e bela hoje do mesmo jeito que foi em seu lançamento.
Por fim, vale lembrar que Johnny antecede Deus Ex por 3 anos. A influência do desenho sobra e saga de ficção científica é visível em diversos detalhes, a exemplo do esquema de cores. Johnny Bravo tem como cores destaque tons de preto e amarelo (inspirando também clássicos como Bee Movie), não muito diferente da nova saga de Deus Ex.
Poderíamos continuar com inúmeras comparações aqui, porém o resultado será sempre o mesmo. Sejamos honestos, Deus Ex tenta, mas contra um clássico sem par, “tentar” não é o suficiente.
Agradecemos a leitura e aguardem nosso próximo artigo: “Top 10 melhores Final Fantasys para se jogar no banheiro”!