Outbreak: The New Nightmare, é um game independente, produzido pela Dead Drop Studios. Ele tenta cativar pelo seu estilo clássico de survival horror, fortemente inspirado em Resident Evil.
Jogos deste estilo chamam muito a atenção desde Alone in The Dark (1992) e estão estabelecidos no mercado desde Resident Evil 1 (1996).
Um survival horror preza pela tensão e terror psicológico, onde o ambiente e situação que o jogador se encontra precisa gerar um senso de urgência e sobrevivência. Isso, somado a um clima sombrio e escassez de recursos, formam o ambiente perfeito para que o jogador sinta o medo desejado.
História
Outbreak: The New Nightmare é um jogo que busca explorar os elementos mais tradicionais desse gênero. Ele aposta na conhecida fórmula dos mortos vivos, os tradicionais zumbis, que infestam uma cidade devido a um experimento científico que deu errado.
A narrativa do jogo vai soar bastante familiar: Em 2016, um surto epidemiológico, que começa no Hospital Artz Memorial, se espalha pela cidade. Por decorrência deste caos, grupos de pessoas começam a se organizar, para se ajudarem na tentativa de sobreviver.

A polícia entra em ação e consegue, por um tempo, conter os ataques. Porém, a epidemia se alastra rapidamente, deixando a cidade em um absoluto caos e infestada por zumbis.
O enredo se desenvolve progressivamente durante o gameplay. Contudo, com o desdobramento da história, será revelado que não foi apenas um acidente, e que, propósitos mais complexos estão envolvidos.
Tudo isso te lembra alguma coisa? A história é completamente inspirada em Resident Evil, que chega a passar a impressão de ser um acontecimento paralelo em Raccon City.
O Jogo
Em Outbreak: The New Nightmare, logo de inicio você pode escolher entre 6 diferentes personagens: Lydia, Kane, Ivy, Harry, Hank e Elena. Contudo, eles não tem apenas aparências distintas, cada um tem habilidades exclusivas, que podem ser melhor aproveitadas de acordo com cada cenário do jogo.
Por exemplo, Hank já começa com uma Shotgun, Harry tem um inventário maior, Lydia tem maior resistência e assim por diante.
Mas, além disso, alguns também tem certas desvantagens. O próprio Harry não consegue combinar itens de cura.

No jogo você pode andar, correr, atirar parado, assim como nos RE clássicos, usar itens de cura e chaves que encontra pelo cenário. Nenhum segredo para qualquer um que tenha jogado um survival horror dos anos 90.
Após selecionar o personagem, o jogo possibilita escolher uma fase tutorial. Dessa forma, vai aprender todos os comandos e forma de jogar.
Outra nuance, é que você pode upar cada um desses personagens. Existe um sistema de XP, conquistado em cada fase, dessa forma, você pode subir de nível. Porém, cada personagem precisa ser upado individualmente, ou seja, é preciso escolher com qual mais se identifica para trabalhar nele.

Contudo o jogo não te dá razões para focar em muitos personagens. Apesar da boa variedade de cenários, em determinado momento, fica muito repetitivo e cansativo repeti-los apenas para ganhar poucas vantagens.
Outbreak: The New Nightmare, como era de se esperar por toda sua inspiração, não foge do óbvio no gameplay. Você será solto no cenário com os itens iniciais do personagem que escolheu e precisa cumprir uma lista de objetivos. O sistema de “leva e traz” de itens, para abrir portas está presente.
Você precisa coletar recursos e administrá-los da melhor forma possível até conseguir cumprir todos objetivos. É assim que funciona todo o jogo.
Cenários
Cada um dos cenários de Outbreak tem um desafio maior em um determinado aspecto, na teoria. Uns exigem mais poder de fogo por ter mais zumbis e mais recursos, enquanto outros mais habilidade em sobrevivência, limitando as munições, por exemplo.
Mas isso não é aplicado com profundidade e, com certo costume, você passa por todos com qualquer um dos personagens.

