Introdução
A solidão é um estado/sentimento atrelado sempre a algo negativo, mas por vezes pode ser bom também. Afinal, algumas pessoas a buscam para produzir e criar ideias, ou então só para aproveitar o tempo da maneira que bem entender. Raft utiliza dessa sensação da melhor maneira possível.
Com entrada em acesso antecipado no dia 23 de maio de 2018 para PC, a obra permanece até então sem data de lançamento anunciada. Apesar disso, a Redbeet Interactive continuou atualizando o jogo e lançando capítulos ao longo desse período.
Uma jangada simples
Quando entramos em contato com o vasto oceano de Raft, nós temos apenas um gancho para pescar recursos soltos no mar e uma pequena jangada. Portanto, o que resta ao jogador é pescar o máximo de recurso possível para conseguir aumentar e construir itens necessários para a sobrevivência.
No horizonte não há nada além de mais água. É nesse momento que o sentimento de solidão bate pela primeira vez, pois estamos sozinhos em meio a tanta água e sem nenhuma direção para seguir. Mesmo quando jogado com amigos, apesar da companhia deles, estamos todos sozinhos no mar.
Os recursos jogados no mar são na maioria os mais simples: plástico, folha e tábua. Estes vão possibilitar a criação de itens essenciais como, por exemplo, o filtro de água. Além disso, é possível pegar barris que possuem alguns recursos diferentes e que abrangem o leque de criação, além de batatas e beterrabas para alimentação.
Em suma, a sensação de solidão é frequente. Existem diversos fatores que contribuem para isso, como, por exemplo: o vasto oceano ao nosso redor, a ausência temporária da música ou decidir o que construir primeiro e qual necessidade atender.

Terra à vista!
Enquanto somos carregados pelo oceano para alguma direção, o jogo nunca nos deixa sem recurso. Ele faz com que os itens surjam na direção que a embarcação segue, isso faz com que não nos preocupemos com a direção, mas sim com o objetivo.
Além disso, vez ou outra somos presenteados com pequenas ilhas no horizonte. Elas são o ponto principal para o avanço de tudo no começo. Não apenas o que há em sua superfície, como também o que está mergulhado ao seu redor.
Minérios, areia, argila, frutas e flores são alguns exemplos do que podemos encontrar e antes era inacessível. Como um bom jogo survival, descobrir novos recursos nos garante uma gama de itens novos para fabricar.
Após o jogador conseguir construir a vela e uma flâmula, fica muito mais fácil “dirigir” nossa jangada e guiar na direção de outras ilhas. Mas ficarmos indo de uma para outra esperando algo acontecer é um erro. Afinal, precisamos progredir cada vez mais.

Perigos em alto mar
Um jogo de sobrevivência precisa colocar o jogador constantemente em ameaça, caso contrário, o jogo perde seu propósito. Em Raft existem alguns elementos que colocam o jogador em perigo: animais selvagens, fome e sede.
Primeiramente surge o animal mais carismático do jogo: o tubarão! Digo isso porque ele se tornou um ícone desde a primeira vez que joguei com meus amigos pelo fato de colocarmos apelidos em todos eles. Afinal, estão sempre ao nosso lado, atacando nosso barco ou nós mesmos. Esses apelidos nos aproximam do tubarão e torna mais agradável a comunicação. Alguns minutos após matar um tubarão, outro aparece.
As gaivotas são um problema para as plantações e as destroem, então é preciso ficar sempre atento para não perder a nossa tão preciosa comida. Além de outros inimigos que estão espalhados pelo jogo como, por exemplo, um grande urso que nos derruba rapidamente.
E os inimigos constantes de todos os jogadores são a sede e a fome. Mesmo que existam diversas formas de aumentar nossas barras, é uma preocupação que existe desde o início de jogo até quando você jogar. Isso porque quando atingimos uma marcação no final da barra, somos incapazes de correr e nos movimentamos mais lentamente, podendo fazer com que outros perigos nos matem.

Gerenciar a embarcação
Não é simples. Conforme aumentamos o número de itens importantes e expandimos nossa jangada, as tarefas se acumulam. No início nós precisamos focar em pegar os recursos, então só possuímos um filtro simples, uma grelha e uma plantação. Porém, um tempo depois, possuímos diversas plantações, grelhas, filtros ou quaisquer outros itens que precisam de atenção, diminuindo a capacidade de obtenção de recursos.
Contudo, para esse problema há uma solução. Colocar redes que capturam os recursos que passem sobre ela. A dificuldade é conseguir um bom número dessas redes, já que não são simples de serem construídas. Ou seja, depende do jogador decidir como utilizar os recursos da melhor maneira e que se adéque às suas necessidades.
E a tendência do gerenciamento é piorar. Avançar no jogo vai liberar cada vez mais recursos e itens que pedem atenção, por exemplo, criação de animais. A todo momento é necessário recolher os itens que eles geram, como também é preciso regar o pasto que eles ficam. Toda nova mecânica exige uma atenção.
Porém, existem maneiras de automatizar algumas dessas obrigações. Para regar, existe o regador automático, mas ele exige a utilização de bateria. Para abastecer os motores da embarcação existe o tanque de biocombustível, e assim por diante.

Progredir em Raft
Precisamos de antenas para conseguir avançar no conteúdo da obra. Através delas, nós conseguimos colocar códigos que adquirimos durante o jogo para chegar em ilhas especiais, que diferem das demais e possuem missões.
A primeira ilha especial que chegamos possui um navio abandonado e nele precisamos adquirir itens para, no final, criar uma bomba e acessar o último andar e conseguir o código para a próxima ilha. Além disso, nessa mesma sala, descobrimos como fazer um volante e motor para nossa embarcação.
Raft é sobre isso. Explorar e descobrir ilhas abandonadas ou inabitadas, que nos entregam recursos novos a todo momento para prosseguirmos. Enquanto a sensação de solidão caminha ao nosso lado, nós temos uma rotina dentro da nossa jangada que nos faz esquecer esse sentimento por um tempo.
Toda a progressão, seja na parte de história como na parte mecânica do jogo, é bem suave e orgânica. Em momento algum me senti perdido ou sem saber o que fazer, afinal, sempre há algo para fazer, o problema é ter os recursos disponíveis para isso.

Conclusão
Raft é um ótimo jogo de sobrevivência e que aborda um novo ambiente, totalmente diferente de seus antecessores. Com um gráfico bonito e carismático, eu me esquecia completamente do mundo aqui fora e seus problemas, ainda mais quando a música entra e traz uma sensação ótima. A solidão que acompanha o jogador fica completa com a ambientação sonora do título e suas grandes ilhas que nos fazem ficar perdidos. Jogar Raft é uma experiência diferente de qualquer outro jogo do estilo, pois, além de nós, a única coisa viva que nos acompanha é um tubarão que quer nos matar. Isso me fez pensar que mesmo quando algo ruim está te infernizando, é possível tirar coisas boas. Assim como estar sozinho no meio do oceano.