Introdução:
ABZU, jogo desenvolvido pela equipe da Giant Squid Studios, é rápido, mas também é mágico! Ao terminar o game a única coisa que vinha à minha mente era o sentimento de ter presenciado algo contemplativo e feito com amor. Uma sensação como a de uma corrente oceânica que me levou do início ao fim do jogo em uma espécie de hipnose.
Inegavelmente tudo em ABZU chama a atenção, principalmente o Oceano. A escolha dele como ambientação de uma experiência tão magnifica não é atoa. Sabemos tão pouco sobre esse ambiente e ainda assim o pouco que sabemos já é suficiente para encantar e prender nossa curiosidade. Mergulhar pelo Oceano criado por ABZU me lembrou o quão belo pode ser explorar um novo ambiente.
Um chamado à exploração
Logo no início do jogo recebi em minhas mãos o controle de uma espécie de robô, que estava flutuando na imensidão azul. Assim que assumi o controle dele, eu tinha um Oceano de possibilidades. Sem sinalização nenhuma, o jogador tem que usar de sua curiosidade para explorar e descobrir mais informações sobre o meio que está envolvido.
ABZU não fala para onde você deve ir, nem vai te colocar em combates complexos ou instigantes, mas sim em uma bela e relaxante experiência. Portanto tudo no jogo é feito para cativar o jogador e fazer ele querer nadar por cada canto do mapa. Aliás, os controles do personagem são responsivos possibilitando se sentir livre apenas com o ato de nadar pelos magníficos cenários criados pela equipe da Giant Squid Studios.
Encontrar os famosos “fósseis vivos” (Celacantos), as gigantes baleias que nos lembram do nosso tamanho perante todo o Oceano, os pequenos e pontudos ouriços-do-mar que mostram a diversidade morfológica existente no fundo do mar… Isso é incrível e esses são apenas alguns “personagens” presentes na aventura proposta por ABZU.
Contudo é natural que em algum momento você comece a se questionar: qual é a minha missão? Para que lugar devo ir? Como faço para atirar? Mas também é questão de tempo até que seus olhos comecem a brilhar com toda a beleza que você estará imerso. Sua missão quase não tem mais importância, o valor está na contemplação.
Ok, mas qual é a recompensa por essa exploração? Não há itens e nem nada próximo disso. A recompensa é aquilo que nossos olhos enxergam, é o privilégio de observar toda a arte presente no mundo natural de ABZU.
Um convite à contemplação
Contemplar é algo difícil de se fazer hoje em dia, o tempo é a verdadeira moeda de troca em nossa sociedade. Trabalho, estudos, consumo, estamos tão preocupados em seguir o script social que esquecemos de aproveitar as pequenas coisas da vida. Porém, ABZU constrói um level design simples e mesmo não tendo uma história cativante, ainda consegue captar a atenção do jogador e colocá-lo em estado de êxtase.
Os peixes, corais, algas, ouriços, tubarões… Todos esses seres vivos são atrações naturais e ao passar por eles é impossível não parar, olhar e decidir observar um pouco mais toda a beleza do Oceano.
É justamente nessa chamada à contemplação que ABZU se destaca. Eventualmente é possível meditar em “estátuas de tubarão” espalhadas pelo mapa e observar a vida marinha ali presente, além de oferecer a possibilidade de mudar a câmera para os animais e acompanhar suas rotinas naturais. Essa vontade de contemplar não acontece de forma forçada, não existe um aviso, “contemple a vida marinha!”, naturalmente o jogador sentirá vontade de executar essa ação.
E é claro que a trilha sonora dita o ritmo da aventura, ajudando o jogador a entender quando deve ou não apreciar a beleza à sua volta. Austin Wintory, compositor da trilha sonora do game, fez um trabalho esplêndido, sem dúvidas ABZU não seria o mesmo sem suas músicas.
Um pedido de união e conservação
Certamente ABZU está aberto a muitas interpretações, mas existe um simbolismo muito forte na tecnologia. Ao longo da jornada é possível visualizar uma série de triângulos metálicos com luzes vermelhas, nesses locais não há vida, há apenas um vazio enorme, há apenas morte. Tudo isso é para lembrar que não podemos explorar e nem contemplar aquilo que não foi conservado.
Por outro lado, ao longo da nossa jornada perseguimos um tubarão e em determinado momento ele acaba preso por toda essa tecnologia descontrolada, é nesse momento que todos os animais começam a seguir o jogador, e em união, agora a natureza pode prevalecer. ABZU, mesmo sem nenhum texto ou fala consegue passar a sensação de empatia por aquilo que é naturalmente belo e vivo.
A Giant Squid Studios foi inteligente ao usar esta estratégia. Primeiro vem o impacto por tanta beleza, por tanta vida! Depois a presença da tecnologia afasta toda essa diversidade de seres e machuca o equilíbrio frágil do Oceano. Dessa forma, ABZU nos convida para uma das batalhas mais necessárias dessa década: A luta por um Oceano vivo!
Impressionante como o oceano consegue ser cativante e curioso só de você ser jogado lá dentro. Nem precisa de uma história muito complexa e nem nada muito extraordinário, só precisa do mar.