Cosmic Top Secret talvez seja o documentário mais divertido de se assistir que já existiu. Desenvolvido pela Klassefilm e Those Eyes, já anteriormente lançado para PC, ele chega agora em 2021 para Nintendo Switch, PS4 e XBOX.
Investigando o passado
Em algum momento da sua vida você já foi atingido pelo questionamento: “o que os meus pais faziam antes de eu nascer? ”
Essa é a motivação de Trine, nossa protagonista. Mas, a verdade sobre seus pais é algo muito mais surpreendente: ambos trabalhavam para o Serviço de Inteligência durante a Guerra Fria. Cabe a você, jogador, ajuda-la na sua própria missão de espionagem.
O termo ‘Cosmic Top Secret’ é estranhamente o jeito oficial de nomear informações de extrema confidencialidade. O que, no caso do jogo, é a informação se os pais de Trine eram mesmo agentes secretos ou não.
Um detalhe que deixa tudo mais interessante no jogo é que ele é baseado na realidade! Tudo ali é um trabalho que a protagonista realizou e transformou no jogo.
Entre coletar informações e assistir entrevistas, cabe a você aprender mais não só sobre a família da protagonista, mas também sobre o evento histórico que foi a Guerra Fria.
Cola e papelão
Diferente de outras análises, acho necessário falar um pouco sobre a estética de Cosmic Top Secret antes de qualquer coisa.
Para abrir este texto eu falei que o jogo é um documentário extremamente divertido de assistir. A parte divertida obviamente está no fato de ser um jogo.
Inegavelmente, outra coisa que contribui para isso é a aparência do jogo. Com um estilo saído da MAD TV (será que essa referência é boa?), durante a gameplay todos os personagens são feitos de papelão.
Não só os personagens como quase todos os objetos e cenários.
É engraçado andar com Trine pelo mapa, pois quando você vira a câmera para as costas dela, não vai ter um desenho da parte de trás da personagem. É como se ela tivesse sido colada na parte da frente. E o mesmo acontece com todos os outros personagens.
É tudo muito simples, como se fosse feito à mão mesmo.
Outra coisa que chama atenção é nos menus. É um jogo de espionagem, portanto você vai ter diversos arquivos com as informações necessárias. Tudo de papel, claro. E escrito à mão também.
Entretanto, um detalhe que faz com que Cosmic Top Secret se destaque é o fato de tudo ali ser baseado em pessoas reais. E todos os personagens de papel são representações dessas pessoas.
Mas é claro, algumas características são aumentadas. Como caricaturas. A maioria dos personagens possui olhos esbugalhados e o próprio pai de Trine tem um braço maior que o outro.

Jogo-documentário
Dessa forma, não é em todo momento que esse estilo é usado. Como dito antes, ele é um documentário. A cada fase concluída, você tem acesso a trechos de entrevistas que Trine faz com os pais sobre o trabalho deles.
E aí temos os elementos que caracterizam um documentário. O entrevistador fora da cena e a câmera focada no entrevistado enquanto ele responde às perguntas.
Outros detalhes interessantes que complementam a história são outros vídeos quando encontramos itens importantes para a investigação.
Nesse sentido, eles mostram um pouco mais sobre as investigações de Trine. Vídeos com outras pessoas e muitas fotos. Fotos da família da protagonista, de pessoas importantes na época da Guerra Fria e muitos objetos históricos também.
Tudo isso, no melhor estilo de documentário. Com a voz da moça narrando mais detalhes sobre cada objeto e sua importância para a investigação.

