Chicory – Um Conto Colorido chega para PS4 e PC no dia 10 de junho com uma proposta simples e inovadora: todos os cenários do jogo são pintáveis.
Publicado pela Finji e desenvolvido pela pequena equipe de Greg Lobanov, ele chega para mudar o conceito de um game artístico.
Uma tela em branco
Chicory – Um Conto Colorido tem um universo muito bem estabelecido. Ao longo das gerações, sempre existiu um Pintor. Ele, junto com seu pincel poderoso, serve como um protetor das pessoas. A Pintora atual é a Chicória. Com um traço ousado e amada por todos.
Mas, um dia, as cores simplesmente sumiram. Onde era alegre e colorido, está preto e branco. As casas, as pessoas, a natureza. Tudo perdeu sua cor.
E quem melhor para recolorir tudo do que a grande Pintora? Exceto que, ela não está em lugar algum. Então, resta a você, jogador, assumir o Pincel e assumir a responsabilidade de trazer as cores de volta para o seu mundo.
Seu personagem, responsável pela limpeza na casa da Chicória, não possui um nome. Você pode nomeá-lo antes do jogo começar. (A minha chama Pastel).
Ao assumir o pincel da Chicória, você agora tem o poder de colorir os cenários. Porém, Chicory não é só um grande livro de colorir em forma de game.
Existe um motivo para que as coisas tenham perdido a cor. E cabe ao seu personagem fazer esta investigação, derrotar inimigos e restaurar não apenas as cores, mas também sua própria autoconfiança.

Mundo além das cores
Mas, além dessa aventura, Chicory possui um elenco de apoio extremamente carismático.
Na maioria dos locais que você explora existem personagens que ficam ali. Afinal, existe toda uma vida fora da rotina do protagonista.
E o jogo faz um ótimo trabalho em representar todos aqueles moradores. É possível interagir com todos. Alguns te dão dicas, outros te pedem para colorir a sua casa e outros só querem bater um papo.
Entretanto, é legal ver como aquele mundo funciona sem depender do protagonista. Estão todos contando com você para recuperar as cores, mas eles ainda seguem a vida sem elas.
Acho que nunca vi um grupo de personagens tão otimistas quanto os de Chicory. Falar com eles é sempre uma alegria.
Jogabilidade
Chicory possui controles bem fáceis de decorar. Porém, será preciso dominar as artes de multitarefas. Afinal, um analógico controla seu personagem enquanto o outro controla o pincel.
Como cada cenário está sem cor, você começa com uma paleta de cores e pode usar o pincel para pintar tudo o que estiver disponível. Inclusive a si mesmo e outros personagens.
No começo é um tanto desafiante controlar para onde o pincel vai. Porém, conforme você avança na história, vai ganhando e descobrindo habilidades que facilitam o processo de colorir.
Existe um botão que colore uma área inteira de uma vez, por exemplo.
O jogo nunca oferece como um objetivo claro “Pinte todos os cenários”. É claro que essa é a sua motivação inicial ao pegar o pincel.
Entretanto, é tão divertido pintar as casas e as árvores, que você acaba passando boa parte da gameplay nisso.
E essa mecânica só melhora com a adição de novos formatos e cores.
Porém, Chicory não te dá 100% de controle sobre as cores que você pode usar. Cada região do mapa possui sua própria paleta que fica disponível para você usar.
Confesso que isso me deixou um pouco decepcionada. Gostaria de poder usar mais cores em todas as regiões. Isso resultaria em cenários bem mais coloridos.

