Pecaminosa – A Pixel Noir Game, um jogo indie de RPG estilo retrô que tem como destaque sua ambientação noir investigativa. Datado em uma época depois da primeira grande guerra, o jogo tem bons acertos mas também alguns erros.
Desenvolvido por Cereal Games e distribuído pela BadLand Publishing, o jogo está disponível para Nintendo Switch e PC desde 27 de Maio de 2021. Não há opções de linguagem além do inglês.
História
Pecaminosa se passa na cidade de nome homônimo. O jogo começa te apresentando alguns personagens e dentre eles está o protagonista, John Souza, que está atrás de seu parceiro desaparecido.
O ex detetive, que tem problemas com álcool, então recebe a visita de um espectro. Então durante a conversa com esse fantasma, Souza não vê outra saída a não ser realizar o trabalho.
Trabalho esse que consiste em eliminar os criminosos mais perigosos da cidade. E tudo isso em busca de redenção, com objetivo de ao final encontrar o parceiro de John.
Jogando Pecaminosa
A interação com os controles acontece de forma simples, um botão de ação, um botão para atirar e os movimentos. Todos os comandos são bem precisos, mas há alguns poréns que irei discorrer depois.
Inicialmente você terá que usar os próprios punhos para combater os inimigos. Após alguns diálogos e lugares explorados terá acesso a primeira arma que será de muita ajuda já no inicio.
O combate acontece em tempo real, não há transições e nem arenas para enfrentar os inimigos. Não há habilidades especiais para as batalhas mas isso não deixa o jogo menos interessante em relação aos embates contra inimigos.
Os elementos de RPG do jogo tornam-se evidentes através do sistema de level up, conhecido como LIFE no jogo. Sistema esse distribuído em Sorte, Inteligência, Força e Resistência.
Como você gasta seus pontos que você obtém ao completar missões e derrotar inimigos, depende de você e pode alterar a experiência de jogo consideravelmente.
Há certas opções de diálogos, por exemplo, que só podem acontecer se você estiver com a Força em um determinado nível. Assim como também vale para outras opções dependentes de outros atributos.
Outro elemento RPG do jogo está presente nas vestimentas. Chapéu, calças e outras peças de roupas possuem bônus nos atributos que, por exemplo, pode adicionar um ponto em sorte e outro em inteligência.
Por fim vale mencionar também alguns extras como dungeon e até minigame de cartas que está presente em Pecaminosa. Tudo isso traz uma maior diversidade e longevidade ao título.
Mais gameplay
Durante a empreitada em Pecaminosa o jogador irá encontrar vários outros elementos de RPG. Dentre eles há o cigarro, que ao utilizar aumenta a sorte de encontrar itens e whiskey para recuperar vida.
Há também a necessidade de se encontrar munição para as armas seja derrotando inimigos ou comprando-as. E o dinheiro que é obtido ao derrotar inimigos ou destruindo objetos no cenário.
Mas nem tudo é como poderia ser em Pecaminosa – A Pixel Noir Game. John Souza anda muito devagar, chegando a se tornar irritante. E ao usar o dash e gastar a stamina, o personagem ainda anda mais devagar.
O jogo disponibiliza o táxi para se locomover dentro da cidade, mas em outros cenários como no Capítulo 2, é tortuoso demais. A parte extra do cemitério, apesar de curta, poderia ser bem mais dinâmica caso John andasse mais rápido.
Somente para contextualizar, nesse segundo capítulo você precisa atravessar um cenário grande sem ajuda de transporte rápido. Caso aconteça de o jogador morrer ou atravessar sem cumprir o objetivo, terá de fazer tudo novamente.
Outra parte que incomoda o jogador é a mira. Ao invés de ser centrada na visão do protagonista, você usará o analógico direito para mirar independente da movimentação do personagem. Isso traz uma dificuldade desnecessária.