Um destaque do gameplay é que independente da fase, você tem apenas uma vida para completar os objetivos, o que aumenta consideravelmente a dificuldade. Além disso, há quatro níveis para selecionar a dificuldade: Normal, Hard, Biohazard e Nightmare.
O jogo apresenta modelos 3D de câmera estática, onde o personagem se move para o fundo do ambiente para, na sequência, visualizar a próxima parte do mapa.
Aspectos Técnicos
A Dead Drop Studios é independente e não contou com a ajuda de grandes empresas para trabalhar no jogo. Mesmo assim, o sentimento é que faltou certo capricho em certos pontos.
A movimentação como um todo é ruim. Os personagens se movem de forma estranha, andando ou correndo. Os zumbis também não parecem nada “reais”, se é que é possível dizer algo assim.

Você não pode mirar aonde quiser, apenas aponta a arma na direção do inimigo e atira. As armas causam danos diferentes, mas você não “sente o peso” do disparo entre uma arma leve e uma escopeta. Tudo parece igual.
Os gráficos são bem limitados, especialmente com relação aos personagens. Tanto os protagonistas, como os zumbis tem modelos 3D mal definidos, sem nenhuma expressão facial. O inimigos parecem até bonecos de zumbis, com um pouco de movimento.
Em contrapartida, o design dos mapas é eficiente. Consegue retratar bem os ambientes, com lugares fechados como escritórios e lugares “abertos”, como becos e praças.
Mas, mesmo aqui, há uma oscilação gráfica perceptível. Em certos lugares é possível ver texturas definidas e bem iluminadas enquanto, quase ao lado, há borrões e baixa resolução.
Contudo, vale ressaltar que, de maneira geral, os cenários são bonitos. São amplos e, dessa forma, permite o ir e vir típico desse gênero de jogo. Nesse sentido, Outbreak cumpre bem o papel de survival horror e faz com que você precise conhecer as localidades para desenvolver a melhor estratégia de atravessa-la.
Trilha Sonora
Na sonoplastia do jogo é notável o esforço da desenvolvedora em entregar um resultado convincente. Os sons ambientes, como disparos, som de vento e chuva e até os gemidos dos zumbis são muito bem feitos.
Já a trilha sonora é um pouco falha. Certas músicas não combinam com os momentos. Por exemplo, falta uma coerência quando você enfrenta uma horda de zumbis e tem quase um toque “clássico” ao fundo.
Co-op
O modo cooperativo deveria acrescentar um diferencial e chamar mais a atenção para os jogadores. Contudo, as coisas não funcionam. As câmeras fixas, que já não são muito precisas, se perdem ainda mais quando está jogando com um amigo.
Há uma nítida queda de frames quando está nesse modo. Dependendo da fase e da quantidade de coisa que está acontecendo na tela, se torna praticamente “injogável”.
A única boa notícia é que, por seus 4 níveis de dificuldade, o jogo ainda é capaz de trazer dificuldade e necessidade de estratégia para vencer as fases, mesmo em cooperativo.
Conclusão
Outbreak: the New Nightmare tem uma proposta claramente inspirada em Resident Evil, mas não chega nem perto de agradar como o jogo da Capcom. A ideia parece ser de resgatar um estilo de gameplay, mas, hoje em dia, este estilo é um controverso e quase arcaico para a atual geração de vídeo games.
Além disso, por falhas conceituais, a desenvolvedora entrega uma experiência muito limitada e que não se credencia como um game para estar na lista de jogos de terror favorito de ninguém.
Entretanto, Outbreak pode ser um passatempo caso você queira apenas atirar em alguns zumbis sem compromisso. Com ele você não precisa sofrer muito ou se preocupar com escassez de balas e nem uma trama complexa.
Além disso, há uma boa necessidade de estratégia para concluir os cenários, deixando a experiência, no mínimo, razoável.
* Chave cedida para análise