Exploração colorida
Mas, não é só o pincel que ganha mais mecânicas divertidas.
Conforme você vai explorando, descobre mais área com diferentes mecânicas de interação com o cenário.
Chicory oferece muitos puzzles presentes no próprio mapa. Seja para avançar com a história ou para coletar objetos, é sempre divertido tentar descobrir como o cenário irá interagir com você.
Aqui também existe um porém. O mapa do jogo é bem grande, mas você só ganha acesso a ele depois de um bom tempo de exploração.
Sem ele, me encontrei muitas vezes perdida e sem rumo. Sobretudo, parece que Chicory tem noção deste problema.
Em pontos específicos existem cabines telefônicas que você pode usar. Ao ligar para os seus pais, eles oferecem dicas bem detalhadas de como avançar.
É tudo feito na base de exploração, pintura, tentativa e erro.
Batalhas de tinta
Além de pintar, seu personagem também terá que superar desafios para recuperar as cores!
Elas são poucas, mas as batalhas de Chicory são extremamente memoráveis.
Novamente, o jogo não explica muito bem o que você tem que fazer, o que faz das batalhas um processo de aprendizado.
Usando seu pincel, você terá que usar as cores para dar dano no inimigo. Ele inclusive, não tem uma forma específica.
É nesse momento que a habilidade de realizar várias tarefas combinada com uma boa coordenação motora entram em ação. Enquanto você desvia com o seu personagem, deve atacar usando o pincel.
As batalhas chegam até a lembrar um pouco a gameplay de Undertale, por exemplo. Afinal, você tem um objeto que deve desviar de projéteis.
(Mas não tem turnos. Será que fui longe demais na comparação?)

Arte (literalmente)
Chicory é um jogo sobre arte. Portanto, sua própria direção artística é a sua característica mais marcante.
Mesmo com suas paletas limitadas por região, o seu mapa é completamente personalizado, afinal é você que está pintando.
Outra característica visual que chama muita atenção são as cavernas do jogo. Usando seu pincel, você consegue iluminar as áreas escuras. O que traz um belo tom de neon para a sua tela.
As próprias batalhas possuem suas paletas próprias e até efeitos como cores negativas.
Mesmo que tudo esteja em preto e branco, é possível identificar o estilo do jogo. Aquela linha tênue entre o fofo e o estranho.
O próprio design dos personagens também entrega isso. São todos animais com nome de comida, mas todos possuem uma personalidade própria refletida no jeito que foram desenhados.

Trilha sonora
A trilha sonora de Chicory também não fica para trás. Cada região possui seu próprio tema.
São músicas bem relaxantes, que retratam o quão tranquilo é a vida daqueles personagens (se não fosse a falta de cores).
E sim, novamente, as batalhas levam todo o destaque. Com músicas mais animadas e o melhor: é possível perceber que alguns ataques seguem o ritmo da trilha sonora.
Mas além das músicas, Chicory oferece também um ótimo design de som. Ao jogar no PS4, sons como o de tinta sendo passada nos cenários pode ser ouvido vindo do controle!
Inovação
Chicory é, sem dúvida, um dos jogos mais inovadores deste ano. Ao combinar personagens carismáticos com uma história simples, mas de impacto, a cereja do bolo está na sua mecânica de colorir o mapa.
É um jogo que vai te fazer rir, se emocionar e acima de tudo, se apaixonar por arte.
Essa liberdade para pintar tudo certamente é a melhor característica que ele pode oferecer. Todos os seus elementos combinam perfeitamente para te dar o melhor ambiente criativo na hora de pintar.
Fique livre para pintar TUDO!

Um Conto Colorido
Em conclusão, Chicory é uma aventura amável que declara seu amor pela arte. E ao longo do caminho, também te ajuda a recuperar o seu amor pelas suas paixões (sejam elas arte ou outra coisa).
Dá para ver que é um jogo que foi feito com carinho. Desde o seu menu que é possível pintar, até mesmo às opções de pronomes que serão usados para se referir a você na história.
E o melhor de tudo isso? Ele está completamente localizado em português. O charme dos personagens só aumenta quando ele usa expressões abrasileiradas.
Eu deixo aqui o meu muito obrigada Chicory, por ser um jogo que, mesmo com defeitos, não deixa de ser extremamente cativante.
*Chave cedida para análise.
Gostou da análise? O Garota no Controle tem muito mais!