Ah, o lolzinho…
Há quase dez anos eu conheci o jogo que me acolheria nos momentos mais difíceis, além de servir como inspiração para diversas oportunidades da vida. Esse texto não é sobre o League, mas sim, sobre o que ele fez em minha vida e 0 que ele representa.
Não só novas amizades e risadas, como também estudo e competitividade. League traz essa dupla faceta, onde você escolhe qual caminho trilhar. Por muito tempo eu me via competindo diariamente contra eu mesmo para alcançar um elo maior, porém hoje, ele funciona como uma válvula de escape.
Certamente é o jogo que mais joguei na vida, afinal são quase dez anos jogando quase todos os dias partidas com média de 30 minutos cada. Muitos olham para esse número e enxergam como um tempo desperdiçado. Contudo, estes não enxergam o quão bem o jogo me fez para a saúde mental.

Como tudo começou
Pouco antes de eu começar a jogar, meu amigo já falava sobre o game, me mandava algumas imagens e sobre o que era, mas nunca me interessei realmente. Até que em 2012 eu fui passar o carnaval em Maceió na casa de uns amigos dos meus pais. Chegando lá, adivinha? O filho dos donos da casa jogava! Quando eu assisti ele jogar, bateu aquela vontade de testar algo novo.
Para mim era realmente novo, afinal, meu histórico com jogos não incluía Warcraft 3, muito menos o DOTA. Sempre joguei no console e, no computador, ficava na área dos MMORPG’s. Para piorar, eu nunca gostei da parte do PvP nos jogos online. Sempre as evitava, mesmo no Ragnarok, Grand Chase e outros. Por que então eu iria dar chance para um jogo baseado em jogador contra jogador?
Mesmo assim eu tive vontade. Como possuía notebook na época, eu baixei naquele mesmo instante e comecei. As histórias e momentos que vivi no início são dignas de risadas hoje que já entendo muito mais do próprio League e também de jogos em geral. Até hoje rola a piada do meu Fiddlesticks com dano de ataque. São momentos que somente a inocência nos permite viver, e são os mais marcantes.

Conteúdo fora de jogo
Logo que iniciei minha jornada em Runeterra fui avisado que existia muito conteúdo do próprio jogo, fora dele. Na época eu não entendia o que isso significava, até porque a tendência de criar assunto sobre os jogos não existia. Hoje o que mais vemos é canal de YouTube que se especializa e solta vídeos diários sobre algum jogo.
O que eu mais consumia na época eram streams de jogadores de alto nível. Elas me ajudavam a entender mais sobre o jogo, desde o que cada campeão fazia até sobre onde posicionar uma sentinela de maneira mais eficaz. Isso tudo era novidade e eu enxergava uma evolução significativa na minha gameplay.
Além das lives de jogadores, os campeonatos profissionais estavam surgindo. Todos com pouco investimento e visibilidade, mas ainda assim eram atrativos. Os melhores jogadores da região sendo transmitidos com direito a narração? Enquanto parecia com o futebol, ainda era diferente. Assistir aos campeonatos me gerava evolução também, dava para aprender muito, enquanto no futebol não é tão fácil aprender algo assistindo.
Assim como eu já falei no meu texto Uma chama reascendida pelo FIFA, eu costumava acompanhar bastante o futebol e nunca conseguia aprender nada. Não é tão fácil assimilar a movimentação da linha de defesa e sua importância para o esquema tático quanto é ver um jogador utilizar as habilidades de um campeão da melhor forma possível.

Me conhecendo melhor
Meu único amor desde infância foi jogar, fossem esportes ou jogos eletrônicos. Eu não desenhava, cantava, estudava ou qualquer outra coisa que me apontasse para uma carreira convencional. Meu pai sempre trabalhou em banco, então não tive contato com o trabalho dele, e minha mãe é dona de casa. Não existia nada que eu me interessasse e quisesse levar para a vida além dos jogos. Mas eu também não era bom o suficiente para ser um jogador profissional, também não é da minha natureza criar conteúdo. Então como eu vou trabalhar com isso?
Portanto, minha mãe falou para eu ir em uma psicóloga para ver se me ajudava a encontrar um caminho para seguir. Dito e feito, marcamos uma consulta. Não lembro ao certo quanto tempo fui acompanhado pela psicóloga, mas foi o suficiente para alguns resultados.
Sobre eu ter encontrado algo que gostaria de fazer? Não. Mas para ser sincero, foi bem melhor do que isso. Usando o League of Legends eu consegui descobrir muito sobre mim e minha ações, sem contar da importância que o jogo teve na época que terminei meu primeiro namoro. Toda sessão eu comentava algo sobre o jogo e trazia para o escopo da minha vida. Como eu gosto de ter tudo sob controle, de pensar antes de agir, de liderar, de me empenhar quando é algo que eu gosto, entre outras coisas.

E no fim, encontrei minha paixão
Após descobrir muita coisa pessoal através do League, ainda restava algo que ele iria me entregar.
Todo o universo criado pela Riot Games me fascina. Ele vai muito além do que é jogado e das falas dos personagens. Cada campeão possui uma origem e história, todas conectadas com o universo de Runeterra. Desde as essências gêmeas da morte, representadas pelos Kindred (a ovelha e o lobo) até uma mensageira cósmica de Targon personificada em uma criança. Tudo que existe no mundo faz sentido e tem sua importância.
Além disso, as criações sempre são muito bem feitas. Todo campeão novo tem uma página própria, com sua história e também suas habilidades em jogo. Sua inserção nos outros jogos da empresa como o Legends of Runeterra também são muito bem pensadas e executadas. Toda essa consistência no design e execução de projetos no mundo do League of Legends me fizeram perceber o quão apaixonado eu sou por isso.
Então, após tentar fazer ciência da computação e um tecnólogo em processos gerenciais, eu terminei formado como Designer Digital. Não só a beleza na aparência de Runeterra me fez entender o quão apaixonado eu sou em Design, como também toda sua coesão.
No final, fica claro para mim que não é sobre buscar o que você ama fazer, e sim prestar atenção naquilo que você já faz. Talvez se eu tivesse percebido isso antes, com outro jogo, eu estaria escrevendo sobre ele. Ou não, afinal, eu só estou aqui hoje graças aos passos dados lá atrás. O importante é saber apreciar o presente, pois o passado já se foi e o futuro depende do presente.
Poderia ser outro, mas não é. Eu sou grato ao League of Legends por me fazer enxergar as coisas dessa maneira.