Katana Zero é um jogo de ação e plataforma, onde o jogador deve cometer assassinatos jogando como o serial killer conhecido como o Dragão. Usando apenas uma katana, objetos do cenário e o poder de parar o tempo.
O Dragão atravessa os cenários com um planejamento preciso derrubando inimigo após inimigo.
O jogo foi desenvolvido pela Askiisoft e publicado pela Devolver Digital para Windows, Mac e Nintendo Switch em 2019. O jogo também está disponível no Xbox Game Pass de PC.
Narrativa
A princípio, somos introduzidos ao Dragão. Vivendo em um apartamento solitário no terceiro distrito da cidade neo futurista de Nova Meca, o protagonista lida com pesadelos estranhos e com a solidão da sua vida. Por conta disso, ele tem consultas regulares com um psiquiatra que administra doses de um remédio misterioso. Mas também, o mesmo psiquiatra lhe dá dossiês com informações dos próximos alvos do Dragão que serão executados em cada uma das fases do jogo, sendo o seu empregador que manda executar alvos ao longo da cidade. E então a história cria dúvidas: Quem é o psiquiatra? Qual o passado do protagonista e a origem dos seus pesadelos? Qual a conexão entre todos os alvos do Dragão?
A narrativa escala bastante ao longo do jogo, e a história resolve bem esses mistérios que formam a base da trama. O que se cria é uma narrativa que pode não emocionar, mas com certeza faz seu trabalho de intrigar o jogador, criando uma caixinha de surpresas que aborda temas filosóficos e um mistério extremamente intrigante.
Há possibilidade de múltiplos finais, que são simples, mas que oferecem alternativas interessantes á trama. Ainda que ele termine com algumas pontas soltas, acaba criando um final satisfatório e uma trama que funciona bem na totalidade.
Jogabilidade
A jogabilidade de Katana Zero é frenética e requer bastante precisão do jogador. O Dragão atravessa cenários 2D, encontrando inimigos e adversidades do cenário á sua frente. Não há barra de vida: o protagonista morre com apenas um golpe, assim como os inimigos. Mas como eles são vários, há uma necessidade de planejamento de cada ação do jogador. Com o tempo, você pega a manha da jogabilidade e isso se torna mais intuitivo. Mas há um certo loop de gameplay, você entra em uma sala, analisa como vai lidar com cada inimigo e ai executa seu planejamento. É um loop divertido, que mantém o jogador preso a cada fase nova.
Com uma variedade de inimigos e perigos do cenário, se torna interessante achar estratégias para lidar com cada tipo de inimigo. Logo, se torna é extremamente satisfatório ver seu planejamento funcionar. Ao final de cada sala, você recebe um replay do que fez até aquele momento e é muito bom rever suas jogadas.
Além da katana, você pode usar os próprios perigos do cenário para eliminar seus inimigos. Logo, você pode matar adversários com portas, lasers e barris explosivos, e combinadas com as sub-armas, como por exemplo facas de arremesso, lança-chamas e bombas de fumaça, criam a possibilidade de fazer jogadas eletrizantes e rápidas.
Claro que com tantas alternativas, talvez a jogabilidade seja rápida demais. Por isso, existe a habilidade de desacelerar o tempo. Ela vai servir para o jogador conseguir desviar e refletir balas, e realizar jogadas rápidas em uma fração de segundo.
Em suma, a gameplay de Katana Zero é intuitiva e divertida. Ela cumpre bem seu papel e também reflete bem os temas da narrativa e faz você se sentir como a força imparável da natureza que é o Dragão. Se você souber jogar, claro.
Arte e trilha sonora
A arte de Katana Zero, em todos os sentidos, é maravilhosa. O jogo é feito num traço de pixel art lindíssimo, que brilha com personalidade e estilo. Afinal de contas, os sprites são lindos, bem animados e cheios de detalhes. Além disso, o game possui uma estética neo-noir assumida que cai como uma luva, e dá um visual único para um jogo que já beira a excelência.
Há muitas luzes na tela, um neon lindo que combina bem com o universo cyberpunk que o jogo cria na sua trama. Além disso, a trilha sonora também se encaixa perfeitamente, com músicas eletrizantes que misturam techno, outrun e eletrônica. Assim, a música ajuda a dar a vibe rápida e fluída do jogo, criando sequências empolgantes onde a música parece encaixar perfeitamente com a ação que acontece ao fundo do jogo.
A estética de Katana Zero fica como um dos pontos mais altos da experiência do jogo e que a torna de certo modo, mágica.
Inovação
Katana Zero não é exatamente inovador. Quanto á gameplay, nesse ponto do planejamento e da dificuldade, o jogo lembra muito outro lançamento indie de sucesso: o Hotline Miami. São jogos semelhantes, desde os temas de violência abordados na trama até a jogabilidade. Eu diria que na verdade, Katana Zero é Hotline Miami se esse fosse um hack and slash ao invés de um shooter.
Mas ainda assim, a maneira como o jogo constrói em cima da fórmula da jogabilidade de Hotline Miami é original e cria uma identidade própria bem única. Ele se torna único com sua estética neo-noir e trilha sonora marcantes, a ponto de se tornar digno de virar uma franquia em um futuro próximo, quem sabe. Definitivamente o jogo deixa pontos abertos para sequência e eu adoraria ver esse universo explorado mais uma vez em outro jogo do mesmo estilo.
Conclusão
Katana Zero é uma experiência curta, que leva em torno de 4 a 6 horas para se completar, mas que vai divertir e atiçar o jogador durante o pouco tempo que tem para descobrir todos os seus mistérios. Sua jogabilidade precisa, arte e trilha sonora se combinam com uma trama ótima para construir um pacote completo que é um prato cheio para qualquer jogador.
O jogo se cementa como uma daquelas pérolas que aparecem no cenário independente de videogames, e é uma experiência ótima para qualquer um que goste de jogos de ação.