O Survival Horror é um dos mais aclamados gêneros de games, desde Alone in the Dark e Resident Evil. Seu principal propósito é trazer aos jogadores uma sensação de terror, sobrevivência e mistério. Song of Horror, apesar de indie, consegue reproduzir algumas das melhores coisas deste gênero.
Produzido pelo estúdio espanhol Protocol Games, foi lançado originalmente para PC via Steam em 2019, em episódios. Mas agora, em 28 de maio de 2021, ganhou sua versão “completa” para os consoles Xbox e Playstation.
História
A história de Song of Horror começa em 1998. Quando conhecemos Daniel Noyer, um assistente de editor com problemas de alcoolismo. A pedido de seu chefe ele vai investigar o desaparecimento de um conhecido escritor, Sebastian P. Husher.
Após chegar a casa da família Husher, Daniel explora um pouco o lugar sendo guiado pelo som de uma caixa de música. Sua melodia parece provocar alucinações e pesadelos. Entretanto, o assistente acaba preso em um cômodo da casa e some sem deixar rastros.
A partir deste prólogo o jogo começa de fato. Com seu chefe, Etienne Bertrand e sua ex-esposa, Sophia Van Denend, preocupados com seu desaparecimento. Além deles, há mais dois personagens jogáveis, Alexander Laskin, caseiro dos Hushers e Alina Ramos, uma técnica em elétrica.

A premissa é encontrar e descobrir o que aconteceu com Daniel. Mas as coisas não saem exatamente como o esperado. A história se desenvolve em capítulos e você pode escolher qualquer um dos personagens para começar o gameplay.
Jogo
Song of Horror busca equilibrar tradição e inovação. As referências de clássicos do gênero de sobrevivência, como Silent Hill e Alone in the Dark estão presentes. Contudo, a empresa conseguiu dar ao seu jogo uma identidade própria.
Cada um dos protagonistas tem quatro atributos: Força, furtividade, velocidade e serenidade. As variações entre esses mudam coisas interessantes e significativas na jogabilidade.
Por exemplo, um personagem com mais força consegue empurrar e bloquear portas com mais eficiência. Enquanto isso, personagens com maior serenidade são capazes de manter a calma e controlar a respiração quando enfrenta um perigo.

Mesmo que no jogo não seja possível atacar ou defender, cada um dos atributos é útil ao se deparar com as ameaças.
Os personagens são lentos e o jogo usa a clássica câmera fixa, trazendo uma sensação mais nostálgica. Embora este estilo possa ser considerado ultrapassado, o estúdio parece ter pensado muito bem sobre isso. Já que tais escolhas aumentam a dificuldade, além de casar muito bem com o clima e ambiente da casa.
Outra peculiaridade de Song of Horror é a possibilidade de ouvir atrás da porta antes de trocar de sala. E, devido aos constantes perigos, esta é uma mecânica muito bem-vinda e muito utilizada durante o jogo.
Como em todo bom survival horror, será preciso desvendar puzzles para seguir em frente. Além disso, coletar documentos para descobrir o que está acontecendo e entender melhor a história.
Ações como encontrar chaves para portas e fusíveis para reativar a eletricidade são comuns. Além disso, o bom e velho leva a traz de itens está presente durante o gameplay. Mas tudo de forma bem fluida e contextualizada.
A Presença
Os eventos assustadores e sobrenaturais de Song of Horror são pensados e executados de uma forma brilhante. A desenvolvedora definitivamente conseguiu criar uma criatura ameaçadora: “The Presence”. Apesar de não ser a única ameaça, esta aparição envolta por escuridão é o principal antagonista do jogo.

Durante a campanha é preciso lidar constantemente com “A Presença”. Mas não é só uma questão de se sentir ameaçado. O monstro aprende os padrões de quem está jogando para encontrar maneiras de dificultar o progresso, enquanto você precisa resolver os mistérios.
Na intensão de tornar o jogo ainda mais angustiante, os personagens têm um medidor de medo. Este “medidor” são os batimentos cardíacos dos personagens.
Dessa forma, caso não consiga controlar o medo, todo ambiente fica desfigurado por escuridão, gerando mudanças e consequências, inclusive a morte.
A Morte é o Fim
Falando em morte, algo de grande destaque em Song of Horror é que a morte dos protagonistas é permanente. Isto é, quando perde um dos personagens, este não retorna à vida. Será necessário selecionar outro para continuar a investigação.
Contudo, todo o seu progresso até ali continua, como portas destrancadas, puzzles resolvidos e até os objetos da vítima. Mas, caso todos os personagens morram, o capítulo é reiniciado.
Esta mecânica traz uma insegurança constante ao jogador, deixando tudo ainda mais tenso e perigoso ao enfrentar o desconhecido.
Aspectos Técnicos
O Primeiro ponto e de absoluto destaque é a sonoplastia de Song of Horror. O trabalho da Protocol Games foi simplesmente maravilhoso, os sons são tensos e nos mantém em permanente terror.
Em certos momentos há absoluto silêncio, que torna a atmosfera sufocante. Além disso, para “ajudar” no clima, tal silêncio é quebrado por sons de fundo como choros angustiantes, passos ou ruídos.
A dublagem dos personagens está apenas em inglês e é boa. Não chega a ser excepcional, mas em momento nenhum atrapalha a continuidade e, de uma maneira geral, é possível sentir o sofrimento nas falas dos personagens.
Em contrapartida, Song of Horror demonstra certa incoerência gráfica. Os efeitos de luz nos cenários é bem eficiente, mas nas cinemáticas há uma clara defasagem na qualidade em comparação ao gameplay.
Apesar dos cenários serem bem trabalhados, algumas texturas deixam a desejar, parecendo massinha de modelar. Os modelos dos personagens também são limitados, com feições estranhas e até meio travadas.
Porém, independe desses detalhes, é importante salientar o ótimo trabalho da equipe. Principalmente no que diz respeito a entregar uma sensação aterrorizante ao longo do jogo.
Problemas
Além dos pequenos problemas gráficos algo que pode incomodar em Song of Horror são os loadings. Chegam a passar de 20 segundos em determinados momentos, algo complicado para um jogo lançado em 2021.
Outro ponto é que o game está apenas em Inglês. Ou seja, quem não tem uma boa compreensão da língua vai sofrer e acabar perdendo muito da experiência do jogo.
Conclusão
Song of Horror é um ótimo exemplo de bom trabalho no gênero de survival horror. Em nenhum momento você vai se decepcionar ao completar a história. O jogo consegue beber de inspirações clássicas e mesmo assim ter uma identidade forte e única.
Mesmo com pequenos defeitos visuais, o gameplay é muito bom e imersivo. Você vai investigar locais assombrados com ambientes misteriosos, onde o medo é constante e isso acaba gerando uma experiência muito completa.
Estes elementos aliados a uma história envolvente e um perseguidor marcante e implacável, são motivos mais que suficientes para nos manter totalmente imersos no jogo. Todas estas características fazem deste um título imperdível para quem aprecia o gênero.