Somente escrever sobre esse aspecto parece injusto, mas jogando eu precisei de muito tempo para me adaptar. Um sistema de mira mais simplificado com certeza traria mais agilidade e dinamismo para o jogador.
Jogo desbalanceado
Por último preciso falar sobre a dificuldade. Como já dito antes, o segundo capítulo tem uma dinâmica diferente do começo do jogo. Você precisará atravessar um cenário bem grande, completar o objetivo e sair dali com vida.
Mas caso falhe precisará repetir o processo desde o começo. Isso frustra qualquer jogador, até os mais hardcore. Pela ação ser tão diferente nessa parte, eu fui completamente despreparado para tal desafio.
Com pouca munição, poucos itens de vida e sem pontos de habilidades o suficiente foi sofrível conseguir derrotar um inimigo em específico e que aparece aos montes. Sem contar a ausência de mapa ou qualquer outro guia para John.
Arte
Aqui vale um ponto bem positivo para Pecaminosa – A pixel noir game: a arte. Personagens bem desenhados e cenários muito bonitos, em especial a própria cidade de Pecaminosa. Coisas de época como veículos e vestimentas também estão muito bem representados.
Outro destaque vale também para os bosses presentes, cada um com um design e características únicas. Interface e itens também tem um trabalho bem feito e não deixam a desejar.
Porém, aqui cabe um outro ponto, mas negativo. Os inimigos são repetidos durante todo o jogo, os únicos com desenho exclusivo são os chefões. Valentões com facas e zumbis estão presentes desde o início da história, sem nem variações de cores.
Sonoridade
Pecaminosa consegue trazer uma atmosfera dos filmes de mesmo estilo noir com a trilha sonora. Escolhas acertadas e bem produzidas dão um charme a mais na ambientação.
Porém, um inconveniente está presente na trilha sonora: a repetição. Algumas músicas de cenários distintos duram pouco mais de um minuto, assim ficando em um loop.
Em duas ocasiões pude perceber o corte seco ao recomeçar a música após seu término e me pareceu até um bug, mas era realmente o fim do loop da trilha.
Mais inconveniências
Bugs acontecem em Pecaminosa – A pixel noir game como inimigos que atravessam cenários, mas presenciei poucas vezes. No entanto, uma coisa chata presente durante todo o jogo é a caixa de colisão dos objetos com o protagonista.
Algumas vezes eu tentei passar por entre objetos que visivelmente cabia o personagem, mas fiquei travado por conta da colisão de John com o cenário. Então isso me causou a morte algumas vezes e em especial na dungeon do cemitério.
Outro aspecto que tira a paciência de quem joga é o excesso de diálogos. O jogo possui uma história interessante, mas que cansa o jogador pelo fato de alguns diálogos entre os personagens terem muitas linhas.
Claro que para uma boa história há a necessidade de uma quantidade de textos significativa. Todavia aqui há diversos momentos onde as falas dos personagens ficam em piadas sem graça e detalhes que não significam nada para o desenrolar da história.
Ainda mais que o jogo está disponível somente em inglês, torna-o menos acessível. Se tratando de uma desenvolvedora portuguesa, é de se estranhar que não tenham integrado a linguagem Português dentro do jogo.
Conclusão
Pecamisosa – A pixel noir game traz uma história legal misturada com boas e simples ideias de RPG, porém peca pelo excesso. Excesso em dificuldade e em diálogos podem tirar a paciência e frustrar qualquer um. Além da baixa velocidade de locomoção de John Souza.
A escalada de dificuldade logo após o jogador se ambientar com os comandos e a atmosfera do jogo causa estranheza e frustração. Além disso, a falta de polimento em alguns aspectos e em especial com os sons poderia ter sido evitada.
Em suma Pecaminiosa é mais um bom jogo em pixel art retrô mas com ressalvas, você pode sim ter diversão, mas tenha paciência para diálogos longos e travessias longas por cenários.
* Chave cedida para análise