Introdução
Capcom Arcade Stadium segue uma linha que funciona há algum tempo: coletâneas de jogos antigos. Não há nada de novo em fazer isso. Porém, o resultado é muita nostalgia e oportunidade de jogar aquele joguinho maneiro na TV da sala.
Capcom Arcade Stadium lançado para Playstation 4 em 25/05/2021 e também disponível para Switch, XBOX One e Steam.
Fliperama na sala
Capcom Arcade Stadium é um conjunto de jogos que tenta passar a ideia de um ambiente de fliperama. Assim, mira de forma certeira na nostalgia e no apelo da saudosa década de 90. O título está disponível gratuitamente com o jogo 1943. Igualmente gratuito, a versão arcade de Ghosts ‘n Goblins para os assinantes PS Plus.
Há diversos títulos que podem ser comprados separadamente ou em pacotes. O que deixa tudo mais interessante, afinal, ninguém jogava todos as máquinas do fliperama. Consequentemente, o jogador não se sente obrigado a comprar todo um conjunto por apenas duas ou três “máquinas”. Porém, é altamente recomendado que adquira todos os pacotes. Não somente pelo fator preço, mas pela variedade de jogos para aquela tarde nostálgica.
Segue abaixo a lista de jogos disponíveis:
- 1943: The Battle of Midway (1987)
- Ghosts ‘n Goblins (1985)
- Vulgus (1984)
- Pirate Ship Higemaru (1984)
- 1942 (1984)
- Commando (1985)
- Section Z (1985)
- Trojan (1986)
- Legendary Wings (1986)
- Bionic Commando (1987)
- Forgotten Worlds (1988)
- Ghouls ‘n Ghosts (1988)
- Strider (1989)
- Dynasty Wars (1989)
- Final Fight (1989)
- 1941: Counter Attack (1990)
- Mercs (1990)
- Mega Twins (1990)
- Carrier Air Wing (1990)
- Street Fighter II (1991)
- Captain Commando (1991)
- Varth: Operation Thunderstorm (1992)
- Warriors of Fate (1992)
- Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting (1992)
- Super Street Fighter II Turbo (1994)
- Armored Warriors (1994)
- Cyberbots: Full Metal Madness (1995)
- 19XX: The War Against Destiny (1995)
- Battle Circuit (1997)
- Giga Wing (1999)
- 1944: The Loop Master (2000)
- Progear (2001)
Em adição a isso tudo, há um DLC de invencibilidade totalmente grátis para os que adquirirem o jogo antes de 08/06/2021. Também, há promessas de mais jogos no futuro. Contudo, não houve confirmação de quais títulos virão nesse futuro.
Fliperama sem empurra empurra
Por se tratar de uma coletânea e ter uma lista extensa, vamos dar foco na análise de como funciona os games em conjunto e como essa adaptação para as novas gerações de console opera. Então, comecemos pelo começo. A intenção de Capcom Arcade Stadium é remeter aos tempos dos fliperama. Aqueles tempos em que para multiplayer a gente tinha que ir a alguma casa de jogos, comprar fichas, esperar nossa vez, perder, pegar fila de novo, jogar de novo e perder de novo. Por isso, as versões disponíveis são apenas as de arcade. O jogador pode escolher qual versão prefere: japonesa ou americana. Cada versão possui sua singularidade, sutil, mas possui. Os mais experientes vão saber quais existem ali e os novatos podem se aventurar em descobrir quais são.
Além da opção de invencibilidade citada anteriormente, há a opção de rebobinar: voltar um pouco antes de levar aquele tiro; ou voltar antes do momento que o adversário tirou seu PERFECT. Salvar no meio do jogo para voltar mais tarde. Por outro lado, não só de facilidades vive a coletânea. Há os modos de desafio em que o jogador disputa com outros jogadores no mundo quem faz a maior pontuação; quem fecha o jogo mais rápido; ou até mesmo quem consegue jogar numa velocidade super acelerada. Isso aumenta muito o fator replay e deixa mais interessante as partidas.

“Haja o que houver, não bata na máquina”
Quem viveu a época de máquina de fliperama com cinzeiro lembra desse aviso. Mas, nostalgia à parte, uma grande preocupação quando se traz jogos velhos a novas gerações é o quesito controle. Entendemos que na época, devido a um grande número de limitações, os controles em relação a hoje pareciam mais “duros”. Por consequência, realizar alguns comandos (tipo o especial do Guile em Super Street Fighter 2 Turbo) poderiam ser uma tarefa árdua, principalmente em momentos de tensão frenética.
Entretanto, percebemos que os controles respondem muito bem e os comandos saem de forma mais suave. Claro que algumas situações particulares do jogo contribuem para que seu movimento não saia. Porém, isso é resultante da própria programação original do game. Em adição a isso, temos a possibilidade de ajustar o controle a melhor maneira que nos convém. O que inclui escolher um botão para representar os 3 botões de soco em jogos de luta e o modo turbo de algum botão em outros jogos. Ideal para jogos de navinha.

