A fonte de inspiração
O ano era 1872. O escritor britânico R.D.Blackmore lançava o seu romance de maior sucesso: Maid of Sker. Ele conta a história de um velho pescador que acaba encontrando uma garota em um barco a deriva na praia. Então, ele decide deixá-la em uma casa rica em sua vizinhança. Porém, após isso, ele tenta descobrir a origem misteriosa da garota e assim a história se desenrola. Como resultado dessa influência, o estúdio indie, Wales Interactive decidiu criar sua própria história da Maid of Sker, e assim nasceu esse suspense instigante.
Lançado em 28/07/20, sendo desenvolvido e publicado pela Wales Interactive, para PS4, Xbox One, Pc e em novembro do mesmo ano para Nintendo Switch. Tratando-se de um jogo de terror, suspense e survivor horror em primeira pessoa, com uma temática sonora (já vou explicar).
Um pedido de ajuda
Nosso protagonista é o compositor Thomas Evans. Ele viaja até a ilha de Sker graças a um pedido desesperado de sua amada, Elisabeth. Logo de cara, ela já nos revela que seu pai, que é dono do Hotel Sker, enlouqueceu, e planeja usá-la para fins maléficos (pai do ano). Então, nossa missão inicial é muito simples: salvar a nossa bela dama, e desvendar os segredos do hotel. Mas é claro que as coisas vão desandar.
Logo depois, descobrimos que Elisabeth está presa no sótão, e ela nos pede para encontrar quatro cilindros espalhados pelo hotel. Em seguida, o jogo começa de verdade.
Maid of Sker é aquele jogo de terror onde não há um combate de forma direta. Lembram quando mencionei que o jogo possui uma temática sonora? Então, vou explicar.

Seja discreto
Assim que começamos, nós conseguimos notar a trilha sonora absurda desse jogo. Algo que é incomum para jogos de terror que, frequentemente, optam pelo silêncio para criar uma atmosfera. Aqui não. Além do fato de Thomas ser músico e Elisabeth cantar, o jogo expande essa temática para os inimigos, e para as mecânicas de gameplay.
À primeira vista, nosso protagonista não consegue lutar. Somos capazes de andar, correr, nos abaixar e prender a respiração. Mas, durante nossa exploração, nos deparamos com inimigos que são cegos, e por isso, são atraídos pelos sons que fazemos. Sejam eles, passos, tosse ou até quando puxamos o ar com muita força. Porém, da mesma forma com que eles são atraídos para nós através dos sons que emitimos, também podemos guiá-los para outros lugares, tocando sinos, por exemplo.
Então, é bem simples de entender a ideia. Corra (não literalmente, já que o Thomas corre igual um cavalo), se esconda, e busque itens para progredir na história. Portanto, prender a respiração é a mecânica essencial no jogo. Eu realmente não consegui contar quantas vezes bati de frente com um inimigo, mas ele não me notou porque prendi a respiração imediatamente (no susto claro). Mas, é óbvio que tem um preço. Somos humanos, então não somos capazes de prender a respiração para sempre, e quanto mais tempo prendendo, mais alto Thomas puxará o ar para se recuperar. Ou seja, usem sempre, mas com cautela.
Contudo, Thomas possui um mecanismo que serve como arma, chamado de modulador fônico. Ele emite uma onda de choque que atordoa os inimigos, mas cuidado, ele gasta munição e ela é escassa. Além da munição, também devemos administrar o item de cura, um tônico para os nervos que recupera nossa vida. Eu mesmo quase sempre andava com a vida pela metade, só para não gastar os tônicos.

Juntando as peças
Agora, vamos falar um pouco do enredo. Maid of Sker usa de três artifícios para nos explicar o que está havendo neste hotel. O primeiro é a comunicação, quase direta com a Elisabeth (ela fala por um telefone, diretamente do sótão), onde ela basicamente nos passa os objetivos e conta como ela está. Segundo são as notas, como em muitos jogos, aqui nós podemos aprender muito sobre a história da ilha e do hotel através de textos espalhados pelo mapa (tem que ter coragem pra buscar todos). E por último, temos os fonógrafos. Os fonógrafos são mecanismos antigos de gravação de voz (basicamente o avô dos áudios no whatsapp). E aqui, nós usamos esses fonógrafos para salvar o jogo, e, ao fazermos isso, ouvimos histórias sobre Elisabeth e sua família.
Então, vamos seguindo, ouvindo gravações, coletando arquivos, observando cenário, e assim, juntando um quebra-cabeça muito interessante. Realmente vale a pena prestar atenção na trama.

O Hotel Sker
Ao mesmo tempo em que exploramos o mapa para progredir, também podemos notar o level design de Maid of Sker. Conforme andamos, nós nos deparamos com portas trancadas, fazendo aquele famoso ‘’leva e trás’’, onde temos que mudar nossa rota, explorando mais, até encontrar uma forma de passar pelo caminho inicial. E isso é bem feito, o mapa não é confuso e faz sentido, mesmo que você esteja apavorado.
Além disso, as salas de save possuem uma porta verde, deixando elas bem fáceis de identificar. E ainda são salas seguras, logo, você pode se esconder de um perseguidor lá sem problemas. Juntamente com um level design bem feito, o hotel também conta com gráficos bonitos e uma boa ambientação.
E a trilha sonora? Gente, a trilha sonora. É algo que merece todos os elogios possíveis. Uma trilha original, memorável, agradável e até meio triste. Ao mesmo tempo, a música está presente em alguns enigmas, onde temos que identificar sons para solucionar. Eu amei.

De volta ao jogo
Finalmente, os extras. Além de várias bonecas de música espalhadas pelo mapa, e os documentos, nós também podemos cumprir alguns desafios após zerarmos o jogo. E são legais inclusive. Existe um chamado ‘’A longínqua noite’’, onde nós começamos o jogo no sótão e temos que escapar do hotel, mas agora com armas disponíveis (vingança que chama) e com três vidas. E também outro conhecido como ‘’Pesadelos no hotel’’ que você também possui armas, mas os inimigos são mais difíceis de serem derrubados, e são mais fortes, mas você só tem uma vida.
Ou seja, são opções a mais para quem quer testar suas habilidades. Porém, não vá neste desafio achando que o jogo virou um Call of Duty. Ele mantem o estilo lento de gameplay que, funciona bem na campanha, mas aqui com armas, torna tudo meio travado, o que dificulta muito. Prepare-se para morrer, e não subestime ninguém! Fui achando que era o Rambo, e quando me dei conta já tinha tomado vários socos na cara e perdido duas das três vidas.

Conclusão
Em síntese, Maid of Sker possui uma trilha sonora muito boa, uma atmosfera bem construída e uma gameplay simples, mas agradável. Com um level design bem feito, ele nos faz explorar e, portanto, conhecer mais do seu enredo que é interessante, cheio de folclore e em certos momentos, perturbador. Ou seja, se você gosta de um terror ou suspense, pode chegar nessa aventura de forma tranquila, sem correr, e prendendo a respiração em horas pontuais. Não vai se arrepender.
*Chave cedida para análise