Travando na investigação
Contudo, se Cosmic Top Secret faz um excelente trabalho ao ser um registro histórico e pessoal sobre a Guerra Fria, ele poderia melhorar na hora da gameplay.
Certamente o jogo é bem informativo, tal qual um bom documentário, e te ensina muito bem as mecânicas. Porém, na hora de aplica-las, ele deixa a desejar. Um aspecto que tive mais dificuldade foi controlar a personagem principal.
A minha maior dificuldade foi com a câmera. De início, ela se mostrou bem lenta para movimentar. Então, eu não conseguia acompanhar a personagem na hora de fazer curvas, por exemplo.
Depois que eu descobri que era possível mudar a sensibilidade da câmera, a situação melhorou. Mas, ainda era um pouco ruim.
Existe também um momento em que Trine vira um avião de papel e pode voar pelo mapa. Essa com certeza foi a parte que mais me deixou frustrada.
Além de ficar confusa com os controles, o avião ia muito rápido e fazia curvas muito devagar. O que resultou em diversas batidas com o cenário.
Entretanto, é bem legal ver a dinâmica para movimenta-la: Trine se transforma em uma bola de papel. E sai rolando por aí. E quando o jogador para a personagem, ela retorna a sua forma normal.
Exploração e espionagem
Entretanto, a partir do momento em que você se acostuma com a movimentação, Cosmic Top Secret se mostra bem divertido.
Sua história misteriosa te estimula não apenas a explorar para conseguir os itens necessários, mas também ir atrás dos elementos extras que complementam as informações.
Por isso, para avançar as fases, Trine deve coletar 9 objetos importantes para aquela parte da história. Eles podem ser documentos, fotos, calendários ou qualquer objeto que possua uma história relacionada à investigação.
Esses objetos podem ser facilmente encontrados enquanto você segue a história daquele mapa. Ele deixa bem identificado com estrelas flutuantes indicando o local que você deve ir.
Então, tudo fica registrado em um dossiê no menu. É nele que o jogador consegue acompanhar sua evolução durante o jogo. E também é neste documento que estão os dados dos objetos opcionais.
Eles podem ser encontrados durante a exploração da história principal. Cada história opcional está censurada por uma faixa preta (tal qual um bom documento do governo).
Mas, a partir do momento que você acha o primeiro objeto relacionado, a censura desaparece. E quando você encontra todos, é possível assistir um vídeo relacionado ao assunto.
E ao final de cada fase, Cosmic Top Secret coloca suas habilidades de espião à prova. Para avançar para o próximo mapa, você deve adivinhar uma sequência numérica.
E as pistas estão nos objetos que você coletou durante a exploração!

Gravação de áudios
Se a aparência do jogo já chama a atenção, é na sua trilha sonora e áudio que ele mais brilha.
Embora a arte escolhida não apresente tanta imersão, os desenvolvedores souberam muito bem como oferecer isso nos diálogos.
Por ser um documentário, todos os áudios parecem (e provavelmente) foram gravados pelo celular da Trine. Por isso o áudio fica bem ruim às vezes. É engraçado como dá para perceber quando ela está gravando dentro da bolsa ou quando grava abertamente.
De fato, esse detalhe de fazer Cosmic Top Secret um trabalho caseiro, dá toda a magia do documentário que é este jogo.
As músicas que acompanham a exploração também contribuem para isso, dando toda uma atmosfera de filme de espionagem.

Seja um espião (assim como seus pais)
Em conclusão, Cosmic Top Secret é uma das melhores combinações de jogo e aprendizado que já foi feito. Sua exploração e o jeito que a história é contada faz com que o jogador investigue todos os detalhes para saber tudo o que ele pode oferecer.
A Guerra Fria certamente é um momento histórico importante. E poder saber detalhes de quem estava lá é uma grande oportunidade. Tanto para aqueles que gostam de História quanto para quem gosta de videogames.
A maneira dinâmica e cheia de bom humor é, com certeza, a melhor característica do jogo. Quem nunca imaginou como era ser um espião, não é mesmo?
Poder conhecer não só um momento histórico, mas também se conectar com a família da protagonista, deixa toda a experiência mais intimista.
Mesmo com alguns pontos travados na gameplay, é definitivamente um jogo importante e divertido.
*Chave cedida para análise.
Gostou da análise? O Garota no Controle tem muito mais!