Telão potente de 29 polegadas
Capcom Arcade Stadium tem como interface um fliperama japonês. Isso significa que você pode (e deve) colocar a ficha. Também pode escolher que tipo de gabinete quer jogar e que tipo de papel de parede quer para os seus jogos. Além dos filtros de imagem para dar aquela sensação de TV de tubo com as famosas scanlines e outros que deixam uma “tela arredondada” como os televisores antigos.
O jogador decide se quer ou não papéis de parede de fundo para seus jogos. Lembrando que os jogos não possuem versão Widescreen e por isso sobram bordas nas telas que podem ser preenchidas com alguma arte. Testamos em uma TV LCD de 40 polegadas e os gráficos não ficaram com aqueles serrilhados de quando se projeta algo de baixa resolução em tamanhos maiores. Um ponto positivo, uma vez que ninguém mais joga em telas do tamanho das que existiam na época do lançamento dos títulos.

Máquina mais alta do bar
Se o vídeo ficou bom para resoluções maiores, o som também. Além do clássico barulho de ficha quando você “insere” uma no jogo, temos também uma boa qualidade sonora que permite o jogador ter a experiência do jogo sem chiados ou ruídos. Porém, não dá para esperar muito porque os jogos são velhos e qualquer outro tipo de alteração poderia comprometer a experiência nostálgica proposta pela Capcom. Em poucas palavras: os efeitos sonoros são os mesmos, mas com qualidade para aparelhos de TV e som atuais.
Sem levar “pança” no fliper
Capcom Arcade Stadium tem como um de seus fatores positivos a velha disputa de pontuação que ocorria nos fliperamas e bares dos anos 90. Contudo, o multiplayer continua restrito à jogatina presencial. Ou seja, para zerar o Final Fight com um amigo, ou você vai à casa dele ou ele vai a sua. Evidentemente, não era o objetivo da empresa japonesa incluir esse modo não somente por ter outras duas coletâneas (Capcom Beat ‘Em Up Bundle e Street Fighter 30th Anniversary Collection) que possuem a possibilidade de jogar online, mas também, acreditamos, por ser um compilado para pessoas não tão competitivas assim.
Bem provável que esse conjunto de jogos seja pensado para o público casual nostálgico que apenas quer jogar umas fichas para vencer de si mesmo. Seja para ver qual pontuação consegue alcançar, seja para ver o mínimo de fichas possível para zerar aquele game difícil. De qualquer forma, um modo multiplayer online fez falta.
Deu Tilt
Eu gostaria de não ter de falar desse assunto, mas percebo que haveria cobranças disso em um futuro próximo. Alguns jogos passaram por uns ajustes, não de gameplay, mas de referências. Uma foi a da bandeira do Sol Nascente no cenário do E. Honda e a da bandeira de Hong Kong no cenário do Fei Long. Ambos personagens de Street Fighter.
Para sermos diretos: essas mudanças atrapalham em nada a diversão ou jogabilidade nos jogos. Elas estão lá apenas por questões mais particulares à Ásia. Quando Super Street Fighter 2 foi lançado, Hong Kong ainda era da Inglaterra e possuía outra bandeira. No caso da bandeira do Sol Nascente, ela representa mais a marinha imperial japonesa. Ela remete a tempos de conflitos que o Japão tinha ali no Oriente. Até onde pesquisei, a Capcom não sofreu pressão para mudar, apenas acreditou que não seria mais de bom tom manter coisas relacionadas ao passado ali.
Para o público do ocidente, isso em nada afeta. Porém, deve haver muitas outras razões para os japoneses evitarem esses símbolos e dessa forma manter uma política de boa vizinhança. Como dito, não afeta a diversão.

Stage Cleared
Capcom Arcade Stadium foca no saudosismo e executa de uma forma excelente. Cumpre a promessa de entregar uma experiência em fliperama na sua casa. Altamente recomendado para fãs clássicos, principalmente os casuais. E para todos aqueles que gostam de desafios, que tal se aventurar num desafio de pontuação?
*Análise realizada em PS4 FAT com chave cedida